terça-feira, 2 de novembro de 2010

Udaan (2010) - उड़ान

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Quando eu soube que Udaan viria pra 34a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, tudo o que pensei foi que muito dificilmente eu iria me decepcionar com esse filme. Eu havia lido muito pouco sobre e sabia somente que ele trazia em si praticamente a mesma equipe que havia feito Dev.D (2009) - e nada mais.

E então fui vê-lo no cinema e... mas que surpresa! De repente eu estava inesperadamente em frente de um dos mais sensíveis filmes indianos que já vi. Nos seus 30 e poucos anos, Vikramaditya Motwane fez uma incrível estreia na direção, após ter passado os últimos dez anos observando de perto o que ocorria de mais emblemático e determinante no cinema indiano.

Inicialmente, trabalhou como assistente de direção de, nada mais que, Sanjay Leela Bhansali em Hum Dil De Chuke Sanam (1999) e Devdas (2002). Em 2005, no entanto, acabou caindo no seio daquilo que aos poucos foi se configurando como o novo cinema indiano; ao lado de Anurag Kashyap, escreveu os roteiros dos filmes Dhan Dhana Dhan Goal (2007) e, posteriormente, de Dev.D (2009). Foi então que, com a bagagem nas costas, escreveu Udaan e assumiu a responsabilidade de também dirigi-lo, sozinho. E Anurag Kashyap também apostou suas fichas, fazendo de Udaan o primeiro filme produzido por sua recém-fundada produtora. O resultado deu - extremamente - certo.

O filme conta a história de Rohan (Rajat Barmecha), quando, nos seus 17 anos, é expulso do colégio interno com mais três amigos. De volta pra casa, em Jamshedpur, revê o pai (Ronit Roy) que não via nos oito anos em que esteve no internato, além de descobrir que teria que dividir quarto com Arjun (Aayan Boradia), um meio irmão, de sete anos, que não sabia existir. Mas muito pior seria descobrir as regras que o mais que intransigente pai impunha. O sonho de ser escritor não existia frente à imposta ordem de trabalhar na fábrica do pai pela manhã e estudar engenharia pela tarde.

E é nessa realidade que Rohan vai levar o filme pra gente, até o fim. Udaan, em hindi, significa "voar", e é nesse tentando voar com asas cortadas que somos entregues a uma angústia desesperadora e brilhante.

Desesperadora porque não encontramos esperança e a solução mais viável pode parecer ser a menos desejada a um ser humano. Porém brilhante, porque a fuga, o alento e o afeto podem surgir por caminhos inesperados. E é quando o voar acontece e Udaan se faz genial.

Fiquei impressionado com a atuação de todos no filme, mas especialmente de Rajat Barmecha, em absoluto, ou ele não seria jamais capaz de conduzir essa obra. O pequeno Aayan Boradia, também, é genial e imprescindível - ninguém deve perder a maestria e sutileza desse garoto. Aliás, são também imprescindíveis a excelente fotografia do filme e a perfeita trilha sonora, composta por Amit Trivedi e escrita por Amitabh Bhattacharya (com exceção da música "Motumaster", escrita por Anurag Kashyap).

Udaan foi muito bem recebido pela crítica indiana, com ótimos retornos até dos mais criteriosos. E após sete anos, este filme marcou o retorno de um filme indiano ao Festival de Cannes, tendo sido exibido em 2010 na categora "Um Certo Olhar", do Festival.

Não percam, e acho que não preciso dizer mais nada.

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8 comentários:

Anônimo disse...

Eu acho seu blog fascinante! Continue assim :)

Isabela disse...

Tá, eu menti pra você no MSN. Fiquei com vontade de ver sim. Ainda mais quando li o "trilha sonora perfeita". Meu lado fútil quer dizer que o cara parece ser bonitinho e o menininho é uma graça.

Não tem disponível pra baixar nem em sonho, né? Ou tem? :3

Post curto, mas eu perdoo. ;*

Ibirá Machado disse...

Lina, obrigado! E espero te ver mais vezes por aqui!

Isa, obrigado por falar a verdade pra mim, antes tarde do que nunca! E pode confiar no seu lado fútil, também, ele pode dizer a verdade ;)

E acho que tem pra baixar, sim. A Carol tava dizendo que baixou, só não tinha visto ainda.

Maryssol disse...

Fiz download do filme e quando fui abrir pra ver, afinal não era o filme. Fiquei com uma raiva!!!!!! Estou outra vez a baixar o filme e espero que desta vez seja o certo, pois depois de ler o texto estou aqui, morrendo de curiosidade.

Ibirá Machado disse...

Espero que você consiga vê-lo, Maryssol! Depois volte aqui pra contar o que achou :)

Unknown disse...

"Um dos mais sensíveis filme que já vi",mister Ibirá??Mais do que TZP? Estou curiosa pra saber?? Realmente seu blog é maravilhoso, nos deixa ansiosas por ver cada filme...

Ibirá Machado disse...

"Um dos", Lucia, não O mais ;)
De qualquer forma, são filmes com propostas diferentes e sensibilidades diferentes. Cada um é muito bonito à sua maneira.

E obrigado!

Larissa disse...

onde acho a trilha sonora do filme?