sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Um pouco mais de Slumdog

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Enquanto não assisto ao filme do momento, Quem Quer ser Milionário? (ou Bilionário, em Portugal) - por pura falta de tempo e ainda de horários do cinema (porque sim, quero ver no cinema e ainda estava em pré-estreia essa semana em São Paulo) -, deixo aqui um artigo que encontrei sobre o filme, escrito após a entrega do Oscar.

Aliás, aos mais desinformados, esse tal filme do momento a que me refiro acaba de ganhar, no domingo dia 22/02, 8 Oscars, acabando por ser o filme mais premiado pela academia neste ano. Os prêmios foram: Melhor Filme, Melhor Diretor (Danny Boyle), Melhor Roteiro Adaptado (Simon Beaufoy), Melhor Fotografia (Anthony Dod Mantle), Melhor Edição (Chris Dickens), Melhor Trilha Sonora Original (A.R. Rahman), Melhor Canção Original (Jai Ho, A.R. Rahman) e Melhor Mixagem de Som (Resul Pookutty, Richard Pryke e Ian Tapp).

Então aproveito para dizer que agora, mais do que nunca, é hora de também fazer uma postagem sobre A.R. Rahman, que disputa com o trio SEL o posto de melhor compositor de trilhas sonoras de Bollywood. Eu já havia feito a postagem sobre os SEL e faria logo sobre Rahman, mas eis que o cara me ganha 2 Oscars e é agora que ele merece sua postagem. Então prometo falar dele assim que escever minha crítica do filme, ok? Agora fiquem com o artigo que saiu no site do O Globo, que trás um pouco do que vem sendo falado a respeito do filme, sobretudo em relação à aproximação de Hollywood com Bollywood.


Com Oscar de "Quem Quer ser Milionário?", Bollywood vai invadir Hollywood?
O Globo, com informações CNN

RIO - "Quem quer ser um milionário?" levou para casa oito Oscars na noite de domingo, um resultado surpreendente para um filme que quase foi lançado direto em DVD nos Estados Unidos. A história, que mistura a dura vida dos habitantes da periferia de Mumbai com as aspirações cheias de esperança da nova Índia, tem como protagonistas astros completamente desconhecidos do público ocidental e apenas um famoso em sua terra natal. Então, será que chegou o momento em que Bollywood - como é chamada a grande indústria cinematográfica de Mumbai - vai invadir a América?

- O cinema internacional chega em ciclos aos Estados Unidos. Agora é a vez de Bollywood - disse ao site da CNN o crítico Frank Lovece, do "Film Journal International".

Mas "Slumdog millionaire" (no original) está muito distante dos grandiosos musicais feitos em Bollywood, que lança cerca de 1.000 filmes por ano. E o longa não é autenticamente indiano - foi dirigido pelo britãnico Danny Boyle e o ator principal, Dev Patel, é nascido e criado na Inglaterra. De qualquer forma, o filme é uma celebração à Índia - desde as favelas até o Taj Mahal. Ele faz uma homenagem a Bollywood ao incorporar muitos do elementos daquela indústria - cores vibrantes, edição ágil, uma história de amor de conto de fadas e uma animada coreografia de encerramento.

- "Quem quer ser um milionário?" tem as razões pelas quais as pessoas vão ao cinema. É um pacote completo. É uma história incrível... e faz você se sentir bem - explica à CNN Gene Newman, diretor editorial do site "Premiere.com".

Priya Joshi, professora substituta de Inglês na Temple University e autora do livro que está para ser lançado "Crime and Punishment: Nationalism and Public Fantasy in Bollywood Cinema" ("Crime e castigo: Nacionalismo e fantasia pública no cinema de Bollywood") afirma que o enredo sobre "pobres que ficam ricos" tem muito a ver com o grande apelo comercial do filme.

Hollywood frequentemente se aproveita de estilos e cineastas de outros países em seu benefício. Nos primórdios do cinema, o capital da indústria cinematográfica americana abraçou diretores europeus como Fritz Lang e Jean Renoir. Os anos 60 viram a influência da Nouvelle Vague francesa. Os filmes japoneses influenciaram sucessos como "Guerra nas estrelas", enquanto produções de Hong Kong inspiraram arrasa-quarteirões como "Os infiltrados" e "Matrix".

E "Slumdog" não é o primeiro filme centrado na Índia a chamar a atenção de Hollywood.

- O cinema indiano tem circulado nos Estados Unidos desde Satyajit Ray no início dos anos 40 - explica Lovece.

