Muito além dos infinitos “woods” das indústrias regionais de cinema da Índia, existe também o cinema paralelo indiano, como chamam. São criações de diretores independentes, em sua maioria com produtoras próprias, mas nem sempre classificados como cinema de arte (muito embora, ao menos no Brasil, as videolocadoras coloquem até mesmo filmes de Bollywood na sessão de Arte). Apesar de grande parte do cinema independente indiano ter sido produzido em estados como West Bengal (bengalês) e Kerala (malayalam), são os diretores de filmes em hindi que acabam fazendo, hoje, mais sucesso no exterior, destacando-se Mira Nair e Deepa Mehta.
Dos anos 50 aos 80, havia apoio financeiro, por parte do governo, para as produções paralelas do cinema indiano. Foi desse período que saiu a obra que até hoje é reconhecida como o melhor exemplo do cinema de arte indiano, a Trilogia de Apu, de Satyajeet Ray (veja postagem exclusiva sobre este diretor bengalês). Mas antes de Ray, foram pioneiros no cinema paralelo indiano os diretores Khwaja Ahmad Abbas, Chetan Anand, V. Shantaram e Bimal Roy. Também já citado anteriormente, destacaram-se no cinema de arte os malayalam Adoor Gopalakrishnan e M.T. Vasudevan, dentre outros já mencionados.
Principalmente nos anos 50 e 60, primeiras décadas pós-independência, o governo tinha interesse no financiamento de filmes sérios, que pudessem retratar, de modo realista, a vida indiana, e, eventualmente, construir uma identidade nacional, ou regional. Em verdade, esse era um movimento mundial, num planeta pós-guerra. No Brasil, nossa suposta identidade nacional foi, também, forjada nesse mesmo momento.
Hoje a produção independente da Índia não é mais tão produtiva quanto já foi um dia. Em parte, isso é reflexo da falta de investimentos públicos para isso, em parte por falta de interesse do próprio público indiano e, talvez, em parte também pela recente mudança nos filmes comerciais, que estão, gradualmente, ficando mais sérios e bem elaborados. Os antigos filmes de arte acabam, hoje, servindo como ótimos instrumentos de análise para os estudantes universitários e pesquisadores, que os utilizam como referências para estudos de mudanças demográficas, comportamentais e socioeconômicas da população indiana, tal eram seus realismos.
Como já ressaltado, o cinema paralelo da Índia é hoje reconhecido pelas obras de duas indianas, Deepa Mehta e Mira Nair. A primeira ficou famosa por sua trilogia Fire, Earth e Water, este último indicado ao Oscar de melhor filmes estrangeiro em 2007. Já os filmes de Nair são bem mais ao estilo ocidental de Hollywood (ela mesma mora hoje em Nova Iorque) e, de forma geral, seguem um tema comum que é mostrar o conflito sociedade indiana-sociedade ocidental. No entanto, o que mais fez sucesso é Monsoon Wedding (Um Casamento à Indiana), de tema completamente indiano.
2 comentários:
Muito bons, já vi Earth e Water, são lindos!!! e corajoso da parte da Deepa Metha abordar os temas de que falam esses filmes. Mossom Weding também é bem corajoso ao abordar temas como o namoro da protagonista com um homem casado e o abuso sexual de crianças, além de toda a problemática de um casamento arranjado.Não é a toa que eles são produções independentes. Verônica.
que coisa...
estou nesse exato momento gravando os filmes da Deepa Mehta... :p
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