domingo, 29 de agosto de 2010

Raajneeti (2010) - राजनीति

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Na safra um tanto pobre de filmes em 2010, Raajneeti apareceu como um significativo respiro pra quem esperava por filmes que nos prendesse do começo ao fim. O ânimo que se esperava por Paathshala, ou com Kites, trazendo de volta Hrithik Roshan desde Jodhaa Akbar, acabou não se cumprindo. É possível que o esmagador sucesso de 3 Idiots, no finalzinho de 2009 e começo de 2010 tenha obscurecido todas as chances seguintes de sucesso.

Bom, e então, no dia 4 de junho, Raajneeti estreou nos cinemas indianos e se confirmou como o maior sucesso do ano até este momento. Ainda assim, eu já me adianto e digo desde já que, na minha opinião, esse filme ainda não chega perto de obras como Dev.D ou Kaminey, ambas lançadas em 2009, e nem prende tanto quanto prendeu 3 Idiots. Mas é digno de ser visto, sobretudo pela incrível capacidade de reinventar um épico tão milenar e familiar aos indianos, trazendo-o para a contemporaneidade por caminhos próprios e inesperados.

Explico. Logo no começo somos apresentados em flashback a Bharti Rai (Nikhila Trikha) que, discordando dos ideais políticos do pai, governador do estado em que vivem, acaba se aproximando e se envolvendo com o líder político de esquerda, Bhaskar Sanyal (Naseeruddin Shah), que desaparece em seguida. No entanto, ele deixa Bharti grávida. Ao nascer o bebê, o irmão de Bharti, Brij Gopal (Nana Patekar), retira a criança sem Bharti nem sequer ter tempo de vê-la, e a coloca num cesto no rio. E é daí que somos jogados aos dias atuais e imediatamente introduzidos a Sooraj Kumar (Ajay Devgan), um destemido rapaz de 27 anos amado pelo povo por ser invencível numa espécie de luta marcial indiana, que me falha o nome agora. 

Quando isso ocorre, ainda no começo do filme, não tive como não fazer um paralelo com trechos do Mahabharata, o grande épico indiano, contado há milênios, mais precisamente com a história do nascimento de Krishna (e sim, e que pode também ser feito um paralelo muito semelhante com Moisés). E só depois fui descobrir que Prakash Jha, o escritor, produtor e diretor do filme, inspirou-se diretamente neste épico.

E então o filme prossegue. Bharti está hoje casada com Chandra Pratap (Chetan Pandit), irmão mais novo de Bhanu Pratap (Jahangir Khan). Bhanu, por sua vez, é líder do partido Rashtrawadi e acaba sofrendo um atentado. No hospital, ele passa a liderança a seu irmão, Chandra, e a seu sobrinho, filho de Chandra, Prithviraj Pratap (Arjun Rampal), pra desgosto profundo de seu próprio filho, Veerendra Pratap (Manoj Bajpai). Inconformado, Veerendra alia-se a Sooraj, vendo o apoio das massas que ele tem e o apelo que ele proporcionaria pra angariar votos. Acontece que Sooraj é filho do motorista da família Pratap, mas ninguém nessa altura sabia que ele mesmo era também da família Pratap, nem o próprio motorista, que havia pego ele na beira do rio.

Daí também conhecemos nesse rolo todo Samar Pratap (Ranbir Kapoor), irmão mais novo de Prithviraj, filho de Chandra. Samar tem uma namorada nos Estados Unidos, Sarah (Sarah Thompson), mas na Índia sua amiga de infância, Indu (Katrina Kaif), filha de um grande empresário, é apaixonada por ele e até mesmo a mãe de Samar desejaria vê-los casados um dia.

Bom, até essa parte o filme é razoavelmente confuso e temos que estar atentos às relações entre todos e ao que está se passando exatamente. As sequências são muito rápidas e é muito personagem pra gravarmos, cada qual com sua importância ímpar no filme.

Ímportância ímpar. É então após cerca de uma hora de filme que as coisas ficam verdadeiramente emocionantes. Aos poucos, sequências de assassinatos completamente inesperados começam a acontecer e o filme passa a ser um sobe e desce de personagens tomando a dianteira da história. Numa praticamente demoníaca corrida eleitoral pelo governo estadual, membros de uma mesma família não têm escrúpulos para defender o próprio ego, levando às últimas consequências a própria razão de estarem ali. E então o Mahabharata passa a fazer ainda mais sentido na história, embora sem manifestações divinas.