Ray, que recebeu um Oscar pelo conjunto de sua obra em 1992, produziu filmes em bengali, uma língua falada ao leste da Índia. Além disso, seus filmes, principalmente "O mundo de Apu", tiveram apelo universal. Desde Ray, vários atores indianos emergiram no cenário hollywoodiano. Aishwarya Rai, uma das principais atrizes de Bollywood, estrelou o musical "Bride and prejudice", em 2004, e apareceu recentemente em "A Pantera Cor-de-Rosa 2".

- Os astros de cinema da Índia são essencialmente embaixadores do país. Muitas pessoas que assistirem a "A Pantera Cor-de-Rosa 2" vão aprender sobre Bollywood por causa de Aishwarya Rai - explica Gitesh Pandya, analista de bilheteria e fundador do site "BoxOfficeGuru.com".

De Ray a Rai, a influência indiana no cinema americano é vasta. Muitos filmes de Hollywood também foram influenciados por Bollywood, como o musical de Baz Luhrman "Moulin Rouge", de 2001, um romance trágico contado através de música e dança, repleto de elementos dos musicais indianos.

Joshi afirma ainda que as diferenças culturais entre Bollywood e Hollywood poderiam dificultar a entrada do cinema indiano na América.

- A Índia ainda está muito presa a seus valores sociais, o que explica o sucesso de Bollywood no mundo todo, menos nos Estados Unidos. Os filmes de Bollywood não têm ou tendem a não ter cenas de beijo. A Warner Bros. costumava fazer filmes como esses no passado. Se Hollywood está preparado para voltar a suas raízes, então está preparada para Bollywood - afirma.


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Estreia no Brasil "Quem Quer Ser um Milionário?"

Nesta sexta-feira entra em cartaz na maior parte do Brasil o polêmico filme Quem Quer Ser um Milionário? (Slumdog Millionaire), do britânico Danny Boyle. Em São Paulo entrará ainda em pré-estreia em 28 salas espalhadas pela cidade, mas em outras capitais já entra na programação oficial.

Para quem está por fora e nem sequer sabe do que estou falando, explico. Em linhas gerais, Slumdog Millionaire é um filme que fala sobre um garoto de uma favela de Mumbai que participa do "Show do Milhão" da Índia e vence. Por ser favelado, duvidam da veracidade de sua vitória. Nos entremeios, um enredo grotesco percorre o submundo das favelas indianas à la Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, mostrando uma Índia um tanto... assustadora.

Só que o filme não é indiano, mas britânico, e concorre agora a 8 Oscar, além de já ter ganhado dezenas de outros prêmios. Ao ser exibido na Índia, o filme causou repulsa nacional, em parte porque indianos odeiam que suas realidades sejam exibidas ao mundo, em parte porque ficaram com ciúme de o filme ter tantas indicações (pois, dizem, se fosse produção indiana o mundo desconheceria), e em parte porque parece que o filme realmente pega muito pesado e exagera quase sempre.

Esta já é a terceira postagem que faço sobre esse filme e ainda farei ao menos mais uma após assisti-lo, dando minha crítica (veja a crítica aqui). A primeira que fiz falava sobre a declaração de Amitabh Bachchan sobre o filme (clique aqui); a segunda falava sobre uma das atrizes-crianças do filme (clique aqui). E nossa amiga do blog Grand Masala, que também se presta a falar do cinema indiano, já fez sua postagem sobre o filme. Além dela, nossa outra amiga do Goriji também falou sobre o filme.

Hoje mesmo saiu uma crítica grande no jornal Folha de São Paulo, praticamente acabando com o filme (para ler minha crítica, clique aqui). Enfim, agora é ir pro cinema e darmos nossas próprias opiniões! E enquanto isso, vejam o trailer:

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Roupas Indianas

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Na foto acima, Aishwarya Rai e Madhuri Dixit vestindo sari no filme Devdas

Ultimamente, por causa da novela Caminho das Índias, venho sendo alvo de dezenas de perguntas, das mais variadas, mas principalmente a respeito das roupas indianas. Eu não sou entendedor de moda, menos ainda de moda indiana, mas alguma coisa posso dizer e responderei aqui o básico sobre as roupas da Índia.

Em primeiro lugar, devo dizer que a novela erra grave em mostrar os homens usando as roupas tradicionais, o que não é nada verdade. Há tempos os homens na Índia não vestem mais suas roupas tradicionais, com excessão de alguns idosos, sobretudo nas áreas rurais. Já as mulheres estão relativamente bem caracterizadas na novela, embora também haja hoje um grande número de indianas vestindo roupas ocidentais. Mas como o núcleo indiano de Caminho das Índias não se passa numa grande metróple, então tudo bem.

