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Como eu havia anunciado anteriormente, a animação Roadside Romeo é a primeira produção indiana a estrear em circuito comercial no Brasil, o que é um feito mais do que notável para nós. Com o nome de "Romeu - O Vira-Lata Atrapalhado", a coprodução da Aditya Chopra e Yash Raj Films com a Walt Disney Pictures estreou no último dia 12 de junho no Brasil com, ao que consta, 50 cópias. Se o número de cópias é o mesmo número de salas em que passa um filme, então São Paulo dominou mais da metade, já que nas primeiras duas semanas em cartaz o filme estava em pouco mais de 30 salas da capital paulista.
Bom, e no último sábado eu resolvi enfrentar o frio e a garoa de São Paulo e fui ver a animação que, lógico, independente da qualidade, merecia meu prestígio! Confesso que fiquei chateado ao descobrir que simplesmente não tinha nenhuma opção de ver o filme legendado, que era o que eu tanto queria. Mas baixar o filme na internet não seria a mesma coisa, pois eu precisava comparecer a um momento histórico como esse. E Kareena Kapoor e Saif Ali Khan que me perdoem, eu sinceramente quis ouvir as suas vozes nas bocas dos personagens principais, mas o mercado quis que todas as cópias fossem dubladas e fui assim mesmo. Ao lado está a foto que tirei com o celular, do cartaz da sala 6 do multiplex em que fui, e até que tinha bastante gente!
Dirigido por Jugal Hansraj, o filme foi inteirinho feito nos estúdios de computação gráfica da Tata Elxsi, em Bangalore. O "apoio" do Grupo Tata para essa produção é evidente inclusive no único merchandising que aparece no filme. Em um dado momento, um caminhão da carrocinha aparece e bem na tela mostra a marca do veículo: Tata Motors.
E vamos à história do filme. Logo no começo vemos a história de um cão, Romeu, que vive a vida de um príncipe, numa grande mansão de Mumbai, tendo todas as regalias possíveis, sendo amado por seus donos humanos e tendo todas as namoradas cadelas que quiser. Sua vida é perfeita. De repente, porém, vemos que Romeu está dormindo dentro de um encanamento sujo e sonhando com isso. Ele acorda e, já desperto, diz a nós, espectadores, que aquilo não era um sonho, mas sim a vida que ele tinha até ser abandonado pela família que se muda para Londres. E que agora estava lá jogado no esquecimento.
Andando na rua, morto de sede, acha uma torneira pingando e vai lá beber. Mas eis que aparecem três cachorros, Guru, Interval e Hero, e uma gata que se acha cachorro, Mini, dizendo que aquele pedaço já tinha dono e que se ele quisesse beber daquela água ele deveria pagar os ossos devidos em troca da proteção do poderoso Charlie. Romeu, porém, não se intimida e logo percebe que aqueles cães são bandidos fajutos e os convence a fazerem um negócio conjunto como forma de arrecadarem os ossos. A brilhante ideia de Romeu é abrir um salão de beleza para revolucionar a estética dos cachorros da redondeza.
Todos topam e logo o Salão do Romeu está aberto e funcionando a todo vapor, com longas filas da cachorrada louca por um corte de cabelo incrível... mas não tarda para aparecer Chhainu, o braço direito de Charlie, cobrador das taxas de proteção. Todos saem correndo do salão, menos Romeu, que na verdade não sabia quem ele era. Romeu peita Chhainu, dizendo que não pagaria osso nenhum, e Chhainu sai com o rabo entre as pernas, temendo ser comido por Charlie se chegasse sem os impostos recolhidos.
E na hora de finalmente aparecer o temido Charlie, aquele mistério básico que Bollywood faz com seus "dons" é reproduzido na íntegra. Primeiro vemos o cenário em que ele mora, um grande, velho e enferrujado navio atracado no porto, com aspecto, sujo, úmido e escuro, com vários serviçais a seu favor. Ouvimos então sua voz e cães com medo. Daí vemos sua mão recaindo no braço de uma poutrona. E então finalmente o mistério acaba quando ele aparece, com seu aspecto repugnante. Tudo me lembrou muito o "don" Babban, no filme AAG (2007).
E aliás, se a inspiração em Babban é real ou não, o fato é que há no salão de Romeu uma grande foto de Amitabh Bachchan, que aparece muitíssimo claramente em uma cena. Além disso, ao lado da entrada do salão, há um grande cartaz do filme Dhoom 2 (2006), com o elenco principal em destaque, que aparece algumas várias vezes no filme. E a referência a outras produções não para por aí. Mais no final do filme, numa cena em que a cadela Laila corre atrás do trem em que está Romeu é referência explícita a uma cena de Dilwale Dulhania Le Jayenge (1995), um dos filmes mais lucrativos de todos os tempos de Bollywood, que até hoje está em cartaz numa sala em Mumbai. Nessa hora, o próprio Charlie diz: "Ãh... onde foi que já vi isso antes?".