No fim das contas, fiquei extremamente surpreso com o filme. Prakash Jha, que tem em sua bagagem obras com enfoques sociopolíticos, fez seu primeiro grande hit de maneira primorosa. E também não critico a atuação de ninguém, ao contrário. Me surpreendi com Katrina Kaif, Ranbir Kapoor e com Arjun Rampal, este último ainda mais convincente. Aliás, e como o filme nos leva sempre a não esperar o que vem a seguir, há sempre na atuação de cada um um ar incógnito e dúbio que, méritos dados à direção de Prakash, esteve muito bem em Raajneeti.

Aliás, em muitos momentos fui obrigado a fazer um paralelo deste filme com outras duas obras indianas de Vishal Bhardwaj, Maqbool (2003) e Omkara (2006), que são filmes cheios de personagens, com muita violência e, principalmente, são releituras contemporâneas de histórias centenárias. E já que toco nessa questão, reafirmo minha predileção por Vishal em geral em relação a este filme de Prakash, tanto por estes dois filmes que citei agora quanto pelo também já citado Kaminey. Mas ainda assim Raajneeti é primoroso em construir o inesperado de maneira tão instigante.

E voltando a Raajneeti, é evidente que o filme não foi lançado sem ter sido alvo de controvérsias, a começar pela própria censura, que inicialmente barrou o filme. Prakash, então, tirou cenas com violência excessiva, cenas de sexo mais explícitas que o normal pro cinema indiano, além de trechos com ataques mais rudes à comunidade muçulmana. Ainda assim, Raajneeti segue com uma violência extrema e cenas razoavelmente íntimas, inclusive logo no começo.

O pior é saber que a Índia de fato tem históricos políticos muito semelhantes, de assassinatos dos mais terríveis pra derrubar quem quer que seja que possa estar próximo ao poder. Embora não fique explícito em nenhum momento, o filme se passa no estado de Madhya Pradesh, bem no centro do país. 

E em tempo, "raajneeti" significa nada mais que... "política". Bom, concluindo,  eu recomendo.

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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Bhaiya Mere Rakhi Ke

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Um pouco atrasado, mas ainda em tempo, resolvi hoje trazer um vídeo de uma música que fala sobre o Rakhi, ou Raksha Bandan. Anualmente, na lua cheia do mês de Shraavana, os indianos comemoram o Rakhi pra celebrar a amizade e amor entre irmãos. Nesse dia, as meninas amarram uma fita (raksha bandan) no pulso de seus irmãos, que, por sua vez, prometem proteção às meninas. O ritual pode ser também feito entre amigos, não necessariamente irmãos.

Nesse ano o Rakhi caiu no dia 24 de agosto, mas ainda considero que estamos em tempo de falar sobre isso.

O vídeo que trago hoje é da música Bhaiya Mere Rakhi Ke (O Rakhi do meu Irmão), composta por Shankar Jaikishan para o filme Chhoti Bahen (Irmã Caçula), de 1959. Dirigido por L.V. Prasad, o filme contou com Nanda, Balraj Sahni e Rehman nos papeis principais.

Confiram:

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domingo, 22 de agosto de 2010

Awaara (1951) - आवारा

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Não é à toa que Awaara está na lista dos 25 filmes imperdíveis de Bollywood, segundo a Indiantimes e esteja em primeiro lugar da lista dos 10 mais preciosos filmes indianos, segundo a Times. Raj Kapoor estava mais do que inspirado quando resolveu produzir e dirigir - além de atuar - essa obra, que é absolutamente uma delícia de ser vista.

O filme começa com Raj (Raj Kapoor) sendo levado a julgamento num tribunal lotado, aparentemente sem advogado de defesa. Eis que aparece, então, Rita (Nargis), prometendo defendê-lo contra as acusações do juiz Raghunath (Prithviraj Kapoor). E daí Rita começa a contar uma longuíssima história, a história de vida de Raj até aquele momento, que iria justificar sua atual condição de vida e voltar o veredicto contra o juiz, não contra ele.

E então ficamos sabendo que o juiz fora casado com Leela Raghunath (Leela Chitnis), que um belo dia foi sequestrada pelo mais temido criminoso da região, o Jagga (K.N. Singh). Após um tempo que Leela já estava liberta e de volta pra casa, ela descobre que está grávida. Tendo uma reação mais ramayânica possível, o juiz Raghunath desconfia que Leela tenha sido estuprada por Jagga e não acredita que aquele filho possa ser dele. Assim, consequentemente, expulsa Leela de casa, mesmo com todas as juras dela de aquele filho é mesmo do juiz.