Para se ter uma vaga ideia das roupas utilizadas pelos indianos, os trailers e vídeos de música que postei aqui neste blog mostram razoavelmente qual é a moda indiana atual. Em termos gerais, as mulheres vestem o famoso sari ou o salwar suit (ou salwar kameez, na foto acima, em Karina Kapoor, no filme Jab We Met), embora muitas vistam também roupas ocidentais (principalmente calça jeans e uma blusa de manga curta). Já os homens vestem-se sempre de calça social e camisa de manga comprida. Para nosso padrão ocidental, as combinações que eles usam, incluindo com o cinto, pode parecer um tanto brega. Somente nas festas (principalmente de casamento) e em alguns festivais eles utilizam as roupas tradicionais (e ainda assim nem todos), que são principalmente a kurta pyjama, o sherwani (na foto ao lado, em Shahrukh Khan, no filme Kal Ho Naa Ho) e o jodhpuri, todos semelhantes.

Para os homens, ainda há o também famoso dhoti, que Gandhi usava, mas que não costuma ser usado para ocasiões especiais. O dhoti é o sari dos homens e também tem uma ordem correta de vesti-lo. Há quem o chame de fraldão, por ser enrolado somente da cintura pra baixo... por cima os homens usam qualquer coisa, ou não usam nada. Uma cena do filme Swades (2004) mostra Shahrukh Khan sendo vestido com um dhoti por Gayatri Joshi, já que ele próprio não sabia como fazer. Veja:



Profª Sandra Bose Revela Estratégia de Marketing de Ghajini

A professora Sandra Bose (do blog Indi(a)gestão), que mora em Nova Delhi, capital da Índia, acaba de gentilmente enviar-me duas fotos do dia em que ela foi ao cinema assistir ao filme Ghajini. Ela revela que nas melhores salas de cinema da capital foram colocados bonecos idênticos à personagem Sanjay Singhania (Aamir Khan), em tamanho real, além de os vendedores todos (de pipoca, de bilhetes, lanterininhas etc) terem cortado o cabelo à moda de Sanjay. Ela diz que essa estratégia de marketing deste filme - inédita na história dos cinemas indianos - saiu da criativa cabeça de Aamir Khan. E é muito provável que isso ajude a explicar o estranho mega ultra sucesso do filme.

Agora confiram, abaixo, as fotos que a Sandra mandou.



terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O blog Cinema Indiano ganha selo de reconhecimento!

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O blog Locutório acaba de entregar ao Cinema Indiano este simpático selo aí acima como forma de reconhecimento de nossa qualidade e fonte de informação e discussão sobre o cinema da Índia. Meu dever agora é repassar este mesmo reconhecimento a dez outros blogs que eu considere bons e que mereçam ganhar maior reconhecimento. Mas a tarefa, para mim, é muito árdua. Eu não conheço muitos blogs, ou outros que conheço são pessoais demais pra serem recomendados. Então num balanço que fiz, acabei fechando uma lista de 8 blogs que recomendo; espero que eu não seja multado por isso!

Mas antes de indicar minha lista de oito blogs, faz parte de meu dever também indicar as regras dessa rede de reconhecimentos. Aí vão:

1. Exibir a imagem “olha que blog maneiro” que acabei de ganhar;
2. postar o link do blog que me indicou;
3. indicar 10 blogs de minha preferência;
4. avisar meus indicados;
5. publicar as regras;
6. conferir se os blogs indicados repassaram o selo e as regras.

Então relembrando, o blog que me indicou foi: Locutório.

E os blogs que indico são:

Indi(a)gestão
Grand Masala
Boa de Garfo
Sete Oitavos
Filmes Indianos
Respeito à Natureza
Em formol...
Goriji

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Ghajini - घजिनि (2008)


Na onda das postagens com Aamir Khan, nada melhor do que falar sobre o filme do momento - ou de todos os tempos de Bollywood -, Ghajini. E não estou falando de pouca coisa; Ghajini já bateu todos os recordes de arrecadação na história do cinema da Índia, ultrapassando a marca das 2 bilhões de rúpias arrecadadas, no dia 25 de janeiro passado. Isso significa algo como 50 milhões de dólares, ou pouco mais que 100 milhões de reais.

Eu havia já falado alguma coisa sobre Ghajini a respeito do videogame que está sendo lançado agora na Índia baseado neste filme, mas ainda não havia visto naquele momento. Mas agora acabo de assisitir ao filme neste mesmo instante, após baixá-lo na internet com legendas em inglês. Antes de falar um pouco sobre ele e dar minha devida crítica, digo já que foi um filme que não conseguiu me emocionar, embora em muitos momentos tenha me deixado um tanto angustiado. Mas explico: como já havia dito em relação a outros filmes, quando a coisa parecia estar ficando séria e emocionante, as controversas cenas de song-and-dance que aparecem no meio cortaram todo o barato. Ainda que fossem cenas somente de música, tal qual ocorre em Taare Zameen Par (sempre o terei como exemplo), daí o filme manteria o clima, mas...