E voltando, Charlie fica furioso ao saber que há alguém contrariando suas ordens. Ordena que o prendem e, para isso, chama seu trio maravilha, as Panteras (Angels, no nome do trio em inglês). No meio dos entreveros de Romeu com Charlie, porém, Romeu conhece Laila, uma linda cadela que estava ensaiando sua música no alto do telhado de uma casa. Ele se apaixona e se declara a ela. Ela diz então que se ele realmente gosta dela ele deveria subir no palco onde ela cantaria, como prova de seu amor.
Acontece que Romeu não sabia que Charlie, o temido, era apaixonado por Laila e que todas as noites que ela tinha um espetáculo ele a via de camarote. Seus amigos o alertam disso e dizem a ele que ele morreria caso ele subisse mesmo no palco. Mas a paixão é cega e não mede as consequências (e ao mesmo tempo prova que nada é impossível e que as barreiras podem ser rompidas). Romeu sobe mesmo no palco e dança e canta com Laila, para a fúria profunda de Charlie, que manda prendê-lo.
Romeu, então, arma um grande esquema para se livrar e promete a Charlie que convenceria Laila a namorar com ele. Mas a ideia era tapear Charlie, usando a gata Mini no lugar de Laila, o que em princípio dá certo. Só que tanto Charlie quanto Laila descobrem a farsa, e ambos ficam muito bravos. Nisso, num momento de fuga, a carrocinha chega e quando ela está prestes a pegar Charlie, Romeu o empurra e coloca-se na frente, sendo ele então capturado. Charlie então é tocado no coração e faz de tudo para libertar Romeu. Finalmente liberto, Romeu vai para um trem qualquer, sem rumo, já que sua paixão havia se quebrado e sua vida estava sem sentido. E quando o trem começa a partir, eis que aparece Charlie obrigando Romeu a descer, pois ele tinha contado a verdade toda pra Laila, que tinha então perdoado Romeu. É quando ela então corre atrás do trem, apaixonada.
Bom, e no resumo da ópera devo dizer que não gostei do filme em si, mesmo dando o desconto de ser uma animação. Eu ficaria muito mais feliz se ouvisse Kareena dando voz a Laila e Saif a Romeu. Nos créditos finais, aliás, além dos "erros" de gravação, também aparece cenas de ambos os atores gravando as vozes em estúdio, mas na versão brasileira está dublado e perde toda a graça. E falando em versão brasileira, eu achei curioso o fato de a cena de "intermission" (intervalo), ter sido mantida, sem, porém, que o intervalo realmente acontecesse, já que não temos esse costume por aqui. Outra coisa engraçada são as cenas de song-and-dance, que também são parte integrante dessa animação, e que tiveram as letras traduzidas.
E por fim, uma cena me deixou um tanto perplexo, em se tratando de uma produção infantil indiana. Em uma indústria de cinema em que ainda hoje cenas de beijo são muitíssimo raríssimas, em Roadside Romeo há um belo e longo beijo entre Romeu e Laila, em cima do telhado, com a lua cheia ao fundo. Ainda que seja uma animação, um beijo é um beijo para a Índia, e fiquei bem surpreso com isso.
Ok, e agora é esperar que essa animação abra espaço para novas produções indianas aportarem em terras tupiniquins, inaugurando uma nova era do cinema no Brasil. E por hora, quem puder corra aos cinemas para assistir Romeu - O Vira-Lata Atrapalhado, e leve seus filhos, sobrinhos, primos, ou a namorada, o namorado, ou vá mesmo sozinho. Esse filme tem que ter retorno e mostrar que é viável, mesmo que ruim. Abaixo vai o trailer:
Como eu havia anunciado anteriormente, a animação Roadside Romeo é a primeira produção indiana a estrear em circuito comercial no Brasil, o que é um feito mais do que notável para nós. Com o nome de "Romeu - O Vira-Lata Atrapalhado", a coprodução da Aditya Chopra e Yash Raj Films com a Walt Disney Pictures estreou no último dia 12 de junho no Brasil com, ao que consta, 50 cópias. Se o número de cópias é o mesmo número de salas em que passa um filme, então São Paulo dominou mais da metade, já que nas primeiras duas semanas em cartaz o filme estava em pouco mais de 30 salas da capital paulista.