Ela vai então morar em um bairro pobre, onde cria seu filho, o Raj, e consegue ao menos colocá-lo numa escola. Ali, Raj fica muito amigo de uma garota. Com dificuldades pra pagar as mensalidades, Raj acaba sendo expulso da escola e sua amiga muda-se pra longe daí. Raj acaba caindo no mundo da rua e, inevitavelmente, acaba sendo acolhido por Jagga, que o prepara como mais um de seus pupilos criminosos. É daí que Raj vira um "awaara", ou seja, vagabundo.

Um belo dia, pretendendo roubar um carro, ele e seus amigos roubam a bolsa de uma mulher, que havia acabado de sair de seu carro. No entanto, não encontram a chave e Raj devolve a bolsa, como se ele tivesse pego a bolsa do ladrão pra devolver à bela dama (e aproveito, Nargis é mesmo linda). Pois bem, a história transcorre e o destino de Raj se cruza de novo com o da moça da bolsa, que logo descobrimos ser Rita, a amiga de infância da escola. 

Pra deixar o enredo ainda mais interessante, Rita é estudante de direito e tem como tutor nada mais que o juiz Raghunath, com quem vive na mesma casa. Mas Raj jamais desconfiaria que o juiz tutor de Rita fosse seu pai, assim como ainda nem tinha ideia de que Jagga tinha sido o motivo inicial pra tudo chegar onde chegou antes mesmo dele nascer. E daí, o recomendável é que eu me cale e implore pra que vocês assistam ao filme. São 3 horas de duração, mas nem se nota.

As músicas todas de Awaara são muito boas, com clipes memoráveis, mas duas das músicas merecem um destaque especial. Em primeiro lugar, a própria música Awaara Hoon (Sou um Vagabundo) vale ser lembrada muito mais por sua capacidade de grudar na cabeça, do que por sua beleza em si. Na época ela foi um super sucesso não só na Índia, mas também por todo o Oriente Médio, Rússia e China. Mas, pra mim, o ápice do filme é o clipe da música Ghar Aaya Mera Pardesi, que ilustra um sonho decisivo de Raj. E é esse clipe que vai abaixo pra vocês, com legendas em português.

Awaara foi indicado ao prêmio máximo de Cannes, em 1953, mas não levou. E por fim, algumas curiosidades: Prithviraj Kapoor, que no filme faz o pai de Raj, é mesmo pai de Raj Kapoor na vida real. Além disso, o ator que faz Raj criança é Shashi Kapoor, irmão mais novo de Raj Kapoor. Foi neste filme que a super estrela Helen apareceu pela primeira vez no cinema indiano, como coadjuvante do clipe Naiya Teri Majhdhaar (ok, ela apareceu, mas ninguém pode identificá-la). Raj Kapoor é considerado o Chaplin da Índia, e de fato as referências a Chaplin aparecem em alguns momentos neste filme.


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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Mostra de Cinema Indiano Contemporâneo no Rio de Janeiro

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Caros, após nossa Mostra de Bollywood e Cinema Indiano em São Paulo, agora é a vez do Rio de Janeiro sediar a excelente Mostra Cinema Indiano Contemporâneo, que ocorrerá na Caixa Cultural, entre os dias 10 e 22 de agosto.

A curadoria desta mostra foi feita por Gisella Cardoso, que selecionou filmes realmente imprescindíveis pra quem quer conhecer ou se aprofundar no que anda acontecendo nos anos recentes lá pelo cinema da Índia. E esta mostra do Rio ainda contará com dois debates, que ocorrerão nos dias 12 e 19. O segundo contará com minha presença.

Confiram abaixo a programação completa. No final, há mais detalhes também sobre os participantes dos debates, além de sinopses de cada um dos filmes. Pra mais informações, não deixem também de acessar o próprio blog da mostra do Rio, aqui. Cariocas e fluminenses, não percam!