Enfim, vamos lá. Ghajini conta a angustiante história de um homem (Aamir Khan) que sofre de amnésia retrógrada (sua memória se apaga a cada 15 minutos), mas que tem mensagens por toda parte lembrando-o de que ele deve matar Ghajini (Pradeep Rawat). As mensagens estão tatuadas em seu corpo e por todo seu apartamento, com fotos, papéis e escritos nas paredes. E as mensagens lembram ele que Ghajini deve ser morto porque ele matou Kalpana (Asin Thottumkal).

De repente, em um dado momento, um policial descobre o diário deste homem e um flash back começa contando a história anterior àquela situação. Descobrimos então que este homem é Sanjay Sanghania, o dono da maior empresa de celulares da Índia, a Air Voice (empresa fictícia). Por uma incoveniência do destino, sua vida cai na vida de Kalpana, uma atriz de comerciais de televisão frustrada. Sem querer um romance de mentirinha começa, em parte por uma trapaça dela, mas depois por parte dele. Com o tempo, óbvio, eles se apaixonam de verdade, sobretudo porque ele descobre que ela tem um imenso coração.

E foi por causa desse imenso coração que Kalpana acaba assassinada. Na mesma cena do crime ele é também gravemente agredido e deveria também ter morrido. Mas não morreu e ficou lesado cerebralmente. Antes de morrer, Kalpana disse em seu ouvido "...Ghajini...", e esse nome ficou gravado em sua memória profunda, não afetada pela amnésia retrógrada.

E eis que aparece na história Sunita (Jiah Khan), uma estudante de medicina (na verdade ela aparece logo no começo, mas entra efetivamente em cena depois). Ela desobre o caso de Sanjay e fica super curiosa, mas é desestimulada a estudá-lo por seu professor. Mesmo assim ela insiste e o destino dá uma ajudazinha. Sua investigação acaba interferindo também no destino de Sanjay e no cumprimento de seu objetivo.

Agora prefiro não contar mais o que se segue na história. Ghajini, inspirado no filme de Hollywood Amnesia (Memento, 2000), é escrito e dirigido por A.R. Murugadoss. A direção é boa, mas faço minhas ressalvas, e os recursos de filmagem são excelentes. A atuação de Aamir Khan é absurda, de tirar o fôlego. Para as mulheres de plantão, então, seu corpo de um ano suado de academia dão um ar ainda mais animalesco ao vingativo Sanjay. O filme é recheado de cenas muito violentas e acho que são nessas cenas que alguns dos recursos utilizados na direção talvez tenham deixado a desejar. Mas tenho sempre que lembrar que o público primevo deste filme é a população indiana, que, em princípio, não está nada acostumada a cenas realmente mais densas. Por vezes, as músicas desse filme são também carregadas, contribuindo, a meu ver, positivamente para as cenas. Mas de repente, na cena seguinte, tanto a direção da câmera, quanto a maneira com que são feitos os diálogos, quanto as músicas, tudo corta o suspense anterior e a adrenalina que dá de imaginar como será o desfecho de tudo.

Não sei ao certo o que justifica o fato de Ghajini ser o maior filme de todos os tempos de Bollywood, em termos de arrecadação. Em parte, este filme ajuda a confirmar e solidificar as grandes mudanças por que Bollywood veio passando ao longo da década de 2000, tornando os filmes um pouco mais sérios e melhor elaborados, deixando um pouco de lado o romance excessivo, ainda que Ghajini não deixe de ter o famoso olhar cúmplice do heroi e da heroína. Ainda assim, a velha fórmula song-and-dance está super presente, ainda com o que elas têm de pior; e a nova fórmula corpos bonitos também está com tudo.

A trilha sonora é de A.R. Rahman, macaco velho de Bollywood (e também é ele que faz a trilha de Quem quer ser milionário?). Mas eu não gostei da trilha deste filme, principalmente porque achei que elas não condizem com a densidade do tema. Neste filme há uma cena num local que em princípio ficou difícil descobrir onde era e que não tinha nada a ver com o contexto, mas nos créditos descobri que era na Cidade do Cabo, na África do Sul. Em outra cena de música, cantam no meio do deserto (na foto)... enfim, eu acho, sinceramente, desnecessário.


Mas é isso. Ghajini vale a pena ser visto, mesmo com meus poréns - eu sei, eu sou chato. E aproveite e veja trailer abaixo (em hindi, sem legendas) e o site oficial do filme.



sábado, 14 de fevereiro de 2009

Disney compra direitos internacionais de Taare Zameen Par



ASSINE A PETIÇÃO PARA A VINDA DE TAARE ZAMEEN PAR AO BRASIL, CLICANDO AQUI!

