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Estava eu fazendo minha visita matinal ao blog Grand Masala e dei de cara com uma postagem sobre a animação em computação 2D chamada Sita Sings the Blues (Sita Canta Blues). Lembrei-me que há muitos meses eu tinha ouvido falar sobre isso, mas havia esquecido completamente. Li a postagem, escrita pelo Rodolfo, e fiquei animado. No mesmo instante entrei no youtube pra ver algo como um trailer, mas achei o filme todo dividido em dez partes, em alta qualidade.
Comecei a ver a primeira parte, descompromissadamente, só pra ter uma ideia de como era a coisa - e esse foi meu grande erro. Eu comecei a ver e não consegui parar!
Não se trata de uma produção indiana, devo ressaltar desde já, mas se demos tanto espaço aqui para Quem Quer Ser um Milionário?, por que não a esta obra, que tem vários indianos na equipe?
Bom, Sita Sings the Blues é basicamente a história bem resumida e pouco detalhada do grande épico indiano Ramayana. No entanto, o objetivo real da obra nem é muito esse, e é por isso que essa animação me pareceu muitíssimo interessante. A autora, a artista plástica Nina Paley, escolheu essa maneira de elaborar o seu próprio rompimento de um relacionamento. Mas não só bastasse isso, toda a forma com que ela optou fazer a animação me pareceu um tanto inusitado e super harmônico. Na minha simples opinião, o resultado final ficou muito bonito.
A história do Ramayana nesta animação é narrada por três bonecos de sombra que fazem as vezes de indianos comuns que não sabem direito narrar a história oral mais famosa da Índia, e se atrapalham e se completam a todo instante, como se estivessem numa conversa informal (e parece que estavam mesmo!). O épico em si, por sua vez, aparece em duas formas de animação. Quando partes da história está sendo contada, a animação é feita com pinturas meio-fixas super inspiradas nos traços da pintura clássica indiana da tradição Rajput. No entanto, quando Sita aparece cantando Blues (dando o nome ao filme) todos os personagens ganham novas características frutos da animação em computação gráfica, mas não em 3D. As músicas que Sita canta são originais de Annete Hanshow, uma cantora estadunidense da década de 20, cujas músicas caíram como uma luva no sofrimento de Sita com sua separação e rejeição de Rama.
E é daí que a vida real de Nina Paley é intercalada, com animações em traço simples e rústico, contando pouco a pouco a sua própria história de separação e rejeição e como isso resultou no estudo do Ramayana. E no fim das contas, como tudo resultou nessa obra.
E claro, como não tinha de ser, alas hindus radicalíssimas ficaram muito revoltadas com essa animação e tentaram de tudo para banir esse filme, em vão. Além disso, Nina acabou tendo problemas com os direitos autorais das músicas de Annete Hanshow. As músicas de Annete eram de domínio público até 1994, quando o governo estadunidense alterou a lei. No entanto, ao que consta, Nina começou seu projeto antes mesmo de 1994, desculpa que, porém, não foi aceita. Assim, como forma de "protesto artístico", Nina lançou 4.999 DVDs, pois seria o máximo que ela poderia pagar pelos direitos, e um ano depois do lançamento, em março deste ano, ela liberou todos os seus próprios direitos autorais e colocou o filme à disposição para todos baixarem no seu próprio site.
Enfim, achei a obra muitíssimo divertida e muitíssimo criativa, sobretudo pela narração. Talvez quem não conheça a história do Ramayana fique um pouco perdido, pois vários e vários detalhes são omitidos. Mas esse filme é mais uma obra de uma artista que vive um mito do que a história do mito em si.
Ah sim, e o trailer, que não vi na hora que devia, existe:
Estava eu fazendo minha visita matinal ao blog Grand Masala e dei de cara com uma postagem sobre a animação em computação 2D chamada Sita Sings the Blues (Sita Canta Blues). Lembrei-me que há muitos meses eu tinha ouvido falar sobre isso, mas havia esquecido completamente. Li a postagem, escrita pelo Rodolfo, e fiquei animado. No mesmo instante entrei no youtube pra ver algo como um trailer, mas achei o filme todo dividido em dez partes, em alta qualidade.
Comecei a ver a primeira parte, descompromissadamente, só pra ter uma ideia de como era a coisa - e esse foi meu grande erro. Eu comecei a ver e não consegui parar!
Não se trata de uma produção indiana, devo ressaltar desde já, mas se demos tanto espaço aqui para Quem Quer Ser um Milionário?, por que não a esta obra, que tem vários indianos na equipe?