Mostra Cinema Indiano Contemporâneo
Caixa Cultural RJ - 10 a 22 de agosto de 2010
Av. Almirante Barroso, 25, estação Carioca do metrô.
Sala 01

Terça, 10 AGO
13h - Confinados, de Mrinal Sen (Antareen, Índia, 1994, cor, 35mm, 90 min, livre) 
15h - Lagaan - A coragem de um povo, de Ashutosh Gowariker (Lagaan - Once Upon a Time in India, Índia, 2001, cor, 35mm, 224 min, livre) 
19h - Laços, de Nagesh Kukunoor (Dor, Índia, 2006, cor, 35mm, exibição em digital, 147 min, livre) 

Quarta, 11 AGO
13h - A Terrorista, de Santosh Sivan (Theeviravaathi: The Terrorist, Índia, 1999, cor, 35mm, exibição em digital, 95 min, 12 anos)
15h - Faça o que seu coração mandar, de Farhan Akhtar (Dil Chahta Hai, Índia, 2001, cor, 35mm, exibição em digital, 180 min, livre)
18h30 - Devdas, de Sanjay Leela Bhansali (Devdas, Índia, 2002, 35mm, 180 min, 12 anos) 

Quinta, 12 AGO
12h - Você não está sozinho, de Rakesh Roshan (Koi... Mil Gaya, Índia, 2006, 176 min, livre)
15h30 - Iqbal, de Nagesh Kukunoor (Iqbal, Índia, 2005, cor, 35mm, exibição em digital, livre)
18h - Bombaim, de Mani Ratnam (Bombay, Índia, 1995, cor, 35mm, 141 min, 12 anos)
+ Debate: A Índia e o cinema: de Bollywood a Calcutá, com Humberto Giancristofaro, José Carlos Monteiro e Raquel Valadares. Mediado por Gisella Cardoso.

Sexta, 13 AGO
13h30 - A rainha dos bandidos, de Shekhar Kapur (Bandit Queen, Índia, 1994, cor, 35mm, exibição em digital, 119 min, 16 anos)
16h - Siga em frente Munna Bhai, de Rajkumar Hirani (Lage Raho Munna Bhai, Índia, 2006, cor, 35mm, exibição em DVD, 144 min, livre)
19h - Do coração, de Mani Ratnam (Dil Se, Índia, 1998, 35mm, cor, 163 min, 12 anos)

Sábado, 14 AGO
10h15 - Como estrelas na Terra (Taare Zameen Par, Índia, 2007, cor, 35mm, exibição digital, 165 min)
13h30 - Zubeidaa, de Shyam Benegal (Zubeidaa, Índia, 2001, cor, 35mm, 150 min, livre)
16h30 - Um beijo na bochecha, de Mani Ratnam (Kannathil Muthamittal, Índia, 2002, cor, 35mm, 130 min, livre)
19h30 - Maqbool, de Vishal Bhardwaj (Maqbool, Índia, 2003, cor, 35mm, exibição em digital, 132 min, 12 anos)

Domingo, 15 AGO
14h - Sr. e sra. Iyer, de Aparna Sen (Mr. and Mrs. Iyer, Índia, 2002, cor, 35mm, 120 min, livre)
16h30 - Três Idiotas, de Rajkumar Hirani, (3 Idiots, Índia, 2009, cor, 35mm, exibição em digital, 164 min, livre)
19h30 - Dança das sombras, de Adoor Gopalakrishnan (Nizhalkkuthu, Índia, 2002, cor, 35mm, 90 min, livre)

Terça, 17 AGO
13h - Faça o que seu coração mandar, de Farhan Akhtar (Dil Chahta Hai, Índia, 2001, cor, 35mm, 180 min, livre)
16h30 - A rainha dos bandidos, de Shekhar Kapur (Bandit Queen, Índia, 1994, cor, 35mm, exibição em digital, 119 min, 16 anos)
19h30 - Confinados, de Mrinal Sen (Antareen, Índia, 1994, cor, 35mm, 90 min, livre) 

Quarta, 18 AGO
13h - Você não está sozinho, de Rakesh Roshan (Koi... Mil Gaya, Índia, 2006, 176 min, livre)
16h30 - Zubeidaa, de Shyam Benegal (Zubeidaa, Índia, 2001, cor, 35mm, 150 min, livre)
19h30 - Um beijo na bochecha, de Mani Ratnam (Kannathil Muthamittal, Índia, 2002, cor, 35mm, 130 min, livre)

Quinta, 19 AGO
13h30 - Iqbal, de Nagesh Kukunoor (Iqbal, Índia, 2005, cor, 35mm, exibição em digital, livre)
16h - Dança das sombras, de Adoor Gopalakrishnan (Nizhalkkuthu, Índia, 2002, cor, 35mm, 90 min, livre)
18h - Siga em frente Munna Bhai, de Rajkumar Hirani (Lage Raho Munna Bhai, Índia, 2006, cor, 35mm, exibição em DVD, 144 min, livre)
+ Debate: Para onde aponta o cinema indiano contemporâneo? Com Cora Ronai, Ibirá Machado e Tatiana Monassa. Mediado por Gisella Cardoso.

