terça-feira, 5 de agosto de 2008

Sant Dnyaneshwar e Sant Tukaram

Como praticamente todos os filmes do período pré-independência da Índia (antes de 1947), e também um pouco depois, Sant Dnyaneshwar aborda temas do hinduísmo, neste caso contando a história de vida de uma grande alma que viveu no Maharashtra por volta dos anos de 1300 d.C.. Dnyaneshwar não chega a ser exatamente chamado de guru, mas de santo (sant, em sânscrito), como alguns outros na história do país, por serem claramente iluminados, verdadeiros mensageiros de Deus. Sant Dnyaneshwar é muito adorado no Maharashtra, sendo considerado, inclusive, o responsável por traduzir os livros sagrados, como a Gita, do sânscrito para o marathi, de forma que o povo tivesse mais acesso às mensagens divinas.



No Maharshtra é também possível encontrar uma estátua de Dnyaneshwar na entrada das universidades, pois ele também é considerado o pai do conhecimento naquele estado.

Este filme, de 1940, foi uma produção da própsera Prabhat Films, que filmou também Sant Tukaram, citado na última postagem. Rodado em marathi, Sant Tukaram foi a primeira produção indiana a ganhar o prêmio de melhor filme no Festival de Veneza, em 1936.



Tukaram foi outra alma iluminada do estado do Maharashtra, que viveu entre os séculos XVI e XVII. Tukaram acabou ganhando também maior relevo nas páginas da história daquele estado após Shivaji tomar conhecimento dele. Shivaji é considerado o mais importante marajá que o Maharashtra já teve, aponto de ser possível encontrar estátuas suas até nas mais insignificantes vilas, sem contar o nome do aeroporto e da antiga e famosíssima Victoria Terminus de Mumbai (Chhatrapati Shivaji International Airport e Chhatrapati Shivaji Terminus). Tukaram acabou tornando-se guru de Shivaji e é até hoje amado pelo povo marathi. Numa feliz coincidência, eu tive a grande sorte de visitar seu templo, próximo a Pune, bem no dia em que comemoravam-se os 400 anos de sua morte, e vi a fé do povo por esse santo.

Pela forte devoção do povo pelos mitos do hinduísmo e pelos gurus de sua história, somente esses tipos de filmes poderiam fazer sucesso nessa época. Hoje, porém, a ocidentalização acaba por trazer novas necessidades, novos conceitos, novos gostos. Os filmes de hoje, portanto, feitos como produtos a serem consumidos, acompanham e ditam o rumo das tendências culturais. Não que as religiões e culturas locais fiquem em segundo plano, mas a cultura se movimenta, agrega e desagrega o que lhe convém, trazendo para a pauta o amor que eles não podem sentir, ou sentem mas não podem expressar.

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