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Fui assistir na mostra o filme Bombay, de Mani Ratnam (Dil Se, Guru). O filme é de 1995 e foi feito num dos momentos de maior tensão entre o hinduísmo e o islamismo na Índia, que na verdade sempre existiu e vem crescendo. E quebrando um pouco com Bollywood, esse filme vem de Kollywood, a indústria de filmes tamil, mas em grande parte ele é falado em hindi, já que se passa quase todo em Mumbai.
Quando o filme começa, temos a impressão que se trata de mais um daqueles filmes indianos bobinhos, com paixões impossíveis, permeadas por cenas de música onde o casal canta com caras apaixonadas. No entanto, o desenrolar da história mostra cenas (muito) tensas, sobretudo porque são fatos reais (ou possíveis num fato que foi real).
Shekhar (Arvind Swamy) é hindu e se apaixona por uma garota de sua vila, no Tamil Nadu. Acontece que a garota é Shaila Bano (Manisha Koirala), de família muçulmana. Shekhar enfrenta a barreira religiosa e anuncia que quer casar-se com ela, mas é óbvio que tal anúncio provoca a ira profunda dos pais de ambos os lados, que jamais aceitariam um casamento entre religiões. Shekhar e Shaila Bano, ainda assim, vão embora pra Mumbai, onde Shekhar já estudava jornalismo. Lá, eles casam-se no cartório, sem nenhuma festa ou celebração, de nenhuma das religiões.
O tempo vai passando e Shaila dá a luz aos gêmeos Kabir Narayan e Kamal Basheer (cada um ganhou um nome hindu e um muçulmano cada). Eles crescem não sendo educados especificamente em nenhuma das duas religiões. Um belo dia, após os conflitos de Ayodhya (que de fato aconteceram, em 1992, quando uma mesquita foi destruída por nacionalistas hindus, que dizem que ali havia o templo dedicado a Rama, no local onde ele teria nascido), começaram a ocorrer ataques armados tanto de muçulmanos contra hindus quando de hindus contra muçulmanos.
Nenhuma religião ali se portava melhor que a outra. O filme vai ficando cada vez mais tenso quanto mais tensas passam a ser os massacres que vão acontecendo. Em certo momento lembrei das cenas do filme Gandhi, que mostra também o conflito entre hindus e muçulmanos, com ambos se matando estupidamente.
De repente, quando até a casa deles é atingida pelos ataques, eles fogem e as crianças se perdem dos pais. Depois até as crianças se perdem uma da outra. O passar dessas cenas é um dos momentos mais emocionantes do filme, intercalando cenas de desespero dos pais atrás dos filhos, da inocência os gêmeos que não compreendem e não se identificam com nenhuma daquelas religiões que estão se matando, do desespero das crianças sem os pais e sem um ao outro, da compaixão de algumas pessoas que se prestam a ajudar as crianças e os pais e, mais importante, dos que quase se martirizam em nome do fim daquele conflito sem sentido.
Embora no começo do filme as cenas de música sejam nada mais do que mais do mesmo do cinema indiano, depois, quando o filme fica tenso, a música vem pra rechear a imagem de mais emoção, dessa vez sem letras. E quem faz esse trabalho é nada mais que A.R. Rahman, o músico indiano que acaba de ganhar dois Oscars com Quem Quer Ser um Milionário?. A música tema do filme Bombay acabou virando grande referência para todo o cinema indiano e foi um dos fatores que destacou Rahman como bom compositor de trilhas sonoras.
Talvez eu não devesse, mas como não achei trailer desse filme, resolvi postar essa cena, uma das mais bonitas, quando os gêmeos se reencontram. E em seguido vai uma gravação da música tema do filme, que Rahman tocou ao vivo em Los Angeles. A música é realmente bonita.