Sexta, 20 AGO
14h Maqbool, de Vishal Bhardwaj (Maqbool, Índia, 2003, cor, 35mm, exibição em digital, 132 min, 12 anos)
16h30 - Sr. e sra. Iyer, de Aparna Sen (Mr. and Mrs. Iyer, Índia, 2002, cor, 35mm, 120 min, livre)
19h - Três idiotas, de Rajkumar Hirani (3 Idiots, Índia, 2009, cor, 35mm, exibição em digital, 164 min, livre)

Sábado, 21 AGO
10h15 - Como estrelas na Terra, de Aamir Khan (Taare Zameen Par, Índia, 2007, cor, 35mm, exibição digital, 165 min)
13h30 - A Terrorista, de Santosh Sivan (Theeviravaathi: The Terrorist, Índia, 1999, cor, 35mm, exibição em digital, 95 min, 12 anos)
15h30 - Lagaan - A coragem de um povo, de Ashutosh Gowariker (Lagaan - Once Upon a Time in India, Índia, 2001, cor, 35mm, 224 min, livre)
19h30 - Bombaim, de Mani Ratnam (Bombay, Índia, 1995, cor, 35mm, 141 min, 12 anos)

Domingo, 22 AGO
12h - Laços, de Nagesh Kukunoor (Dor, Índia, 2006, cor, 35mm, exibição em digital, 147 min, livre)
15h - Do coração, de Mani Ratnam (Dil Se, Índia, 1998, 35mm, cor, 163 min, 12 anos)
18h - Devdas, de Sanjay Leela Bhansali (Devdas, Índia, 2002, 35mm, 180 min, 12 anos) 
 
Debates
 
Debate 1 - Dia 12, às 20h20: A Índia e o cinema – de Bollywood a Calcutá
Este primeiro debate buscará falar dos costumes, da cultura e do modo de pensar indiano através dos filmes e cineastas presentes na mostra, apresentando assim as diferentes indústrias existentes no país; e abordando também o modo com que os conflitos e anseios dessa sociedade estão refletidos no seu cinema.
Com Humberto Giancristofaro e Raquel Valadares. Mediado por Gisella Cardoso.

Gisella Cardoso, curadora da presente mostra, é formada em cinema e comunicação e realizou a coordenação e curadoria também das mostras “Paulo José – 40 anos de cinema” (2005), “Olhares Neorrealistas”(2007), e “Nouvelle Vague Indiana” (2008-2009), todas realizadas nos CCBB de Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.

Humberto Giancristofaro é professor de ioga, filosofia e cultura indiana, certificado em 1999 na Yoga-Vedanta Forest University em Rishikesh, Himalaya, Índia. Bacharel em Filosofia na UFRJ e Universidade Paris VIII. É sócio-colaborador da Questão de Crítica – revista eletrônica de críticas e estudos teatrais.

José Carlos Monteiro é professor na Universidade Federal Fluminense. Foi crítico no Globo, Jornal do Brasil e Istoé, editor das revistas Filme Cultura e Guia de Filmes, e escreveu vários ensaios, entre os quais História Visual do Cinema Brasileiro.

Raquel Valadares é bacharel em cinema pela Universidade Federal Fluminense. Dirigiu o documentário Corpo de Bollywood, o povo quer cinema (2007), sobre o cinema popular indiano, e que foi rodado no próprio país; trabalhou como assistente de direção na novela Caminho das Índias (2009), de Glória Perez e Marcos Schechtman; e atualmente faz a pesquisa do programa Um pé de quê?, edição especial “Japão”, de Estevão Ciavatta e Regina Casé.

Debate 2 – Dia 19 agosto, quinta, às 20h20: Para onde aponta o cinema indiano contemporâneo?
A intenção desse segundo debate é pensar o que esse cinema traz de novo e particular em termos de linguagem, fazendo uma análise sobre a inventividade e abstração dos filmes tanto a partir dos grandes sucessos de Bollywood, quanto a partir dos outros núcleos cinematográficos presentes na mostra, especialmente o cinema mayalam e tâmil.
Com Cora Ronai é colunista no Globo  Ibirá Machado e Tatiana Monassa. Mediado por Gisella Cardoso.

