segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Kaminey (2009) na segunda edição do CINEÍNDIA

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Queridos, e chegou a hora de anunciarmos a segunda edição do CINEÍNDIA que, dessa vez, exibirá Kaminey (2009), do incontestável Vishal Bhardwaj.

Seguindo o sucesso absoluto que foi a exibição de Taare Zameen Par, no dia 14 de novembro, a ideia é continuar trazendo a vocês exemplos do que o cinema indiano sabe fazer de bom. Quando Kaminey estreou, ano passado, Vishal Bhardwaj chegou a ser comparado com Quentin Tarantino e seu filme recebeu um sem precedentes número de avaliações positivas.

Também surpreendendo a todos, o ator Shahid Kapoor e a atriz Priyanka Chopra abraçaram a causa e mostraram que ser mega astros indianos não é somente ter rostinhos bonitinhos.

Cineclube CINEÍNDIA
Kaminey (2009), de Vishal Bhardwaj; duração 130’
Legendas em português
12 de Dezembro de 2010, às 18h00.
Local: CECISP – Centro Cineclubista de São Paulo
Rua Augusta, 1239, sala 13 - São Paulo
Próximo ao Metrô Consolação

*Grátis*

Para mais informações: 11-9804-4835 (Ibirá) ou 11-9562-5273 (Heber)

Organização: Ibirá Machado e Heber Souza, em parceria com o Centro Cineclubista (CECISP).

Sobre o filme:

Charlie e Guddu são gêmeos idênticos que cresceram nas ruas de Mumbai. Seu pai morreu quando ainda pequenos e, desde então, nunca mais se viram e acabaram alimentando rancor um do outro.

A vida deles se cruza quando Guddu, recém-casado, é confundido pelos inimigos de Charlie, então mafioso, que querem vingança.  A partir daí, uma sucessão de perseguições e reviravoltas culminam num final impressionante e muito bem orquestrado pelo diretor do filme, Vishal Bhardwaj.

Sobre o Diretor:

Diretor, produtor, roteirista, compositor, musicista e cantor. Não são poucas as funções que este indiano consegue exercer e, diga-se de passagem, todas elas muito bem. É da safra de novos diretores que estão redefinindo a indústria de cinema indiano, trazendo mais acuidade técnica e artística às suas obras.

Começou no ramo do cinema como compositor de trilhas e cantor. Já em seu primeiro trabalhou ganhou o Filmfare Awards de Melhor Trilha Sonora, em 1996 (o Oscar indiano). Em 2002, estreou em tripla-posição: diretor, roteirista e produtor com um filme infantil, Makdee, aclamado pela crítica.

Desde sua estreia no cinema até hoje, Vishal já compôs trilhas para 34 filmes, roteirizou 4 para outros diretores, produziu 5 e dirigiu 6. Ainda coleciona 9 prêmios. Kaminey é sua mais recente película, de 2009.


O Cinema Indiano e o CINEÍNDIA são parceiros do CECISP e do Cinefusão.
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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Mumbai abrirá as portas do Museu do Cinema Indiano em 2013

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Como parte das comemorações dos cem anos do cinema indiano, o governo da Índia anunciou que irá construir, em Mumbai, o Museu do Cinema Indiano, mais do que merecido para o país que mais produz e mais consome filmes no mundo.

Embora ainda não haja um projeto claramente definido, o diretor da Divisão de Filmes do governo indiano, Kuldeep Sinha, afirmou que as obras do museu custarão pouco mais de 50 milhões de reais, o que não é exatamente um valor muito alto, se levarmos em consideração o que já foi gasto em desapropriações pro próprio Bolywood Park - algo perto de 500 milhões de reais -, conforme anunciamos aqui em janeiro deste ano.

E não duvido nada que o museu seja, inclusive, construído dentro do Bollywood Park. Aliás, será um tanto estranho se não for. De qualquer forma, como ambos os projetos ainda estão mais no plano das ideias do que qualquer coisa (nem sequer no papel não estão, ainda, a não ser em forma de memorando de compromisso), é cedo afirmarmos qualquer coisa. Mas que a Índia merece um museu desse, isso merece, e Mumbai é mesmo o local mais apropriado.