Fui assistir na mostra o filme Bombay, de Mani Ratnam (Dil Se, Guru). O filme é de 1995 e foi feito num dos momentos de maior tensão entre o hinduísmo e o islamismo na Índia, que na verdade sempre existiu e vem crescendo. E quebrando um pouco com Bollywood, esse filme vem de Kollywood, a indústria de filmes tamil, mas em grande parte ele é falado em hindi, já que se passa quase todo em Mumbai.
Quando o filme começa, temos a impressão que se trata de mais um daqueles filmes indianos bobinhos, com paixões impossíveis, permeadas por cenas de música onde o casal canta com caras apaixonadas. No entanto, o desenrolar da história mostra cenas (muito) tensas, sobretudo porque são fatos reais (ou possíveis num fato que foi real).
Shekhar (Arvind Swamy) é hindu e se apaixona por uma garota de sua vila, no Tamil Nadu. Acontece que a garota é Shaila Bano (Manisha Koirala), de família muçulmana. Shekhar enfrenta a barreira religiosa e anuncia que quer casar-se com ela, mas é óbvio que tal anúncio provoca a ira profunda dos pais de ambos os lados, que jamais aceitariam um casamento entre religiões. Shekhar e Shaila Bano, ainda assim, vão embora pra Mumbai, onde Shekhar já estudava jornalismo. Lá, eles casam-se no cartório, sem nenhuma festa ou celebração, de nenhuma das religiões.
O tempo vai passando e Shaila dá a luz aos gêmeos Kabir Narayan e Kamal Basheer (cada um ganhou um nome hindu e um muçulmano cada). Eles crescem não sendo educados especificamente em nenhuma das duas religiões. Um belo dia, após os conflitos de Ayodhya (que de fato aconteceram, em 1992, quando uma mesquita foi destruída por nacionalistas hindus, que dizem que ali havia o templo dedicado a Rama, no local onde ele teria nascido), começaram a ocorrer ataques armados tanto de muçulmanos contra hindus quando de hindus contra muçulmanos.
Nenhuma religião ali se portava melhor que a outra. O filme vai ficando cada vez mais tenso quanto mais tensas passam a ser os massacres que vão acontecendo. Em certo momento lembrei das cenas do filme Gandhi, que mostra também o conflito entre hindus e muçulmanos, com ambos se matando estupidamente.
De repente, quando até a casa deles é atingida pelos ataques, eles fogem e as crianças se perdem dos pais. Depois até as crianças se perdem uma da outra. O passar dessas cenas é um dos momentos mais emocionantes do filme, intercalando cenas de desespero dos pais atrás dos filhos, da inocência os gêmeos que não compreendem e não se identificam com nenhuma daquelas religiões que estão se matando, do desespero das crianças sem os pais e sem um ao outro, da compaixão de algumas pessoas que se prestam a ajudar as crianças e os pais e, mais importante, dos que quase se martirizam em nome do fim daquele conflito sem sentido.
Embora no começo do filme as cenas de música sejam nada mais do que mais do mesmo do cinema indiano, depois, quando o filme fica tenso, a música vem pra rechear a imagem de mais emoção, dessa vez sem letras. E quem faz esse trabalho é nada mais que A.R. Rahman, o músico indiano que acaba de ganhar dois Oscars com Quem Quer Ser um Milionário?. A música tema do filme Bombay acabou virando grande referência para todo o cinema indiano e foi um dos fatores que destacou Rahman como bom compositor de trilhas sonoras.
Talvez eu não devesse, mas como não achei trailer desse filme, resolvi postar essa cena, uma das mais bonitas, quando os gêmeos se reencontram. E em seguido vai uma gravação da música tema do filme, que Rahman tocou ao vivo em Los Angeles. A música é realmente bonita.
2 comentários:
\o/
Gostei muito desse filme. Quem vê a primeira meia hora não dá nada pra ele mesmo rs. E que doido que justamente nessa cena dos gêmeos de pau no filme né!! Que cena linda.
Pois é, tivemos o grande azar de perder bem essa cena, talvez a mais bonita do filme, durante a exibição na mostra. Ainda bem que encontrei bem esse pedaço!!! :D
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