Cora Ronái é colunista do Globo, e escreve diariamente no blog coraronai.blogspot.com, onde escreve muito sobre a Índia.

Ibirá Machado é formado em geografia pela Universidade de São Paulo e pesquisados de cultura indiana. Em 2008 ele criou a primeira página em português na internet sobre o cinema indiano, cinemaindiano.blogspot.com, hoje o mais completo espaço voltado para o cinema indiano no Brasil. Foi curador da Mostra de Bollywood e Cinema Indiano de São Paulo.

Tatiana Monassa é editora da revista eletrônica Contracampo. Editou os catálogos das mostras “Assim Canta Bollywood” (CCBB-DF, 2005) e “As Muitas Faces de Jece Valadão” (CCBB-RJ, 2006). Escreve para diversos catálogos de mostras de cinema, além de ministrar aulas e workshops, e participar de processos de seleção de filmes.
 
Sinopses

A Rainha dos Bandidos, de Shekhar Kapur (Bandit Queen, 1994, cor, dvd, 119 min, 14 anos)
- A história real de Phoolan Devi, uma mulher que, como tantas na Índia, sofreu horrores por ser mulher e por ser de casta tida como inferior, e acabou por tornar-se uma conhecida justiceira. Dias 13 e 17

Bombaim, de Mani Ratnam (Bumbai, 1995, cor, 35mm, 140 min, 12 anos)- Um homem hindu e uma mulher muçulmana de uma pequena aldeia se apaixonam, casam-se contra a vontade de suas famílias e mudam-se para Bombaim, onde enfrentam conflitos religiosos. Dias 12 e 21

Como estrelas na Terra, de Aamir Kahn ( Tare Zameen Par, Índia, 2007, cor, 35 mm, exibição em digital, dvd, 165 min.) Ishaan é um menino de oito anos que não consegue se concentrar na escola e que vive em um mundo próprio. Seus pais o enviam para um colégio interno para que seja “disciplinado”. Lá ele conhece um novo professor que o vê de modo diferente. Dias 14 e 21.

Confinados, de Mrinal Sen (Antareen, 1994, cor, 35mm, 91 min, livre) - Na superlotada Calcutá, todos devem limitar seu deslocamento, simplesmente devido à dificuldade de ir de um lugar a outro. Dias 10 e 17

Do coração, de Mani Ratnam (Dil Se..., 1998, cor, 35mm, 163 min, 12 anos) - Segundo a literatura árabe antiga, o amor é classificado em sete diferentes tonalidades. Do coração é uma viagem através destas 7 cores. Dias 13 e 22

A terrorista, de Santosh Sivan (Theeviravaathi: The Terrorist, 1999, cor, 35mm, exibição em digital, 90 min, 12 anos) - A história de um grupo terrorista não identificado que planeja o assassinato de um líder político através de uma mulher-bomba. Dias 11 e 21

Lagaan - a coragem de um povo, de Ashutosh Gowariker (Lagaan: Once Upon a Time in India, 2001, cor, 35mm, 224 min, livre) - A luta de camponeses – por volta do ano 1983, quando a Índia estava sob a égide britânica – que têm a oportunidade de cancelarem seus impostos sobre a terra caso vençam uma partida de críquete. Dias 10 e 21

Zubeidaa, de Shyam Benegal (Zubeidaa, 2001, cor, 35mm, 150 min, livre) - A busca de um jovem por saber quem era sua mãe através de pessoas que a conheciam e dos pertences que ela havia deixado para trás. Dias 14 e 18

Faça o que seu coração mandar, de Farhan Akhtar (Dil Chahta Hai, 2001, cor, 35mm, 183 min, livre) - A história de três amigos de faculdade e a transição de cada um para a vida adulta. Dias 11 e 17

Sr. e sra. Iyer, de Aparna Sen (Mr. & Mrs. Iyer, 2002, cor, 35mm, 120 min, livre) – É setembro de 2001, época de conflitos religiosos. Meenakshi Iyer e Raja Chowdhury se conhecem quando embarcam em um ônibus que carrega um pouco de toda a Índia. Dias 15 e 20.

