sexta-feira, 29 de abril de 2011

Entrevista com as atrizes de "Bollywood Dream - O Sonho Bollywoodiano"

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Queridos, é com muita alegria que publico esta entrevista hoje, no dia em que entra em cartaz o super simpático filme Bollywood Dream - O Sonho Bollywoodiano, escrito e dirigido pela querida Beatriz Seigner.

As três atrizes do filme, Paula Braun, Lorena Lobato e Nataly Cabanas, também muito queridas, responderam ao CinemaIndiano.com cinco simples perguntas, que vocês podem agora conferir abaixo. As respostas saíram muito boas! A Beatriz já havia dado uma entrevista pra gente, que vocês podem conferir aqui.

Corram pra ver "Bollywood Dream - O Sonho Bollywoodiano" nos cinemas! E fiquem atentos às promoções e novidades do filme na página do Facebook.

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Cinema Indiano - Pra muitos, o filme Bollywood Dream lembra um documentário. Mas muito além da linguagem utilizada, quanto do filme tem efetivamente de vocês mesmas?

Paula Braun - Tem muito. Desde quando a Bia começou a escrever as personagens, cada uma deu um bom pitaco sobre o que gostaria de falar. E lá no meio das situações em que éramos postas, não tinha como não reagir verdadeiramente. O cansaço, o medo, o deslumbre com tudo o que vivíamos... era tudo muito real. As cerimônias aconteciam em tempo real, e os indianos eram os indianos, não existiam figurantes. Então eles olhavam pra câmera e interagiam. Por isso esse ar documental.

Lorena Lobato - Efetivamente de mim mesma, talvez, vir de longe num lugar diferente e ter um filho. Sou de Belém e vim morar em São Paulo há 15 anos, mas as motivações eram bem diferentes das da personagem Luna e a forma de pensar, a lógica do personagem também. Com relação ao filho, de comum, só o fato de serem filhos únicos, o mode de me relacionar com meu filho é diferente do da Luna.

Nataly Cabanas - A Sophia, antes de se decidir por que carreira seguir, prefere "dar um tempo" na Índia, viver experiências que a farão tomar essa decisão com mais consciência. De alguma maneira, eu vivia algo parecido. Depois de me formar em jornalismo e trabalhar um tempo na área, eu fui morar na Espanha, onde recuperei esse gosto, essa vontade de atuar, e voltei a estudar teatro e a me dedicar a isso. Acho que as duas encontram fora do país a possibilidade de desenvolver um lado importante de suas personalidades, que por conta das exigências da vida que levavam no Brasil, não podiam então experenciar.

CI - Como foi o preparo das suas personagens? Houve mudanças nesse sentido depois que vocês já estavam na Índia?

Paula - O preparo foi ir com a cara e com a coragem e ver o que acontecia lá. Lá a personagem nasceu, cresceu, encontrou novos objetivos, tudo com a gente. O filme creseu com a realidade em que estávamos. As nossas próprias relações de amizade foram se modificando. Um convívio muito intenso. Está tudo filmado.

Lorena - Preparo, preparo, não. Tivemos algumas conversas sobre os personagens. Até gostaria de ter feito uma mulher mais estranha, que usasse botinha preta, batom vermelho sem ser nada feminina, e é claro, essas pequenas inadequações seriam um reflexo de um espírito fora de contexto, mas a Luna foi vivendo as situações propostas no roteiro e como está, ficou.

Nataly - Preparo, preparo não houve. Lembro de ter ficado "estudando" umas mochileiras lá em Barcelona, cheguei a comprar uns dreads falsos, com a ideia de deixá-la com esse look mais característico. Mas chegando na Índia a realidade se impôs, e a ideia de nos colocarmos nas situações em que o roteiro propunha e as vivermos com verdade, foi o que nos norteou.

CI - Estando lá pela primeira vez, o que mais as impressionou?

Paula - O contraste de tudo. Beleza, pobreza, fome, fartura material (joias, por exemplo...). Fiquei impressionada com o respeito aos animais, a não violência. Ao homem ter se adaptar à natureza e não o contrário. Ao mesmo tempo eles jogam lixo nas ruas e isso é perfeitamente normal. Contraste, contraste e contraste.