Conforme já havia antecipado na postagem sobre Aamir Khan, bons ventos sopram a favor de Taare Zameen Par (Como Estrelas na Terra). Resolvi fazer uma postagem exclusiva sobre essa notícia já que, repito e insisto, criei este blog por causa deste filme.

A notícia, para quem ainda não está sabendo, trata-se da compra dos direitos internacionais de Taare Zameen Par pela Walt Disney Company. Imagino que alguns de vocês se assustem e fiquem até decepcionados ao saber que uma produtora estadunidense compre os direitos de um filme indiano, ainda mais um filme como esse. E confesso que eu mesmo tive o mesmo sentimento. Acontece que essa é a primeira vez que uma distribuidora dos Estados Unidos compra os direitos internacionais de um filme indiano.

Essa notícia, porém, não é assim tão nova. Com as pesquisas que fiz na internet para saber mais, descobri que a compra foi realizada em julho de 2008, mas eu não fiquei sabendo em tempo. Ao menos agora é a primeira vez que essa notícia é transmitida em português!

Na Índia, a UTV Home Entertaiment ainda tem os direitos de distribuição em DVD, mas agora a Disney distribuirá oficialmente nos Estados Unidos, Inglaterra e Austrália, após comprar os direitos por 70 milhões de rúpias, ou cerca de 3,5 milhões de reais (US$1.750.000). Até hoje, somando so lucros já obtidos na Índia e internacionalmente, Taare Zameen Par já rendeu mais de 65 milhões de reais.

A compra pela Disney é mais um indício da aproximação de produtoras ocidentais no superlativo mercado cinematográfico indiano. A própria Disney já havia fechado um acordo com a Yash Raj Films (a maior produtora de Bollywood), para fazerem juntos a animação Roadside Romeo. A Sony, recentemente, também fechou com a PNC um acordo para co-produzirem três filmes. Spielberg também está montando um escritório de sua produtora em Mumbai. E a Warner Bross acaba de estrear em Bollywood com o filme Chandni Chowk to China. E tudo isso nos últimos 2 anos. É coisa recente mesmo.

E voltando a Taare Zameen Par, eu não sei de que maneira essa notícia é realmente positiva para nós do Brasil, no sentido de o filme ser também lançado por aqui. Para os portugueses, é possível que isso ocorra mais facilmente. De qualquer maneira, este blog já comprovou que, assim como eu, outras centenas de pessoas no Brasil já assistiram a esse filme e querem desesperadamente divulgá-lo para conhecidos e grupos de estudos - assim como venho fazendo desde que voltei da Índia. O jeito é torcer - e rezar - para que o filme seja oficialmente lançado por aqui também. E melhor ainda se vier para nossos cinemas!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Aamir Khan - आमिर ख़ान - عامر خان

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Se tem alguém que eu venero em Bollywood esse alguém é Aamir Khan. Eu sou muito suspeito pra falar dele, afinal criei este blog por causa de um filme escrito, dirigido, produzido e estrelado por ele - Taare Zameen Par (Como Estrelas na Terra).

Mas vamos logo ao que interessa nesta postagem que é apresentar a vocês esta pessoa.
Aamir Hussain Khan nasceu em Mumbai, no Holy Family Hospital de Bandra, no dia 14 de março de 1965. Como o nome já indica, é de família muçulmana. Seu pai, Tahir Hussain, é até hoje um produtor de filmes e seu falecido tio, Nasir Hussain, além de produtor, era também diretor.


Aamir nasceu já no ambiente propício para fazer dele quem ele é. Filho de peixe, peixe é, diriam. Mas além do ambiente propício na área do cinema, e além de sua família já ser rica desde quase sempre, há também uma ligação direta da família de Aamir Khan com a política. Ele é descendente de Maulana Abdul Kalam Azad, que foi um dos mais importantes líderes do movimento de independência da Índia e que apoiava a unidade da Índia, contra a separação de Paquistão. Na Índia independete, Azad tornou-se o primeiro Ministro da Educação do governo indiano. Além disso, Aamir Khan também é da família do terceiro presidente da Índia, Dr. Zakir Hussain, que exerceu o cargo de 1967 a 1969, quando morreu. Aamir era, também, primo de segundo grau de Najma Heptullah, uma parlamentar indiana pelo estado do Rajastão.