Em 1913, após uma persistência que beirou a insanidade, Dadasaheb Phalke lançou Raja Harishchandra, o primeiro filme - e absoluto sucesso, como pode ser visto em Filmando Harishchandra (Harishchandrachi Factory, 2010) - daquela que em pouco tempo se configuraria como a maior indústria de cinema do mundo. É pra celebrar esta data que a ideia é abrir o museu em 2013, cem anos depois da memorável conquista de Phalke.

O museu pretende expor os mais variados aspectos que fizeram e fazem parte do cinema indiano - de figurinos a roteiros, passando por sets inteiros de filmagem. Quando pronto, portanto, será parada obrigatória.

E convenhamos, se não reproduzirem o bordel de Chandramukhi o museu não terá metade de seu valor potencial. Fica a dica.
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terça-feira, 9 de novembro de 2010

Estreia do CineÍndia em São Paulo

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Queridíssimos, é com muita alegria que vos anuncio o nascimento do mais novo cineclube de São Paulo, o CineÍndia, que abrirá suas portas já no próximo domingo, dia 14 de novembro, às 18h30, com o dispensa apresentações Taare Zameen Par.

Fiquem, abaixo, com o texto desta primeira edição do CineÍndia:

CINEÍNDIA – Um novo olhar sobre a maior indústria de cinema do mundo

Neste domingo (14), às 18:30, entra em atividade o CineÍndia, que tem como proposta definir um novo olhar sobre a maior indústria de cinema do mundo. Só em 2009, a Índia contou com 1288 produções, contra apenas 600 da poderosa Hollywood. Rendeu 1 bilhão de dólares anuais e recebeu uma média de 1,1 bilhão de espectadores por trimestre - o equivalente à população inteira do país.

E engana-se quem pensa que tamanha produtividade significa baixa qualidade. Após pesquisa intensa feita há quatro anos, queremos mostrar a força e as peculiaridades deste cinema, que difere bastante dos padrões com os quais estamos acostumados, seja americano, latino-americano ou europeu.

Nesta primeira sessão, apresentaremos o sensacional Taare Zameen Par – Como Estrelas na Terra. Ganhador de vários prêmios, o filme causou uma revolução social na Índia ao questionar o sistema educacional infantil dentro e fora das escolas.

Cineclube CINEÍNDIA 
14 de Novembro de 2010, às 18h30.
Local: CECISP – Centro Cineclubista de São Paulo
Rua Augusta, 1239, sala 13
Próximo ao Metrô Consolação 
Grátis

Para mais informações: 11-9804-4835 (Ibirá) ou 11-9562-5273 (Heber)

Organização: Ibirá Machado e Heber Souza, em parceria com o Centro Cineclubista (CECISP).

Sobre o filme:
“Taare Zameen Par” explora a vida e a imaginação de Ishaan, de 8 anos. Embora seja talentoso em artes, sua desastrosa vida escolar força seus pais a enviá-lo a um internato. Mas o novo professor de artes suspeita que exista algo de peculiar em em Ishaan que o faz ir mal na escola.

No Filmfare Awards, o Oscar do cinema indiano, a academia local agraciou o filme com os prêmios de Melhor Diretor para o estreante mas experiente Aamir Khan, Melhor Filme e Melhor Ator Estreante para Darsheel Safary.

Sobre o Diretor:
Antes de estrear na nova posição, Aamir Khan tornou-se o mais bem-sucedido ator da Índia. Seus filmes costumam batem recordes de bilheteira em questão de alguns dias. Seu último trabalho, 3 Idiots, conseguiu o marco de maior bilheteria de todos os tempos na Índia, arrecadando 90 milhões de dólares, quebrando o recorde alcançado anteriormente pelo filme Ghajini, também protagonizando por Khan um ano antes.

Khan é considerado um deus, um herói e um gênio do Marketing. É chamado pela crítica de Sr. Perfeição. Ganhou este apelido graças a seu trabalho meticuloso, que garante o máximo de apuiro em todas as atividades em que está envolvido: direção, atuação, roteiro, publicidade e muitos outros. 
 
