domingo, 4 de julho de 2010

Mani Ratnam, a Joia do Cinema Indiano

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Na próxima terça-feira, dia 6 de julho, tem início em São Paulo a IV Mostra de Bollywood e Cinema Indiano que, dentre vários filmes, trará duas obras de Mani Ratnam. Um dos dois, inclusive, o multipremiado Kannathil Muthamittal, abrirá a Mostra às 18h da terça-feira. O outro é o dispensa apresentações Dil Se, que terá sua primeira exibição no sábado, dia 10, às 16h.

Bom, e fiz essa introdução pra trazer a vocês um texto que caiu em minhas mãos essa semana, falando sobre Mani Ratnam. Como é raro falarmos aqui de diretores, achei muito propício aproveitar a chegada da Mostra para falarmos sobre ele. O texto original está em inglês, confiram abaixo a tradução livre dele.

A Joia do Cinema Indiano
por Parvathi Nayar, do AsiaOne

Mani Ratnam é um cineasta de características únicas, é um artista com integridade e que ainda consegue ser um sucesso comercial. Nascido em 1956 em Madurai, no Tamil Nadu, Ratnam trabalhou na área da admistração antes de ter sua estreia no cinema kannada, com o filme Pallavi Anu Pallavi, em 1983. No entanto, foi com Mouna Raagam (1986) que ele provou o sucesso no cinema tamil - posição que se consolidou com Nayagan, estrelando Kamal Hassan, que foi incluído na lista dos 100 melhores filmes de todos os tempos da revista Time.

Muitos dos filmes de Ratnam foram inspirados em eventos reais... Iruvar baseou-se nos ícones do cinema e política tâmeis M.G. Ramachandran e Karunanidhi. Curiosamente, Menon, que trabalhou com ele como cinematógrafo nos filmes Bombay e Guru disse: "Quando você o conhece, ele não passa a você nenhum de seus ideais políticos, mas percebe-se que ele é politicamente esclarecido - e então inevitavelmente seus filmes trazem fortes diálogos políticos com seus espectadores, assim como traz histórias do sofrimento humano".

Desta forma, Ratnam não tem medo de controvérsias, como por exemplo ocorreu em Bombay, uma história de um casal hindu-muçulmano durante os atentados em Mumbai, em 1993.

Menon sugere que Ratnam traz em si um tanto da tradição indiana de contar histórias, seja em figuras arquetípicas, como em Mother India, ou mesmo no seu Raavan, com épicos indianos. E mesmo no começo de sua carreira, com o filme Thalapathi, os protagonistas trazem um paralelo à relação de Karna e Arjuna, no épico Mahabharata.

Ratnam costuma ser muito elogiado pela capacidade memorável de extrair belas performances de seus atores. Ele é categórico na escolha de seu elenco - em uma entrevista disse que o ator correto no papel correto é já meia batalha vencida - e deposita extrema confiança em seus atores. Em outra entrevista, Ratnam explicou: "Não sou um diretor que se mostra. Eu discuto o papel e a cena com meus atores e deixo que eles tragam tudo à vida".

Dentre os talentos que Ratnam trouxe ao mundo está A.R. Rahman, quando ele estreou na trilha sonora de Roja. O resto já é história.

Ratnam tem a capacidade de inspirar as pessoas que estão por trás e em frente às câmeras a buscar novos patamares. Suas colaborações com o cineasta P.C. Sreeram, por exemplo, que também incluiu Nayagan, foram notáveis por trazer várias inovações em técnicas cinematográficas.

Ratnam estreou no cinema hindi com Dil Se, estrelando Shahrukh Khan e apresentando Preity Zinta ao estrelato, fazendo também indianos de todo o mundo ficarem viciados com a música Chaiyya Chaiyya. No entanto, foi fazendo seu segundo filme hindi, Yuva, que Ratnam teve seu primeiro enfarto.

Internacionalmente, Ratnam tem uma excelente projeção. Em 1994, por exemplo, ele já foi digno de merecer uma retrospectiva de seus filmes tâmeis no Festival Internacional de Cinema de Toronto. Ainda assim, ele também já foi bem criticado por exagerar no visual de seus filmes, ao que ele responde que: "fazer um filme visualmente interessante não é um pecado! Isso é o que todos deveriam estar fazendo. A ideia não é fazer o visual dominar, mas trazer um panorama agradável à sua história".

Não é exatamente a perfeição que Ratnam busca; como ele também já explicou, ele busca alguma "mágica em cada cena". Ele não quer que seus filmes sejam algo que foi fotografado, mas sim alguma coisa que "apenas aconteceu" e que então foi capturada no filme.

Capturada no filme, aliás, foi também o que ocorreu com sua esposa, Suhasini, que diz que "Mani é muito romântico". Eles se conheceram quando ele tinha 33 anos e ela, sobrinha de Kamal Hassan, era já uma famosa atriz. Eles se casaram em 1988 e têm hoje um filho de 18 anos, chamado Nandhan Mani Ratnam. Ele e a esposa gerenciam a produtora Madras Talkies, que coproduziu Raavan.

O cineasta P. Jayendra, que é cofundador da Real Image, diz que Ratnam é meticuloso e obsessivo com os detalhes. Ele trabalha em cada aspecto do filme com um fervor religioso. De fato, essa dedicação com os detalhes pode mesmo ser vista em cada coisa que ele faz - mesmo no golfe.

Simultaneamente filmado em hindi, tamil e telugu, o filme Raavan teria sido inviável se Ratnam não tivesse os olhos pros detalhes como ele tem. Pra ele, dublar filmes não funcionou no passado. "Dublar um filme exige muitas coisas que acabam por comprometer a flexibilidade da produção", disse.

Enquanto seu novo filme já foi anunciado - Azaan, com Ranbir Kapoor - os fãs ainda correm pro cinema pra ver as diferentes versões de Raavan. E decepcionar-se é difícil; os filmes de Ratnam são uma combinação de forte entretenimento e realismo, com assuntos complexos e e histórias simples ao mesmo tempo.
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2 comentários:

bárbara disse...

Muito bom! É o meu realizador fétiche :)

Ibirá Machado disse...

:)