Bom, e no último sábado eu resolvi enfrentar o frio e a garoa de São Paulo e fui ver a animação que, lógico, independente da qualidade, merecia meu prestígio! Confesso que fiquei chateado ao descobrir que simplesmente não tinha nenhuma opção de ver o filme legendado, que era o que eu tanto queria. Mas baixar o filme na internet não seria a mesma coisa, pois eu precisava comparecer a um momento histórico como esse. E Kareena Kapoor e Saif Ali Khan que me perdoem, eu sinceramente quis ouvir as suas vozes nas bocas dos personagens principais, mas o mercado quis que todas as cópias fossem dubladas e fui assim mesmo. Ao lado está a foto que tirei com o celular, do cartaz da sala 6 do multiplex em que fui, e até que tinha bastante gente!
Dirigido por Jugal Hansraj, o filme foi inteirinho feito nos estúdios de computação gráfica da Tata Elxsi, em Bangalore. O "apoio" do Grupo Tata para essa produção é evidente inclusive no único merchandising que aparece no filme. Em um dado momento, um caminhão da carrocinha aparece e bem na tela mostra a marca do veículo: Tata Motors.
E vamos à história do filme. Logo no começo vemos a história de um cão, Romeu, que vive a vida de um príncipe, numa grande mansão de Mumbai, tendo todas as regalias possíveis, sendo amado por seus donos humanos e tendo todas as namoradas cadelas que quiser. Sua vida é perfeita. De repente, porém, vemos que Romeu está dormindo dentro de um encanamento sujo e sonhando com isso. Ele acorda e, já desperto, diz a nós, espectadores, que aquilo não era um sonho, mas sim a vida que ele tinha até ser abandonado pela família que se muda para Londres. E que agora estava lá jogado no esquecimento.
Andando na rua, morto de sede, acha uma torneira pingando e vai lá beber. Mas eis que aparecem três cachorros, Guru, Interval e Hero, e uma gata que se acha cachorro, Mini, dizendo que aquele pedaço já tinha dono e que se ele quisesse beber daquela água ele deveria pagar os ossos devidos em troca da proteção do poderoso Charlie. Romeu, porém, não se intimida e logo percebe que aqueles cães são bandidos fajutos e os convence a fazerem um negócio conjunto como forma de arrecadarem os ossos. A brilhante ideia de Romeu é abrir um salão de beleza para revolucionar a estética dos cachorros da redondeza.
Todos topam e logo o Salão do Romeu está aberto e funcionando a todo vapor, com longas filas da cachorrada louca por um corte de cabelo incrível... mas não tarda para aparecer Chhainu, o braço direito de Charlie, cobrador das taxas de proteção. Todos saem correndo do salão, menos Romeu, que na verdade não sabia quem ele era. Romeu peita Chhainu, dizendo que não pagaria osso nenhum, e Chhainu sai com o rabo entre as pernas, temendo ser comido por Charlie se chegasse sem os impostos recolhidos.
E na hora de finalmente aparecer o temido Charlie, aquele mistério básico que Bollywood faz com seus "dons" é reproduzido na íntegra. Primeiro vemos o cenário em que ele mora, um grande, velho e enferrujado navio atracado no porto, com aspecto, sujo, úmido e escuro, com vários serviçais a seu favor. Ouvimos então sua voz e cães com medo. Daí vemos sua mão recaindo no braço de uma poutrona. E então finalmente o mistério acaba quando ele aparece, com seu aspecto repugnante. Tudo me lembrou muito o "don" Babban, no filme AAG (2007).
E aliás, se a inspiração em Babban é real ou não, o fato é que há no salão de Romeu uma grande foto de Amitabh Bachchan, que aparece muitíssimo claramente em uma cena. Além disso, ao lado da entrada do salão, há um grande cartaz do filme Dhoom 2 (2006), com o elenco principal em destaque, que aparece algumas várias vezes no filme. E a referência a outras produções não para por aí. Mais no final do filme, numa cena em que a cadela Laila corre atrás do trem em que está Romeu é referência explícita a uma cena de Dilwale Dulhania Le Jayenge (1995), um dos filmes mais lucrativos de todos os tempos de Bollywood, que até hoje está em cartaz numa sala em Mumbai. Nessa hora, o próprio Charlie diz: "Ãh... onde foi que já vi isso antes?".
E voltando, Charlie fica furioso ao saber que há alguém contrariando suas ordens. Ordena que o prendem e, para isso, chama seu trio maravilha, as Panteras (Angels, no nome do trio em inglês). No meio dos entreveros de Romeu com Charlie, porém, Romeu conhece Laila, uma linda cadela que estava ensaiando sua música no alto do telhado de uma casa. Ele se apaixona e se declara a ela. Ela diz então que se ele realmente gosta dela ele deveria subir no palco onde ela cantaria, como prova de seu amor.