Khan também é o recordistas de indicações ao prêmio de Melhor Ator do Filmfare Awards com 18 indicações, das quais levou cinco. 
 
Em 2001 ele fundou a Aamir Khan Productions para ajudar seu amigo, e também diretor famoso, Ashutosh Gowariker na produção do filme Lagaan. De lá para cá, a empresa de Khan tem produzido uma série de blockbusters.




*O CineÍndia e o Cinema Indiano são parceiros do Cineclube CineFusão e do CECISP.
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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Trilogia de Apu em Diadema

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Começou no dia 3 de novembro, já passado, a exibição da Trilogia de Apu aqui em Diadema, no grande ABC, região metropolitana de São Paulo. Embora o primeiro filme - A Canção da Estrada (Pather Panchali, 1955) - já tenha sido exibido, ainda dá tempo de ver os outros dois, nos dias 10 e 17 de novembro, respectivamente, sempre às 20h.

A exibição ocorre no Cine Eldorado, em parceria com o Cine Sesc, localizado à Rua Frei Ambrósio de Oliveira Luz, 55, próximo à represa Billings. As exibições são gratuitas e recomenda-se retirar ingressos uma hora antes das sessões.

É, como sempre, uma excelente oportunidade de entrar em contato com uma das mais brilhantes e finas obras que o cinema mundial já pode experimentar. Os organizadores fizeram o seguinte texto sobre a exibição destes filmes:

"Mostra Satyajit Ray - A Trilogia de Apu  - O cinema indiano, marcado por sensibilidades e realismos, deve muito de sua história a Satyajit Ray, cineasta responsável pela Trilogia de Apu: "A Canção da Estrada" (1955), "O Invencível" (1956), e "O Mundo de Apu" (1959). O diretor baseou-se no romance "Aparajito", de Bibhutibhushan Bandopadhyay para contar a história de Apu, personagem que aparece em diferentes fases da vida ao longo dos três filmes, retratado com a beleza e a crueza do estilo inspirado no neo-realismo italiano e na nouvelle vague francesa, acompanhado da trilha sonora original composta por Ravi Shankar.

Abrindo a Mostra, "A Canção da Estrada" (dia 03 - 115 min - classificação indicativa: 14 anos) traz a visão de Apu criança, em uma pequena aldeia onde a miséria e as dificuldades são grandes. Acompanhado da mãe, da bisavó e da irmã, Apu observa, mas não compreende as tristezas da vida a seu redor. O pai, pregador sempre ausente, não consegue dinheiro suficiente para a família, a mãe se entristece, mas o menino não compreende a totalidade das situações. Satyajit Ray mantém-se de certo modo afastado dos personagens, observando-os como quem não sabe por onde olhar, ou como quem procura entender um grande quadro que lhe escapa às referências.

"O Invencível" (dia 10 - 127 min - classificação indicativa: 14 anos)  nos traz um Apu em fase de expansão: adolescente, vivendo em uma cidade maior, começa a planejar voos mais altos do que a realidade dura e triste da aldeia permitiria. Mas ao mesmo tempo em que os desejos de Apu o levam além de seus limites, descortinando possibilidades de vida, ele também descobre as perdas que lhe cortam parte do passado. Apu perde o pai e a mãe, e se vê então a sós com um mundo a descobrir e que está, no entanto, vazio de seguranças.

Por fim, a trilogia se encerra com "O Mundo de Apu" (dia 17 - 100 min - classificação indicativa: 14 anos), em que o espaço aberto do filme anterior se deixa esgotar, enclausurando o personagem em pequenos espaços da vida adulta. Apu, agora grande, descobre-se novamente pequeno frente às surpresas e tragédias impostas pela vida e pela natureza. Da clausura das poucas possibilidades quando criança, à aparente expansão da juventude, aos cortes da vida adulta: Apu alterna entre espaços e, com ele, aprendemos a olhar para o futuro e para o passado do personagem de formas diferentes.

