terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Bawarchi (1973) - बावर्ची

Nossa doce e briguenta família!

 

Bawarchi é absolutamente adorável, o que é esperado de um filme dirigido por Hrishkesh Mukherjee. Amo seu jeito delicado de tratar questões sociais em seus filmes, mas sem deixar de lado o entretenimento.


O filme conta a história da família Sharma, que nunca consegue manter um cozinheiro (Bawarchi, em hindi) por muito tempo. Logo no ínicio somos apresentados a conturbada casa (que ironicamente se chama Shanti Nawaz, a casa da paz): Primeiramente, ao carteiro aposentado e viúvo, Shivnath (Harindranath Chattopadhyay). Ele tem três filhos: o mais velho, Ramnath (A. K. Hangal), trabalha num escritório e vive preocupado com o trabalho e a casa. Para aliviar isso, traz todas as noites um pouco de bebida barata para o seu lar. Ele é casado com Seeta (Durga Khote) uma mulher reclamona e com complexo de vítima, que vive com dores nos pés.

O do meio, Kashinath, é um professor cuja esposa, Shobha (Usha Kiran), assim como sua cunhada, se recusa a colaborar com as tarefas domésticas. Eles têm uma filha (e um filhinho): Meeta (Kali Bannerje), uma preguiçosa e egocêntrica dançarina de kathak.


E finalmente temos o mais novo: Vishwanath (Asrani), mais conhecido como Babbu, um assistente de compositor de trilhas de filmes que  nunca compôs uma única canção — só copiou canções em inglês. Por último, e não menos importante, temos a adorável Krishna (Jaya Bhaduri). Órfã do 4º filho de Shivnath, além de estudar, têm que cuidar de tudo na casa. Depois de um dia em que a casa parou de funcionar devido a partida do cozinheiro, chega Raghu (Rajesh Khanna), que assusta a família com seus antecedentes e múltiplas habilidades.


Uma coisa que adorei nesse filme é como ele não tem um "herói" ou uma "heroína". Os personagens principais são a família Sharma, que se odeia sem motivo nenhum, e seu cozinheiro. Embora não seja o foco, há um romance entre Krishna e seu professor, que é muito doce. É interessante (e lindo) as pessoas da família irem redescobrindo seus laços e o amor que haviam esquecido. A moral do filme pode ser resumida na frase dita em inglês pelo Raghu:
"É tão simples ser feliz, mas é tão díficil ser simples..."
Quanto às atuações, todos os atores são ótimos, mas com destaque para o Rajesh — que faz um papel sem par romântico, o que achei muito legal. O Raghu dele é super cativante, e seu plano para ir resolvendo os problemas da família, encantador.




A trilha de Madan Mohan é bem simples e graciosa, combinando bem com o clima do filme.  A de que mais gostei foi  Bhor Aayee Gaya Andhiyara, em que temos direito a ver a família reunida e feliz durante uma manhã (e de brinde temos Meeta dançando kathak e , no final, todas as mulheres da casa dançando com ela). As letras foram escritas por Kaifi Azmi, o pai da maravilhosa Shabana Azmi.
Bawarchi é sensivel, doce sem ser piegas ou exagerado. Por isso, aqui fica a recomendação!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

58th Filmfare Awards




Aconteceu ontem, em Mumbai, a festa de entrega dos prêmios do 58th Filmfare Awards. É a maior premiação de Bollywood e como a votação é aberta ao público, mostra quem está em evidência na indústria.

A grande surpresa da noite foi a repetição da dobradinha nas categorias Melhor Ator e Melhor Atriz, também vencidas por Vidya Balan e Ranbir Kapoor no ano passado. Desta vez, ela venceu por sua irrepreensível atuação em Kahaani, e ele pelo aclamado Barfi!.

Barfi!, Kahaani e Gangs Of Wasseypur foram os grandes vencedores da noite. Barfi! ficou com os prêmios de Melhor Ator, Melhor Trilha Sonora, Melhor Direção de Arte, Melhor Atriz Estreante, Melhor Direção de Arte, Melhor Som de Fundo, o esquisito "Lançador de Tendência" (algo como "quem ditou a moda no ano") e o maior prêmio da noite, Melhor Filme. Kahaani levou os prêmios de Melhor Diretor, Melhor Atriz, Melhor Cinematografia, Melhor Edição e Melhor Edição de Som. Nas categorias populares, Gangs Of Wasseypur ganhou apenas o prêmio de Melhor Diálogo. Nas da crítica e técnicas, levou Melhor Atriz Estreante, Melhor Filme e Melhor Ação.