Em 1988 ele casou-se com Reena Dutta, com quem teve dois filhos, o menino Junaid e a menina Ira. O casamento com Reena não foi aprovado por sua família, já que ela não é muçulmana, e ficou em segredo por anos. Mesmo após revelado à família e à mídia, eles mantiveram-se fora dos flashes e das câmeras. Após catorze anos de casados, em 2002, eles separaram-se de maneira um tanto conturbada, resultando no pedido de Reena pela custódia dos filhos. Em 2005 ele casou-se com Kiran Rao, com quem está até hoje.

Bom, e então Aamir Khan começou sua vida de ator precocemente num filme feito por seu tio, chamado
Yaadon Ki Baraat (1973), com 8 anos de idade. No ano seguinte fez Madhosh. Mas foi onze anos depois que ele iniciou efetivamente sua carreira de ator, com o fracassado filme Holi (1984), de Ketan Mehta. 

Em 1988, porém, finalmente estrelou um filme que o lançou no mundo do cinema, Qayamat Se Qayamat Tak, de novo dirigido por seu tio e seu primo, Mansoor Khan. Após este filme, veio Dil (1990), o maior sucesso do ano, Dil Hai Ke Manta Nahin (1991), Jo Jeeta Wohi Sikandar (1992), Hum Hain Rahi Pyar Ke (1993) e Rangeela (1995).

Diferentemente dos atores de Bollywood que faziam sucesso, Aamir Khan fazia apenas um ou dois filmes por ano nessa época. Em 1996 ele fez somente um filme,
Raja Hindustani, de Dharmesh Darshan, que foi o maior sucesso do ano. Mas além de ter sido um arrasa quarteirões, este filme deu a ele o seu primeiro prêmio de melhor ator pelo Filmfare Awards. acabou virando o filme de maior arrecadação de toda a década de 90. Após atingir esse pico de sucesso, os outros filmes em que apareceu deram lucros medianos. Veio Ishq (1997), Ghulam (1998), Sarfarosh (1999) e por fim Earth (1999), de Deepa Mehta.


No ano 2000, Aamir estrelou o filme Mela, com seu irmão Faisal Khan. O filme foi sucesso de bilheteria e de crítica. No ano seguinte ele resolve fundar a Aamir Khan Productions, com o único objetivo de ajudar seu amigo Ashutosh Gowariker a fazer o filme Lagaan, que acabou se tornando um dos filmes indianos mais premiados internacionalmente de todos os tempos. Aamir fez o personagem principal do fime, que conta a história de camponeses indianos insatisfeitos com as taxas dos britânicos, no período vitoriano, e que recebem o desafio de vencer numa partida de críquete para terem a taxa cancelada. O sucesso e a qualidade do filme foram tantas, que o governo indiano indicou Lagaan ao Oscar de melhor filme estrangeiro. E Aamir ganhou seu segundo prêmio de melhor ator pelo Filmfare Awards.


No final do mesmo ano foi lançado o filme Dil Chahta Hai, de Farhan Akhtar, que, embora não tenha feito tanto sucesso, acabou revolucionando o cinema indiano por caracterizar a juventude urbana indiana de maneira fiel pela primeira vez. E de repente quatro anos se passaram sem que Aamir Khan aparecesse na telona. O porquê é um tanto incerto, mas consta que ele resolvia problemas pessoais. 

Mas em 2005 ele retornou com o filme de Ketan Mehta, Mangal Pandey, em que fez o papel principal do filme, que conta a história real da primeira guerra de independência da Índia, em 1857. Depois veio o mega sucesso Rang De Basanti (2006), que deu a ele o prêmio de melhor performance pela crítica, no Filmfare Awards. No mesmo ano ele atuou no também sucesso Fanaa.


E finalmente, no ano de 2007, Aamir Khan reuniu suas forças - e seus orçamentos - para escrever, dirigir pela primeira vez, produzir e atuar no filme Taare Zameen Par, sua obra prima, so far. Nem vou falar sobre este filme, para isso, clique aqui e veja as duas postagens que escrevi sobre ele. Taare Zameen Par levou o prêmio de melhor filme no Filmfare Awards e deu a Aamir Khan o prêmio de melhor diretor. E agora a notícia que acabo de descobrir e que me deixou muito feliz: o filme será internacionalmente lançado em DVD no dia 7 de abril deste ano, após a Walt Disney Company comprar seus direitos. Embora eu preferisse que uma empresa indiana mesmo fizesse isso, esse fato é de extrema importância por ser a primeira vez que um estúdio internacional compra os direitos de um filme indiano para lançá-lo internacionalmente, comprovando a profunda qualidade desta obra de Aamir Khan.

No ano de 2008 foi lançado Ghajini, estrelado por Aamir, que na época bateu todos os recordes de bilheteria de Bollywood, graças a uma agressiva estratégia de marketing colocada em prática pelo próprio Aamir.. Mas o que ninguém esperava era o que viria no ano seguinte.