Devdas, de Sanjay Leela Bhansali (Devdas, 2002, cor, 35mm, 180 min, 12 anos) - Saga épica que conta a história de um amor entre Devdas e Paro, antigos amigos de infância que se reencontram após muitos anos separados. Dias 11 e 22
Dança das sombras, de Adoor Gopalakrishnan (Nizhalkkuthu, 2002, cor, 35mm, 90 min, livre) - Na Índia o enforcamento é a pena máxima para um crime. Essa é história sobre um enforcador e seus dilemas. Dias 15 e 19.
Um beijo na bochecha, de Mani Ratnam (Kannathi Muthamuttal, 2002, cor/pb, 35mm, 130 min, livre) - Através do olhar da menina Amudha, Mani Ratnam apresenta um retrato da ilha de Sri Lanka na época da Guerra Civil. Dias 14 e 18.

Maqbool, de Vishal Bhardwaj (Maqbool, 2003, cor, 35mm, exibição em digital, 132 min, 12 anos) - O encontro de Macbeth de Shakespeare com o Poderoso Chefão, ambientada na Mumbai contemporânea. Dias 14 e 20.

Siga em frente Munna Bhai, de Rajkumar Hirani (Lage Raho Munna Bhai, 2006, cor, 35mm, exibição em digital, 144 min, livre) - O carismático gângster Munna Bhai conhece Mahatma Gandhi através de uma radialista por quem ele nutre uma paixão platônica. Dias 13 e 19.

Laços, de Nagesh Kukunoor (Dor, 2006, cor, 35mm, exibição em digital, 147 min, livre) - O encontro de duas mulheres que vêm de diferentes mundos, uma muçulmana e outra hindu. Dias 10 e 22.

Iqbal, de Nagesh Kukunoor (Iqbal, 2006, cor, 35mm, exibição em digital, 127 min, livre) - A história de Iqbal, um garoto surdo que sonha em ser jogador de críquete da seleção da Índia. Dias 12 e 19.

Você não está sozinho, de Rakesh Roshan (Koi... Mil Gaya, 2006, cor, 35mm, 176 min, livre) - Uma ficção científica de Bollywood que conta a história de um cientista que estabelece contato com alienígenas, contato retomado por seu filho anos depois. Dias 12 e 18.

Três idiotas, de Rajkumar Hirani (3 Idiots, 2009, cor, 35mm, exibição em digital, 164 min, livre)
Dois amigos embarcam em uma missão em busca de um terceiro amigo que está desaparecido há alguns anos. Dias 15 e 20.
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terça-feira, 3 de agosto de 2010

Trilogia de Apu em Joinville

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E a Trilogia de Apu caminha mais um pouco pelo Brasil, na verdade ainda pelo sul do país. A obra prima de Satyajit Ray retorna pro estado de Santa Catarina, mas dessa vez aporta no SESC de Joinville, a maior cidade do estado catarinense e capital da dança no Brasil.

Pra variar, fiquei sabendo disso em cima da hora, mas ainda dá tempo de conferir já hoje a primeira parte da Trilogia, que será exibida até quinta. Aí vai a programação do SESC Joinville:

Rua Itaiópolis, 470
CEP: 89204-100 - Joinville - SC
(47) 3441-3300 | (47) 3441-3302 

Considerado o grande mestre do cinema da Índia, Satyajit Ray é um desses nomes que figuram em todos os compêndios de história do cinema por méritos próprios. Premiado em Berlim, Cannes, Veneza e ganhador de um Oscar honorífico no ano de sua morte, 1992, sua carreira se extendeu durante 5 décadas, porém, o ponto culminante é a famosa Trilogia de Apu, rodada entre 1955 e 1959. 

A Canção da Estrada - Uma das obras-primas do cinema mundial, incompreensivelmente inédita no Brasil e nas Américas. Este filme foi a estréia espetacular de Satyajit Ray. Recuperada a finais dos anos 90, pois um incêndio destruiu os negativos originais, esta é a primeira fita, que deu origem a Trilogia de Apu. Nele se narra a comovente história de uma família de Bengali perseguida pela má sorte. O pai, Harihara, é um sacerdote mundano, curandeiro, sonhador e poeta. Sabajaya, a mãe trabalha para alimentar a uma família, que recebe com alegria e esperança a chegada de um novo filho, Apu. 

Data: Terça, dias 03
Cine SESC – Trilogia de Apu
Filme: A Canção da Estrada (Drama, 122’)
Local: Teatro SESC Joinville
Horário: 19h30
Classificação Etária: 14 anos
ENTRADA FRANCA

Aparajito - Como os outros títulos da Trilogia de Apu, é também inédito nas Américas, mas que desde sua estréia nunca deixou de aparecer entre os Cem Melhores Filmes da História. Recuperada nos finais dos anos 90, pois um incêndio também destruiu os negativos originais, este filme foi realizado por Satyajit Ray por causa do sucesso de PATHER PANCHALI (A Canção da Estrada) e mostra a juventude de Apu em Benaré, seu desejo de independer-se e estudar em Calcutá, para poder levar uma vida diferente da que havia conhecido com seus pais. 