A lista de premiados mostra diferenças claras em relação ao padrão visto em outros anos. Não há predomínio de nenhum filme dos Khans (Aamir, Shahrukh e Salman) e entre as escolhas do público há filmes menos românticos e com propostas mais inovadoras do que temos visto recentemente — Barfi! traz Ranbir no papel de um rapaz surdo e mudo e Kahaani é um thriller que relata a jornada de uma mulher grávida em busca de seu marido desaparecido. Também me agradou ver Anushka Sharma finalmente ganhando um prêmio (Melhor Atriz Coadjuvante) no Filmfare. Ela tem aumentado seu público desde o ótimo Band Baaja Baaraat e é uma das melhores atrizes da nova geração de Bollywood.

Vidya Balan ser a vencedora por dois anos seguidos na categoria popular em função de papéis não-românticos é muito significativo. Mostra que está ficando ultrapassada a ideia de que heroínas não conseguem atrair o público sozinhas. Os dois filmes — The Dirty Picture e Kahaani — tiveram apenas Vidya como protagonista e apresentaram personagens fortes, complexas e ousadas.

O prêmio pelo conjunto da obra é dado anualmente a algum artista consagrado, cuja carreira ajudou a definir o cinema hindi como é. O homenageado do ano foi Yash Chopra, diretor que faleceu em setembro de 2012, pouco após finalizar seu último filme (Jab Tak Hai Jaan).

Esta é a lista completa dos vencedores:

Melhor Filme: Barfi!

Melhor Filme pela Crítica: Gangs Of Wasseypur

Melhor Diretor: Sujoy Ghosh (Kahaani)

Melhor Ator: Ranbir Kapoor (Barfi!)

Melhor Ator pela Crítica: Irrfan Khan (Paan Singh Tomar)

Melhor Atriz: Vidya Balan (Kahaani)

Melhor Atriz pela Crítica: Richa Chadda (Gangs Of Wasseypur)

Melhor Ator Coadjuvante: Annu Kapoor (Vicky Donor)

Melhor Atriz Coadjuvante: Anushka Sharma (Jab Tak Hai Jaan)

Melhor Atriz Estreante: Ileana D' Cruz (Barfi!)

Melhor Ator Estreante: Ayushmann Khurrana (Vicky Donor)

Melhor Trilha Sonora: Pritam (Barfi!)

Melhor Cantora de Playback: Shalmali Kholgade (Pareshaan, de Ishaqzaade)

Melhor Cantor de Playback: Ayushmann Khurrana (Paani Da Rang, de Vicky Donor)

Diretor Estreante Mais Promissor: Gauri Shinde (English Vinglish)

Melhor Ação: Sham Kaushal (Gangs Of Wasseypur)

Melhor Direção de Arte: Rajat Podar (Barfi!)

Melhor Som de Fundo: Pritam (Barfi!)

Melhor Cinematografia: Setu (Kahaani)

Melhor Coreografia: Bosco-Caesar (Aunty Ji, de Ek Main Aur Ekk Tu)

Melhor Edição de Som: Sanjay Maurya e Allwin Rego (Kahaani)

Melhor Edição: Namrata Rao (Kahaani)

Melhor Figurino: Manoshi Nath e Rushi Sharma (Shanghai)

Melhor Letra de Música: Gulzar (Challa, de Jab Tak Hai Jaan)

Prêmio RD Burman para Novo Talento na Música: Neeti Mohan (Jiya Re, de Jab Tak Hai Jaan)

Melhor História Original: Juhi Chaturvedi (Vicky Donor)

Melhor Roteiro: Sanjay Chouhan e Tigmanshu Dhulia (Paan Singh Tomar)

Melhor Diálogo: Anurag Kashyap, Akhilesh Jaiswal, Sachin K Ladia e Zeishan Qadri (Gangs Of Wasseypur)

Prêmio Sony de "Lançador de Tendência" do Ano: Barfi!

Prêmio pelo Conjunto da Obra: Yash Chopra

domingo, 20 de janeiro de 2013

Notícias


Vamos ensaiar o retorno da coluna de notícias do blog! A infeliz renegada teve sua última edição em maio de 2010. Muitas coisas aconteceram no cinema indiano desde então, e obviamente não tentaremos dar conta de tudo isto. Mas vamos tentar contar um pouco do que aconteceu na última semana em Bollywood, já que abranger mais indústrias do cinema indiano seria complicado.