Lorena - O trânsito, a beleza, as paisagens, a alegria do povo e especialmente para mim, um templo que fomos do deus da dança. Sou bailarina, nenhuma religião determinada, mas quando entrei nesse templo, onde tantos grupos de dança ensaiaram por séculos e eu, que já ensaiei tantas vezes também, com tantos grupos, ali, senti viver o mesmo que toda essa legião de dançarinos de outras épocas. Ali, vi o tempo, o instante de tempos remotos na expriência de dançar. Pela primeira vez, experimentei o sentimento religioso, sagrado, mesmo! Fiquei muito emocionada. Na minha infância via que todos os domingos as pessoas iam às igrejas, hoje entendo o que faço todos os domingos de missa, nos concertos da Sala São Paulo, pura religião e isso ficou claro lá no templo da Índia, o contato com o que é indizível pra você, é Deus.

Nataly - O calor que te derruba! As mulheres que todos os dias de manhã colocam um arranjo de flor natural no cabelo, o trânsito que é realmente assustador e caótico, a natureza exuberante e nunca óbvia e os animais soltos nas ruas.

CI - Para um ocidental, fazer um filme na Índia está longe de ser a coisa mais fácil do mundo. As coisas pioram por vocês todas serem mulheres. Quais foram as maiores dificuldades que vocês enfrentaram?

Paula - Exatamente essa: ser mulher em uma sociedade machista. Uma diretora nova dando ordens a uma equipe, era difícil eles aceitarem. Mas nos mostramos fortes e houve respeito. Na hora de fechar os preços era complicado também. Eles inflacionavam tudo. A gente barganhava muito pra conseguir algo dentro dos padrões indianos. Nosso orçamento era baixo e qualquer deslize poderia ser fatal. Andar sozinha pelas ruas também era uma aventura. Muitos olhares, quase agressivos por vezes. Mas no fim deu tudo certo.

Lorena - Encontrar uma linguagem comum de expressão.

Nataly - Depois de desentendimentos inicial com a equipe indiana que nos auxiliaria, por conta de diferenças estéticas e culturais (talvez aí entre isso de sermos mulheres, e no caso uma delas estava no comando) com a qual rompemos de cara, uma das maiores dificuldades era não sermos notadas. Por conta de sermos ocidentais e muitas das cenas se davam em locações muito urbanas e povoadas, era difícil evitar aglomerações.

CI - O que vocês trazem na bagagem depois dessa experiência?

Paula - É inexplicável. Muita gente vai pra Índia pra se encontrar e acaba se perdendo por lá. Pra mim é isso, esse perder-se lindamente dentro de cada nova experiência. Foi importante demais viver uma cultura tão rica e tão diferente. Voltei com a sensação de que não existe nenhuma verdade absoluta nesse mundo. Nenhuma religião correta, nenhuma cultura melhor ou pior, nenhuma raça, povo, classe social, ninguém é melhor do que ninguém. Os sentimentos são sempre os mesmos. Nunca vou me esquecer de um dia que eu estava muito cansada, tinha viajado mais de 20h de trem, terceira classe, sem dormir direito porque a gente no trem era praticamente evento. Fomos direto para as filmagens, meu marido (namorado, na época) tinha ligado chorando de saudade, dizendo que não aguentava mais, e eu estava a ponto de desabar. Mas eu segurava, era preciso. A gente anda no limite o tempo inteiro em uma situação como essa. Do nada surgiu uma menininha, cantou e dançou pra mim, me deu flores, conversamos. Eu perguntei pra ela o que ela queria ser quando crescesse. Ela disse "mulher do meu marido, mãe dos meus filhos". Na hora de ir embora daquele lugar (era um templo em Badami) ela segurou a minha mão e disse "não vá". Chorei igual a uma criança. Acho que nesse momento eu entendi um pouco mais da Índia. Da vida também.

Lorena - O amor, a amizade com os dois "faz tudo", que trabalharam conosco. Abhiram e Gowri, dois indianos que, apesar da distância cultural, da dificuldade com a língua, a comunicação fluía, como se estivesse convivendo com um irmão lá de onde eu vim.

Nataly - O filme! E além dele, uma amizade alimentada à base de gtalk com Abhi e Gowri, nossos assistentes-amigos indianos muito queridos.


Confira também o trailer do filme:


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quinta-feira, 21 de abril de 2011

My Brother... Nikhil (2005) na sexta edição do CINEÍNDIA

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Meus queridos, no próximo dia 1 de maio traremos para o CineÍndia o super sensível e sincero My Brother... Nikhil, filme de estreia de Onir. Seguindo nosso ciclo de discussões sobre a sociedade indiana, esse filme promete trazer algumas das questões mais sérias e polêmicas para o país: homossexualidade e AIDS.