Data: Quarta, dia 04
Cine SESC – Trilogia de Apu
Filme: O Invencível (Drama, 127’)
Local: Teatro SESC Joinville
Horário: 19h30
Classificação Etária: 14 anos
ENTRADA FRANCA

Apur Sansar (O Mundo de Apu) - Com esse filme, Satyajit Ray concluiu a Trilogia de Apu e assim criou a melhor e mais bela trilogia da História do Cinema. Apu logrou tragicamente sua ânsia de independência e sente reforçada sua ânsia de conhecimento. Os desejos de escrever, sonhar e amar parecem cumprir-se ao conhecer Aparna e contrair matrimônio. Recuperada no final dos anos 90, depois do incêndio que destruiu os negativos originais, é uma obra-prima do cinema mundial, e uma das mais ternas e sensíveis histórias de amor, que, até a presente edição, permanecia inédita nas Américas. 

Data: Quinta, dia 05
Cine SESC – Trilogia de Apu
Filme: O Mundo de Apu (Drama, 101’)
Local: Teatro SESC Joinville
Horário: 19h30
Classificação Etária: 14 anos
ENTRADA FRANCA
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Alegra-me o dia, Jayalalithaa!

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Não fosse nossa amiga do Grand Masala, este texto com este simpático título não teria vindo a nós e teríamos perdido a chance de agregar um tanto de coisas curiosas e não menos simpáticas, num post tão curto. Trata-se de um blog galego, chamado Sei o que nos figestes..., com vários colaboradores. Este texto que se segue é de autoria de Joaquim Reboiras, que teve a capacidade de escrever uma super curiosa postagem que eu não me contive em querer trazer aqui pra vocês. Fora o vídeo que ela traz, que é tão simpático quanto. E isso tudo num contexto ultra pertinente, quando a Catalunha, parte do mesmo país do qual a Galiza também faz parte - a Espanha -, aprovou o fim das touradas em seu território.

Não quis traduzir o texto ao nosso português, porque creio ser desnecessário. Leiam em galego, mesmo, que é mais rico pra todos nós. Alegra-me o dia, Jayalalithaa!:

"Estes dias em que a capital do Leres amanhece com o cham tingido de púrpura polo vinho das penhas e o sangue dos touros assassinados, lembramos de resgatar da rede e do desconhecimento do público esta curiosa visom das touradas que nos oferece a inesgotável fonte de surpresas que é o cinema indiano


O vídeo é um fragmento do filme do ano 1968 Kudiruntha Koil ("Templo de Refúgio"), realizado por K. Shankar e protagonizado pola super-estrela do cinema tâmil Maruthur Gopalan Ramachandran (mais conhecido pola siglas MGR), que chegaria a ser anos mais tarde ministro-chefe da Tamil Nadu (Terra dos Tâmiles), responsabilidade política que voltaria a ter em várias ocasions. O mesmo, curiosamente, podemos dizer de J. Jayalalithaa, a líndissima "touro" do filme, que ocupou também o posto de ministro-chefe e que de facto é na actualidade líder da oposiçom da Tamil Nadu.

A Índia, como é sabido, é um país com grande respeito pola diversidade linguística dos povos que a constituem, daí a existência deste cinema em língua Tâmil. E -como seguramente seja mais sabido- também guarda grande respeito polas vacas, animal que, como bem dizia Castelao, é o símbolo da Paz. Nada a ver com unha Espanha que, por direitas e por esquerdas, insiste em declarar a guerra à dignidade animal e à naçom galega.

Nom é por acaso, pensamos nós, que na simpática visom da Fiesta Nacional do vídeo de cima haja muitos toreros a mover trapinhos, mas nenhum com um estoque na mao. De facto, Jayalalithaa é 'derrotada' sem nenhum tipo de sofrimento e, o que é melhor, isto só acontece depois de levar por diante uns quantos 'matadores'. Oxalá fosse assim em todas as touradas, ou, ainda, oxalá que tudo isto nom existisse. Entretanto, nós gostamos mais de touradas como as da Índia, e nom a paletada de Ponte Vedra."
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