Bom, Sita Sings the Blues é basicamente a história bem resumida e pouco detalhada do grande épico indiano Ramayana. No entanto, o objetivo real da obra nem é muito esse, e é por isso que essa animação me pareceu muitíssimo interessante. A autora, a artista plástica Nina Paley, escolheu essa maneira de elaborar o seu próprio rompimento de um relacionamento. Mas não só bastasse isso, toda a forma com que ela optou fazer a animação me pareceu um tanto inusitado e super harmônico. Na minha simples opinião, o resultado final ficou muito bonito.
A história do Ramayana nesta animação é narrada por três bonecos de sombra que fazem as vezes de indianos comuns que não sabem direito narrar a história oral mais famosa da Índia, e se atrapalham e se completam a todo instante, como se estivessem numa conversa informal (e parece que estavam mesmo!). O épico em si, por sua vez, aparece em duas formas de animação. Quando partes da história está sendo contada, a animação é feita com pinturas meio-fixas super inspiradas nos traços da pintura clássica indiana da tradição Rajput. No entanto, quando Sita aparece cantando Blues (dando o nome ao filme) todos os personagens ganham novas características frutos da animação em computação gráfica, mas não em 3D. As músicas que Sita canta são originais de Annete Hanshow, uma cantora estadunidense da década de 20, cujas músicas caíram como uma luva no sofrimento de Sita com sua separação e rejeição de Rama.
E é daí que a vida real de Nina Paley é intercalada, com animações em traço simples e rústico, contando pouco a pouco a sua própria história de separação e rejeição e como isso resultou no estudo do Ramayana. E no fim das contas, como tudo resultou nessa obra.
E claro, como não tinha de ser, alas hindus radicalíssimas ficaram muito revoltadas com essa animação e tentaram de tudo para banir esse filme, em vão. Além disso, Nina acabou tendo problemas com os direitos autorais das músicas de Annete Hanshow. As músicas de Annete eram de domínio público até 1994, quando o governo estadunidense alterou a lei. No entanto, ao que consta, Nina começou seu projeto antes mesmo de 1994, desculpa que, porém, não foi aceita. Assim, como forma de "protesto artístico", Nina lançou 4.999 DVDs, pois seria o máximo que ela poderia pagar pelos direitos, e um ano depois do lançamento, em março deste ano, ela liberou todos os seus próprios direitos autorais e colocou o filme à disposição para todos baixarem no seu próprio site.
Enfim, achei a obra muitíssimo divertida e muitíssimo criativa, sobretudo pela narração. Talvez quem não conheça a história do Ramayana fique um pouco perdido, pois vários e vários detalhes são omitidos. Mas esse filme é mais uma obra de uma artista que vive um mito do que a história do mito em si.
Ah sim, e o trailer, que não vi na hora que devia, existe:
5 comentários:
Eu também AMEI esse filme, acho que foi a maneira que a autora arranjou para lidar com o fim da sua relação (que terminou de uma maneira bem grosseira, diga-se) sem dar um tiro na cabeça.
Acho excelente o filme ter distribuição gratuita e estou muito contente por vê-lo divulgado neste blog, que tem muitos seguidores oficiais e muitos mais anónimos.
Aliás, imagino que daqui a algum tempo se venha a falar de Sita Sings the Blues como sendo um caso de sucesso repentino e inesperado no Brasil, eheheheh!
A história de Sita e Rama chegou-me na infância através de um filme que assisti um milhão de vezes chamado "A Princesinha".O filme iniciava com essa história sendo narrada e as imagens eram lindas e mostrava a luta de Rama e Ravana mas logo era interrompida a narrativa para dar sequencia ao filme.E eu ficava imaginando quando saberia de toda a história considerando que não havia qualquer acesso a esse tipo de informação...
Amei o trailler e as histórias por trás dessa história...
Brigadão!
Mas Barbarella, eu entendi bem o que você quis dizer com isso?... :p
Fátima, você podia comprar o livro "Mitos Hindus e Budistas" (Ananda K. Coomaraswamy e Irmã Nivedita, da editora Landy). Nele tem um resumo razoável do Ramayana, além de ter do Mahabharata e de outros mitos e lendas do hinduísmo e do budismo. Acho que vale a pena e tem um preço acessível. Você pode tentar pelo site da Estante Virtual, que reúne sebos de todo o Brasil. Eu sempre uso e é confiável! http://www.estantevirtual.com.br/mod_perl/busca.cgi?pchave=Mitos+Hindus+e+Budistas&tipo=simples&estante=(todas+estantes)&alvo=autor+ou+titulo
I hate Ramayana. It's a very chauvinist epic.
Me too, Sandra.
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