Em 2009, então, Aamir Khan estrelou o filme 3 Idiots que, embora nem sequer tenha sido produzido por ele, Aamir dedicou meses para colocar em prática a sua maior estratégia de marketing até então. E o resultado deu certo: 3 Idiots bateu de novo os recordes de bilheteria e se tornou o maior sucesso de Bollywood até hoje.

Mas a vida não é só confetes para Aamir Khan. Recentemente, seu irmão Faisal Khan provocou um escândalo na mídia ao acusar Aamir de tê-lo forçado a tomar medicamentos. Faisal foi acusado de estar mentalmente instável, mas a família Khan posicionou-se a favor de Faisal publicamente, com apoio também da ex-esposa de Aamir, Reena Dutta.


Mas para finalizarmos bem, numa entrevista neste ano de 2009, ele disse: "Eu não faço coisas diferentes; eu tento fazer de diferentes maneiras. Eu penso que cada pessoa deveria seguir seu sonho e tentar e fazer isso possível de modo prático. (...) Pra mim o processo é o mais importante, mais prazeroso. Eu gostaria de ter toda minha concentração no processo desde o primeiro passo". E ao ser questionado sobre em que modelo ele se baseia, ele disse: "Gandhiji é uma pessoa que me inspira."
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domingo, 8 de fevereiro de 2009

Aperto financeiro em Bollywood esquenta o Cinema Regional

Filmes regionais em foco com aperto de Bollywood
por Neelam Verjee, da LiveMint.com (tradução livre)

Mumbai: As produtoras de filmes estão voltando seus olhos aos cinemas regionais esse ano, numa tentiva de diversificarem-se, já que Bollywood está em crise. A Zee Motion Pictures, por exemplo, tentará dar um grande passo no cinema regional, com planos de lançar nada mais que 60 filmes em seis diferentes línguas no ano fiscal que termina em 31 de março de 2010, bem mais que os 10 deste ano. A Reliance Entertainment Ltd irá lançar ao menos 10 filmes este ano, através de sua subsidiária BIG Pictures, também mais que os 2 que lançou no ano passado. A UTV Motion Pictures Plc. planeja produzir 9 filmes em 2009, três vezes mais que em 2008.

High appeal: An image from Marathi movie ‘De Dhakka’. The regional film market is considered to be less volatile than that for Hindi cinema.
O rentável nicho dos cinema regionais vêm como uma opção atrativa frente à recessão econômica e aos exorbitantes preços cobrados pelos atores para filmes de Bollywood, como é chamada a indústria de cinema em língua hindi, baseada em Mumbai. A estratégia vem sendo tomada recentemente, como diz Sanjeev lamba, diretor de marketing e vendas da Zee Motion Pictures. "Parece que agora todos estão voltando-se ao cinema regional com intenções de ser líder, diz Lamba. "Eles estão olhando além. A consolidação veio primeiro no cinema hindi, mas tem uma longa via a percorrer. A consolidação também começou nos cinemas regionais e as empresas que investiram neles nos anos recentes terão seus frutos nos anos próximos."

As produtoras pretendem fazer pequenos, médios e grandes filmes. Mahesh Ramanathan, chefe de operações da BIG Pictures, diz que a empresa, que é uma unidade da Reliance-Anil Dhirubhai Ambani Group, será uma "participante ativa" nos investimentos dos variados cinemas reginais. "Como player nacional, temos planos de participar em todos os segmentos e não podemos ignorar o cinema regional", justifica Ramanathan, acrescentando que "esse sempre foi o plano" de mover-se agressivamente em direção ao cinema regional. "Cada região tem sua dinâmica regional, mas temos que ficar mais atentos pra investir nas produções certas, já que nos mercados regionais há uma maior dependência da arrecadação da bilheteria. A bilheteria nas indústrias regionais significa 80% da renda das produtoras, enquanto que no cinema hindi isso corresponde a 50%."

Amenizando o risco

Burgeoning market: A handout image of the Marathi film ‘Ek Daav Dhobi Pachhad’, running in theatres now. A big-budget movie in Marathi or Bengali costs up to Rs10 crore. Além disso, os diferentes tamanhos dos mercados regionais resultam em variações nos orçamentos. Uma super produção em tamil ou telugu, por exemplo, envolve até 250 milhões de rúpias (ou aproximadamente 6.250.000 de dólares), enquanto que uma super produção em bengali ou marathi custa no máximo 100 milhões de rúpias, ou 2,5 milhões de dólares. Com algo como 85% do total da renda dessas indústrias vindo de seis línguas - hindi, tamil, telugu, kannada, marathi e bengali - Lamba argumenta que diversificando em cinemas regionais ajuda a "espalhar o risco num espectro maior" para a Zee, que planeja ser grande.

