domingo, 8 de fevereiro de 2009

Aperto financeiro em Bollywood esquenta o Cinema Regional

Filmes regionais em foco com aperto de Bollywood
por Neelam Verjee, da LiveMint.com (tradução livre)

Mumbai: As produtoras de filmes estão voltando seus olhos aos cinemas regionais esse ano, numa tentiva de diversificarem-se, já que Bollywood está em crise. A Zee Motion Pictures, por exemplo, tentará dar um grande passo no cinema regional, com planos de lançar nada mais que 60 filmes em seis diferentes línguas no ano fiscal que termina em 31 de março de 2010, bem mais que os 10 deste ano. A Reliance Entertainment Ltd irá lançar ao menos 10 filmes este ano, através de sua subsidiária BIG Pictures, também mais que os 2 que lançou no ano passado. A UTV Motion Pictures Plc. planeja produzir 9 filmes em 2009, três vezes mais que em 2008.

High appeal: An image from Marathi movie ‘De Dhakka’. The regional film market is considered to be less volatile than that for Hindi cinema.
O rentável nicho dos cinema regionais vêm como uma opção atrativa frente à recessão econômica e aos exorbitantes preços cobrados pelos atores para filmes de Bollywood, como é chamada a indústria de cinema em língua hindi, baseada em Mumbai. A estratégia vem sendo tomada recentemente, como diz Sanjeev lamba, diretor de marketing e vendas da Zee Motion Pictures. "Parece que agora todos estão voltando-se ao cinema regional com intenções de ser líder, diz Lamba. "Eles estão olhando além. A consolidação veio primeiro no cinema hindi, mas tem uma longa via a percorrer. A consolidação também começou nos cinemas regionais e as empresas que investiram neles nos anos recentes terão seus frutos nos anos próximos."

As produtoras pretendem fazer pequenos, médios e grandes filmes. Mahesh Ramanathan, chefe de operações da BIG Pictures, diz que a empresa, que é uma unidade da Reliance-Anil Dhirubhai Ambani Group, será uma "participante ativa" nos investimentos dos variados cinemas reginais. "Como player nacional, temos planos de participar em todos os segmentos e não podemos ignorar o cinema regional", justifica Ramanathan, acrescentando que "esse sempre foi o plano" de mover-se agressivamente em direção ao cinema regional. "Cada região tem sua dinâmica regional, mas temos que ficar mais atentos pra investir nas produções certas, já que nos mercados regionais há uma maior dependência da arrecadação da bilheteria. A bilheteria nas indústrias regionais significa 80% da renda das produtoras, enquanto que no cinema hindi isso corresponde a 50%."

Amenizando o risco

Burgeoning market: A handout image of the Marathi film ‘Ek Daav Dhobi Pachhad’, running in theatres now. A big-budget movie in Marathi or Bengali costs up to Rs10 crore. Além disso, os diferentes tamanhos dos mercados regionais resultam em variações nos orçamentos. Uma super produção em tamil ou telugu, por exemplo, envolve até 250 milhões de rúpias (ou aproximadamente 6.250.000 de dólares), enquanto que uma super produção em bengali ou marathi custa no máximo 100 milhões de rúpias, ou 2,5 milhões de dólares. Com algo como 85% do total da renda dessas indústrias vindo de seis línguas - hindi, tamil, telugu, kannada, marathi e bengali - Lamba argumenta que diversificando em cinemas regionais ajuda a "espalhar o risco num espectro maior" para a Zee, que planeja ser grande.

Ele acrescenta que, embora o cinema hindi contribua com 50% de toda a renda da indústria cinematográfica indiana, ele é mais volátil que o cinema regional, o que significa que diversificar os investimentos também ajuda a compensar a volatilidade. "Embora tenhamos um agressivo plano de lançar 10 filmes em cada indústria regional, esse alvo é incerto e depende das condiçoes econômicas. Algumas mudanças vêm ocorrendo ao longo das regiões e ao longo de toda a indústria de cinema, mas a maior parte das mudanças vêm ocorrendo no cinema hindi, onde os preços estavam consideravelmente exagerados", diz Lamba.

Inflação

Lamba diz que a bem desenvolvida infraestrutura de cinema nos quatro estados do sul, onde metade das salas de cinema da Índia se encontram, bem como a enorme inflação nos preços do cinema hindi nos anos recentes, contribuíram muito para essa mudança de direção dos investimentos no cinema indiano. Ram Mirchandani, chefe de operações da UTV Rampage Motion Pictures, a subsidiária da UTV no sul, diz que as perspectivas de bons retornos no cinema regional têm atraído os investimentos. "A palavra chave aqui é criatividade e retorno", diz. "Há bons filmes a serem feitos nas regiões no preço correto. Nós consolidamos espaço no cinema hindi e agora decidimos olhar para o cinema regional. O mercado tamil e telugu é bem amplo - para eles, ir aos cinemas é como ir ao templo."

(Aproveite para ver o Mapa do Cinema Indiano)

3 comentários:

Jules disse...

Isso é algo super válido, e melhor ainda, incentiva as produções menores.
Se o cinema brasileiro fosse partidário do mesmo pensamento, teríamos mais produções além das do eixo Rio-São Paulo e além do monopólio Global.
Mesmo sendo groupie de carteirinha do Shahrukh Khan, faço votos que outros cinemas indianos ganhem destaque.

Ibirá Machado disse...

Super concordo com você! Mas aqui no Brasil nem sequer indústria de cinema temos, quanto mais "cinemas regionais".... :(

Jules disse...

Não temos porque as empresas e produtoras não investem.
Infelizmente dependemos de editais do governo pra fazer filmes por aqui. Chega a ser revoltante.
Se eu tenho meu projeto, formato ele de acordo com as normas do editais, além de competir com muitos autores que também merecem uma chance, vou competir com figurões como Fernando Meirelles e os filmes da Xuxa.
Acho muito bacana o cinema gaúcho ganhar força aos poucos, mas isso deveria se aplicar em mais estados.
Sou gaúcha mas me formei em cinema aqui em Santa Catarina. Há duas universidades com cursos fortes e por incrível que pareça o cinema estadual é inexpressivo (pra não dizer quase inexistente, já que volta e meia sai um longa).
Por isso faço votos que esse 'movimento regional' cinematográfico da Índia ganhe força. Ainda mais pra um país com tanta tradição em filmes.
Se pudesse eu passaria uns tempos trabalhando por lá.