A história e os dramas de Apu são contados por Satyajit Ray de maneira direta - não há enfeites ou exageros, nem há o sentido de uma grande ação com consequências globais como se costuma ver em filmes de disposições mais comerciais. A vida e as histórias de Apu são de Apu, mas em sua insignificância resta justamente seu contato com o espectador: seus sofrimentos, suas dúvidas e seus anseios são também o de pessoas comuns; indianos, italianos ou brasileiros. Satyajit Ray tira a inspiração baseado no filme "Ladrões de Bicicleta", de Vittorio de Sica, com um olhar simples, uma atuação simples e um filme sem rodeios. Direto, natural e frágil como a vida, o modo de contar da trilogia de Apu resulta em uma visão desencantada, mas ao mesmo tempo, esperançosa."
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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Udaan (2010) - उड़ान

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Quando eu soube que Udaan viria pra 34a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, tudo o que pensei foi que muito dificilmente eu iria me decepcionar com esse filme. Eu havia lido muito pouco sobre e sabia somente que ele trazia em si praticamente a mesma equipe que havia feito Dev.D (2009) - e nada mais.

E então fui vê-lo no cinema e... mas que surpresa! De repente eu estava inesperadamente em frente de um dos mais sensíveis filmes indianos que já vi. Nos seus 30 e poucos anos, Vikramaditya Motwane fez uma incrível estreia na direção, após ter passado os últimos dez anos observando de perto o que ocorria de mais emblemático e determinante no cinema indiano.

Inicialmente, trabalhou como assistente de direção de, nada mais que, Sanjay Leela Bhansali em Hum Dil De Chuke Sanam (1999) e Devdas (2002). Em 2005, no entanto, acabou caindo no seio daquilo que aos poucos foi se configurando como o novo cinema indiano; ao lado de Anurag Kashyap, escreveu os roteiros dos filmes Dhan Dhana Dhan Goal (2007) e, posteriormente, de Dev.D (2009). Foi então que, com a bagagem nas costas, escreveu Udaan e assumiu a responsabilidade de também dirigi-lo, sozinho. E Anurag Kashyap também apostou suas fichas, fazendo de Udaan o primeiro filme produzido por sua recém-fundada produtora. O resultado deu - extremamente - certo.

O filme conta a história de Rohan (Rajat Barmecha), quando, nos seus 17 anos, é expulso do colégio interno com mais três amigos. De volta pra casa, em Jamshedpur, revê o pai (Ronit Roy) que não via nos oito anos em que esteve no internato, além de descobrir que teria que dividir quarto com Arjun (Aayan Boradia), um meio irmão, de sete anos, que não sabia existir. Mas muito pior seria descobrir as regras que o mais que intransigente pai impunha. O sonho de ser escritor não existia frente à imposta ordem de trabalhar na fábrica do pai pela manhã e estudar engenharia pela tarde.

E é nessa realidade que Rohan vai levar o filme pra gente, até o fim. Udaan, em hindi, significa "voar", e é nesse tentando voar com asas cortadas que somos entregues a uma angústia desesperadora e brilhante.

Desesperadora porque não encontramos esperança e a solução mais viável pode parecer ser a menos desejada a um ser humano. Porém brilhante, porque a fuga, o alento e o afeto podem surgir por caminhos inesperados. E é quando o voar acontece e Udaan se faz genial.

Fiquei impressionado com a atuação de todos no filme, mas especialmente de Rajat Barmecha, em absoluto, ou ele não seria jamais capaz de conduzir essa obra. O pequeno Aayan Boradia, também, é genial e imprescindível - ninguém deve perder a maestria e sutileza desse garoto. Aliás, são também imprescindíveis a excelente fotografia do filme e a perfeita trilha sonora, composta por Amit Trivedi e escrita por Amitabh Bhattacharya (com exceção da música "Motumaster", escrita por Anurag Kashyap).

Udaan foi muito bem recebido pela crítica indiana, com ótimos retornos até dos mais criteriosos. E após sete anos, este filme marcou o retorno de um filme indiano ao Festival de Cannes, tendo sido exibido em 2010 na categora "Um Certo Olhar", do Festival.

Não percam, e acho que não preciso dizer mais nada.

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