Num país em que a homossexualidade deixou de ser crime somente em julho de 2009, é de se esperar que um filme com esse tema não seja nada fácil de ser feito. Mas Onir ousou e trouxe uma das obras mais sensíveis feitas na Índia nos anos 2000.


Cineclube CINEÍNDIA - "My Brother... Nikhil"
01 de Maio de 2011, às 18h00
Local: CECISP - Centro Cineclubista de São Paulo
Rua Augusta, 1239, sala 13
Próximo ao Metrô Consolação
Mais informações: 11-9804-4835 (Ibirá) ou 11-9562-5273 (Heber)

*Grátis*

Confirme sua presença em nossa página no Facebook e mande convites aos seus amigos!

Sobre o diretor:

Baseado em fatos ocorridos na vida do próprio diretor, a história é ambientada em Goa, entre 1986 e 1994. Nikhil é campeão de natação estadual e gay. Seu pai, Navin, fez de seu filho um esportista, um sonho que nunca conseguiu para si mesmo. Sua irmã mais velha, Anamika, ensina em uma escola primária e ama muito Nikhil. De sua mãe, Anita, ele herdou o seu lado artístico.



Mas um fato muda o curso da vida de Nikhil: ele descobre ser portador do vírus HIV. Ele vê tudo desmoronar: é afastado da equipe de natação e seus pais o expulsam de casa. É preso e mantido em isolamento forçado por lei que permite ao governo manter isoladas pessoas com HIV positivo. Seus pais o deserdam e todos os seus amigos se afastam. As únicas pessoas que estão ao seu lado, agora, são sua irmã, seu cunhado e seu namorado, Nigel.

Sobre o diretor:

Onir é um dretor que estreou recentemente, portanto sua filmografia ainda é curta. Seu filme de estreia é "My Brother... Nikhil" e até hoje possui apenas quatro longas no currículo. Nikhil deu bastante projeção a ele, mas seus dois filmes consecutivos foram fracassos. Somente agora, em 2011, com seu mais recente "I Am", também baseado em histórias reais e sobre temas controversos, é que ele voltou a ter prestígio. Parece que ele vai enveredar por esse caminho para conseguir se consolidar em sua carreira.

Assista ao clipe do filme:

Organização: Ibirá Machado e Heber Souza, em parceria com o Centro Cineclubista (CECISP). O Cinema Indiano e o CINEÍNDIA são parceiros do CECISP e do Cinefusão
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sábado, 16 de abril de 2011

Filmes indianos na Virada Cultural de São Paulo

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Ainda em tempo de avisar e se programar, a Virada Cultural da cidade de São Paulo este ano está trazendo alguns filmes indianos, que serão exibidos no Palácio do Cinema, na Av. Rio Branco, 425. É uma ótima oportunidade de ver na tela grande filmes da maior indústria de cinema do mundo!

No entando, se a Virada Cultural é sinônimo de povo tomar as ruas e reinventar os espaços urbanos, consumindo e absorvendo cultura de graça, em 24hs ininterruptas, neste caso, porém, o inusitado é ainda maior - e um tanto ousado. 

Na região da antiga Cinelândia paulistana, onde antigos e charmosos cinemas transformaram-se em cines pornôs, dessa vez são essas mesmas salas que trazem, de volta, filmes normais - ou poderíamos dizer com classificação etária mais acessível e conteúdo menos constrangedor para se ver com amigos, familiares e mesmo com quem está sentado na cadeira ao lado.

Pois o Palácio do Cinema é mais um desses. Há anos exibindo filmes pornográficos para o público gay, ele agora abre as portas para filmes com temas musicais na Virada Cultural, dentre eles 3 indianos e um simpatizante (e imperdível!).


Oportunidade rara de ver Aamir Khan (em Fanaa, 2006) em tela grande no Brasil, além do queridíssimo Sita Sings the Blues (2008), que não é indiano, mas é uma delícia de ver.

Confira os filmes e os horários e programe na sua maratona cultural do domingo!

17/04 - Domingo
11h15 - Sita Sings the Blues (2008 - 85')
12h45 - Fanaa (2006 - 168')
16h00 - Eklavya (2007 - 107')
18h00 - English Babu Desi Mem (1996 - 163')

Confira aqui a programação completa da Virada Cultural de 2011.
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