Ele acrescenta que, embora o cinema hindi contribua com 50% de toda a renda da indústria cinematográfica indiana, ele é mais volátil que o cinema regional, o que significa que diversificar os investimentos também ajuda a compensar a volatilidade. "Embora tenhamos um agressivo plano de lançar 10 filmes em cada indústria regional, esse alvo é incerto e depende das condiçoes econômicas. Algumas mudanças vêm ocorrendo ao longo das regiões e ao longo de toda a indústria de cinema, mas a maior parte das mudanças vêm ocorrendo no cinema hindi, onde os preços estavam consideravelmente exagerados", diz Lamba.

Inflação

Lamba diz que a bem desenvolvida infraestrutura de cinema nos quatro estados do sul, onde metade das salas de cinema da Índia se encontram, bem como a enorme inflação nos preços do cinema hindi nos anos recentes, contribuíram muito para essa mudança de direção dos investimentos no cinema indiano. Ram Mirchandani, chefe de operações da UTV Rampage Motion Pictures, a subsidiária da UTV no sul, diz que as perspectivas de bons retornos no cinema regional têm atraído os investimentos. "A palavra chave aqui é criatividade e retorno", diz. "Há bons filmes a serem feitos nas regiões no preço correto. Nós consolidamos espaço no cinema hindi e agora decidimos olhar para o cinema regional. O mercado tamil e telugu é bem amplo - para eles, ir aos cinemas é como ir ao templo."

(Aproveite para ver o Mapa do Cinema Indiano)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Atriz mirim de "Milionário" sonha virar estrela de Bollywood



na REUTERS Brasil, por Rina Chandran, da REUTERS Life!

Rubina Ali já é estrela de Hollywood. Agora, a garota de 9 anos, que atuou em "Quem Quer Ser um Milionário?" ("Slumdog Millionaire") e vive com sua família num barraco de um cômodo numa favela de Mumbai, quer virar estrela de Bollywood.

Seu sonho vem sendo alimentado pela atenção intensa da mídia e as festas que se seguiram à premiere em Mumbai do filme indicado ao Oscar, a história do enriquecimento de um jovem de uma favela de Mumbai, em que Ali faz a personagem feminina principal quando criança.

"Gosto de cinema. Gosto de poesia e da minha escola", disse a garota de olhos vivos e cabelo preso com maria-chiquinhas, mascando um chiclete e recitando poemas em inglês para visitantes.

Ali está na primeira série de uma escola onde as aulas são dadas em inglês. A escola é um presente do "Tio Danny", o diretor Danny Boyle, que desmentiu que as crianças faveladas que atuam no filme tenham sido mal pagas, conforme noticiou o jornal britânico Daily Telegraph.

A escola -- a primeira em que Ali estuda --, as fotos da premiere e um passeio de helicóptero para as crianças do filme estão entre as poucas recordações que a mãe da menina, Munni, tem do filme, que continua a receber prêmios enquanto a atriz mirim e sua família seguem vivendo num barraco igual a dezenas de outros na favela, sem janelas, banheiro ou água corrente.

"Ela ficou muito feliz por atuar no filme. Agora ela quer estar em outros filmes que Danny Boyle fizer e quer virar estrela", disse Munni, falando do filme que vem suscitando polêmica na Índia por seu título original -- devido à palavra "cão" -- , pelo retrato que faz dos pobres e pelo tratamento dado ao elenco.

Em junho do ano passado, Boyle matriculou Ali e Azharuddin Ismail, que também representa uma criança favelada, em escolas de língua inglesa. O diretor também se reuniu com os professores das escolas.

Boyle se comprometeu a pagar cerca de 1.500 rúpias (31 dólares) mensais pelas mensalidades escolares e outras despesas, além dos valores pagos pelo trabalho das crianças no filme. A Fox Star Studios, que lançou o filme na Índia, disse que o salário mensal que as crianças receberam foi três vezes o salário local anual médio de um adulto, mas não revelou cifras.

Boyle e o produtor do filme, Christian Colson, vão pagar pelos estudos das crianças até completarem 18 anos, e "um valor substancial" será dado a eles quando concluírem seus estudos, disse o diretor, para incentivá-los a continuar estudando.

Apesar disso, Munni, que trabalha como empregada doméstica, está incerta quanto ao futuro de sua filha e preocupada porque a família não tem como mudar-se para uma casa melhor.

"Somos pobres. Criar cinco filhos é duro", disse ela. "Danny Boyle é um ser humano bom... mas somos pobres e gostaríamos de comprar uma casa. Já dissemos que precisamos de ajuda. Ele pode nos demonstrar mais bondade se quiser."