Acontece que Romeu não sabia que Charlie, o temido, era apaixonado por Laila e que todas as noites que ela tinha um espetáculo ele a via de camarote. Seus amigos o alertam disso e dizem a ele que ele morreria caso ele subisse mesmo no palco. Mas a paixão é cega e não mede as consequências (e ao mesmo tempo prova que nada é impossível e que as barreiras podem ser rompidas). Romeu sobe mesmo no palco e dança e canta com Laila, para a fúria profunda de Charlie, que manda prendê-lo.
Romeu, então, arma um grande esquema para se livrar e promete a Charlie que convenceria Laila a namorar com ele. Mas a ideia era tapear Charlie, usando a gata Mini no lugar de Laila, o que em princípio dá certo. Só que tanto Charlie quanto Laila descobrem a farsa, e ambos ficam muito bravos. Nisso, num momento de fuga, a carrocinha chega e quando ela está prestes a pegar Charlie, Romeu o empurra e coloca-se na frente, sendo ele então capturado. Charlie então é tocado no coração e faz de tudo para libertar Romeu. Finalmente liberto, Romeu vai para um trem qualquer, sem rumo, já que sua paixão havia se quebrado e sua vida estava sem sentido. E quando o trem começa a partir, eis que aparece Charlie obrigando Romeu a descer, pois ele tinha contado a verdade toda pra Laila, que tinha então perdoado Romeu. É quando ela então corre atrás do trem, apaixonada.
Bom, e no resumo da ópera devo dizer que não gostei do filme em si, mesmo dando o desconto de ser uma animação. Eu ficaria muito mais feliz se ouvisse Kareena dando voz a Laila e Saif a Romeu. Nos créditos finais, aliás, além dos "erros" de gravação, também aparece cenas de ambos os atores gravando as vozes em estúdio, mas na versão brasileira está dublado e perde toda a graça. E falando em versão brasileira, eu achei curioso o fato de a cena de "intermission" (intervalo), ter sido mantida, sem, porém, que o intervalo realmente acontecesse, já que não temos esse costume por aqui. Outra coisa engraçada são as cenas de song-and-dance, que também são parte integrante dessa animação, e que tiveram as letras traduzidas.
E por fim, uma cena me deixou um tanto perplexo, em se tratando de uma produção infantil indiana. Em uma indústria de cinema em que ainda hoje cenas de beijo são muitíssimo raríssimas, em Roadside Romeo há um belo e longo beijo entre Romeu e Laila, em cima do telhado, com a lua cheia ao fundo. Ainda que seja uma animação, um beijo é um beijo para a Índia, e fiquei bem surpreso com isso.
Ok, e agora é esperar que essa animação abra espaço para novas produções indianas aportarem em terras tupiniquins, inaugurando uma nova era do cinema no Brasil. E por hora, quem puder corra aos cinemas para assistir Romeu - O Vira-Lata Atrapalhado, e leve seus filhos, sobrinhos, primos, ou a namorada, o namorado, ou vá mesmo sozinho. Esse filme tem que ter retorno e mostrar que é viável, mesmo que ruim. Abaixo vai o trailer:
11 comentários:
Mais uma cois: pelas imagens, o filme parece feito integralmente em computador. Nesse aspecto, que tal é a nível de qualidade?
Espero que o "sonho" do início do filme sirva para alertar as crianças para o problema do abandono.
Ai, com seu comentário que me dei conta de que não disse que sim, ele é feito integralmente em computador. E como disse, nos estúdios de computação gráfica da Tata. E a qualidade é excelente, nesse sentido não critico negativamente em nenhum aspecto. As vezes, inclusive, eu ficava admirado de ver os pelos dos cães, tão nítidos, como se fossem reais.
Eu quero assistir, mas antes vou ver Ice Age 3 hehehehe ;)
Hahahahahahahahahaha! Aqui Ice Age 3 também vem roubando bem a cena...
Ô filme ruim! Fazia tempo que eu não via um filme infantil tão RUIM!
Pois é...
Na minha opinião,eu amei o filme e me identifiquei bem com ele e ainda assisto até hoje,com 26 anos eu ainda amo esse filme animado e com um grande trabalho dedicado nele eu só tenho que dizer que os anos de 2008 foram os meus melhores.
Alguém sabe os nomes dos Dubladores Brasileiros Do filme??
E alguém sabe algum site para eu abaixa o filme legendado??
O Filme e Ótimo 🤘
Sei sim, na verdade tem ele dublado no youtube, em full hd e na melhor qualidade: https://youtu.be/QQ-yZOLe2gA
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