- O ator, diretor e produtor Farhan Akhtar declarou que os filmes de Bollywood retratam um conceito distorcido de romance, no qual as mulheres são apresentadas sucumbindo ao constante assédio dos homens. A declaração de Farhan veio em meio à uma reflexão geral sobre o impacto da cultura popular sobre a população, reflexão esta iniciada após o trágico caso da moça que sofreu estupro coletivo na Índia. Alguns artigos foram escritos mostrando que a generalização é apressada, pois nas últimas décadas alguns filmes em Bollywood tem tentado mostrar os romances de forma mais complexa (não contem os anos 90 nisso). De todo modo, a discussão sobre o assunto é fundamental! (hindustantimes, timesofindia)

- Vai chover filme de gângster este ano! Alguns deles são Gunday (Priyanka Chopra, Ranveer Singh e Arjun Kapoor) e Bullet Raja (Saif Ali Khan e Sonakshi Sinha). Também serão lançadas três continuações: Shootout at Wadala, Once Upon A Time In Mumbaai Again e o único que realmente me anima: Saheb, Biwi Aur Gangster Returns. (hindustantimes)


- Após o estupro coletivo ocorrido recentemente em Délhi, Bollywood passou a ser acusada de objetificar as mulheres, principalmente através dos chamados item numbers (números de dança muito sensuais, que não possuem conexão direta com o enredo do filme). Atrizes como Kareena Kapoor, Ayesha Takia e Neha Dhupia declararam que não fariam item numbers. As duas primeiras são casadas e Neha afirma que não faria mais itens devido a seu namoro, sendo que Kareena e Neha já fizeram tais danças antes de seus atuais relacionamentos.

Já as atrizes Deepika Padukone e Ameesha Patel afirmaram que se fossem chamadas fariam items sem nenhum problema. Deepika afirmou que “Não se pode culpar o cinema pelas falhas da sociedade.” (emirates247)


- Mais uma vez, um clima anti-paquistanês está no ar (infelizmente). Um show do cantor paquistanês Ali Zafar em Pune teve de ser cancelado e jogadores paquistaneses da liga de hóquei indiana foram "convidados" a voltarem para casa. O produtor Mukesh Bhatt teve de vir a público informar que a atriz Mona Lizza — que agora se chama Sara Loren —, heroína do ainda não-lançado Murder 3, não é paquistanesa (ela teria cidadania em Dubai). Mukesh também fez questão de dizer que trabalhou com muitos artistas paquistaneses talentosos, e que a política não deveria ser misturada às artes e ao cinema. Difícil, Mukesh. (koimoibollywoodhungama)

- Javed Akhtar, que passou o gene do multitalento para o filho Farhan, completou 68 anos e recebeu o carinho de vários artistas via Twitter. Além de roteirista, Javed é poeta e escreveu muitas canções para filmes. Seus trabalhos conhecidos pelo público brasileiro são as canções de Jodhaa Akbar Veer-Zaara. (timesofindia)

- Ranbir Kapoor, um dos nomes mais aclamados em Bollywood nos últimos anos, diz que não é movido pelo dinheiro até porque é bem rico, néan, mas sim por seu amor pelo cinema. Também conta que não se garante pelo nome da família (os Kapoor são uma das famílias mais tradicionais do cinema indiano). "Não posso nunca contar com o que meu avô fez, ou com o que meus pais fizeram, porque ninguém realmente se lembra disso e você será lembrado pelo trabalho que faz", declarou. (timesofindia)

- Já tem data para lançamento o primeiro filme de zumbis de Bolly: 22 de fevereiro. Rise Of The Zombie passou à frente de Go Goa Gone e Shaadi Of The Dead (tem nome mais legal que "Casamento dos Mortos"?). (digitalspy)

- Os lançamentos de Bollywood em 2013 tem sido fracassos na bilheteria. Considerando que 2013 começou há 20 dias, os filmes tiveram menos tempo que isso para crescer na bilheteria e o único grande lançamento esperado, Matru Ki Bijlee Ka Mandola, é uma produção pequena, a análise está meio apressada, não? (digitalspy)

Race 2 (sim, é o ano internacional das sequências) terá um grande lançamento internacional. O filme de Saif Ali Khan e Deepika Padukone será lançado em salas no Marrocos, Myanmar e no Timor-Leste. Também estão no elenco Anil Kapoor, John Abraham, Jacqueline Fernandez e Ameesha Patel. Race 2 estreia em 25 de janeiro. (hindustantimes).

Colaboração: Pedro Custódio.