segunda-feira, 29 de março de 2010

Dibakar Banerjee lança mais um filme para abalar as estruturas

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Depois de Oye Lucky! Lucky Oye! (2008), Dibakar Banerjee lança seu terceiro filme que já está provocando certos reboliços nas altas classes conservadoras indianas. Love Sex aur Dokha (Amor, Sexo e Traição), como o próprio nome já indica, traz consigo temas ainda não bem aceitos por fora das quatro paredes indianas. No entanto, talvez pelas inovações de filmagem (novas na Índia, que fique claro), o filme acabou passando pela censura, embora com consideráveis cortes e mudanças impostas, incluindo a letra de uma das músicas. Este filme também entra para a história de Bollywood como o primeiro longa inteiramente digital.

Ainda não vi, mas acredito que ele não supere em qualidade a obra anterior de Banerjee, ao menos pelo que mostra o trailer e as sinopses. Mas esse filme vem mais com a missão de engrossar o caldo das mudanças no cinema indiano ou, para sermos justos, para ampliar ainda mais as perspectivas cinematográficas da Índia.

A seguir, leiam a reportagem que saiu na Reuters e foi traduzida na globo.com:

Filme de Bollywood ultrapassa barreira do sexo na Índia
da Reuters, por Tony Tharakan, na globo.com, 25/03/10

MUMBAI - Um novo filme de Bollywood despertou a atenção aos costumes sexuais em processo de mudança na Índia, abalando o público conservador ao exibir filmagens com câmera escondida e pressionando os limites da censura no país.

Love Sex aur Dokha é o mais recente de uma série de lançamentos de vanguarda que desfaz décadas de inibição na indústria cinematográfica indiana e muda dramaticamente a fórmula tradicional de romances com cenas musicais e dança, e sagas violentas de vingança.

O filme, que estreou nos cinemas indianos na semana passada em classificação adulta, gerou controvérsias com as imagens embaçadas de uma mulher nua e sequências voyeuristas em seus trailers.

O direotr Dibakar Banerjee diz que "Love Sex aur Dokha" é mais sobre as mudanças de atitudes do que sobre sexo. Ele diz que o filme explora a falta de privacidade no mundo moderno - onde telefones celulares podem capturar, e divulgar, momentos íntimos.

"O que minha câmera está fazendo é registrar uma história que está mudando diantes da câmera", diz Banerjee, "Antes, sexo ficava entre quatro paredes mas agora isso está mudando". Uma década atrás, quando um casal tímido estava para se beijar em cena, a câmera deslizava para duas flores interagindo levemente ou pássaros se bicando. O público indiano simplesmente assumiam que o casal havia realizado o ato".

Nesse sentido, o filme de Banerjee, com diversos atores desconhecidos, abriu novos caminhos com uma cena extensa de sexo que não conseguiu escapar completamente da censura. Mas é o uso de câmeras não convencionais - câmeras escondidas, câmeras de mão, câmeras de segurança em supermercados e mesmo as subaquáticas - que parece ter conquistado os críticos e gerou comparações com os sucessos de Hollywood como "Atividade Paranormal" e "A Bruxa de Blair".

A história é contada do ponto de vista da câmera, fazendo dela quase um personagem no roteiro que intercala três histórias - um estudante que se apaixona com a atriz protagonista do filme, um lojista que pega um funcionário em um escândalo de SMS e uma operação para flagar um astro de rock.

"O filme efetivamente expõe a flacidez da barriga que aparece em meio a esse perturbador preconceito na Índia central", disse o crítico Mayank Shekhar no jornal Hindustan Times. Apesar de os críticos concordarem que "Love Sex aur Dokha" marca um grande salto na Índia conservadora, será necessário mais do que alguns filmes para mudar a mentalidade

Quando o diretor Banerjee falou com sua mãe sobre o projeto, ela não repetiu o nome do filme porque não queria usar a palavra "sexo".

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10 comentários:

Anônimo disse...

Eu gosto de musica e dança, gosto do estilo indiano de se fazer sucesso, até fiquei tristonha com MNIK sem coreografia, gosto de filmes de 3 ou 4 horas de duração.

Mas amo quando alguem faz um filme mais político, mas lado B, ai sim a gente aprende mais sobre qualquer país. Filmes que levam multidões as salas de cinemas mostram a válvula de escapa, o sonho não realizado, conforta a alma.
Filmes políticos desafiam os costumes, cutucam a ferida e nos mostrar onde esta o erro, o preconceito.


Eu amo cinema...

Ibirá Machado disse...

É por isso que eu insisto que é um engano dizer que o cinema indiano está mudando. O que está ocorrendo é uma diversificação, e isso é muito rico!

bárbara disse...

Ai, eu tenho medo que estes filmes mais alternativos/sérios acabem por matar a fantasia alienada de Bollywood. Mas isso não vai acontecer, pois não?
Pois não? ;_;

Ibirá Machado disse...

Não, Barbie, eu realmente não acredito que vá acabar a fantasia alienada. Basta ver tudo o que se produz aí em massa. Se até aqui no Brasil o que mais faz sucesso são as novelas com historinhas de amor, independente de sexo ou atores gostosões, o que dizer da Índia!

Don't worry!

bárbara disse...

Ah, então fico mais descansada!

Lib disse...

Esse filme esta no ciruito de cinemas ou so encontro em cineclubes? Vou para Calcuta dia 20, quero ver. :) Alias, se puder me recomendar algum filme indiano que nao seja Bollywood, amaria. To procurando o novo da Deepa Mehta. Mas acho que so em Calcuta, mesmo. Valeu!

Ibirá Machado disse...

Olha, eu não sei ao certo em que tipo de sala ele ficou em cartaz, mas já te digo que será um pouco difícil encontrá-lo, já que você irá à Índia depois de um mês da estreia... os filmes não muito famosos não costumam ficar muito tempo em cartaz... mas tente encontrar!!! Se você assistir, não deixe de voltar aqui pra deixar um comentário! :)

E boa viagem! ;)

Ibirá Machado disse...

Ah, sim, e você perguntou a respeito de outros filmes indianos que não sejam de Bollywood, eu não entendi se você queria saber de lançamentos atuais ou de qualquer época... bom, mas de qualquer forma, acho que nesse caso a melhor forma é nos comunicarmos por email. Me escreva pra: cinemaindiano@gmail.com

Indi(a)screet disse...

Lucy in the Sky with Diamonds :)

Ibirá Machado disse...

Sim! :)