Encontrei no site da revista Veja uma reportagem interessante revelando alguns dos truques do cenário montado pela Globo para a novela Caminho das Índias. Longe de eu estar defendendo a maquiavélica e parcial Veja, apenas acho que esse tipo de matéria vale a pena ser compartilhado.
A Bollywood da Globo
por Silvia Rogar
As novelas da Rede Globo já tiveram gravações em Atenas e Macau, em Praga e Miami, em Moscou e Bali. Sempre uns poucos capítulos, em geral para dar um brilho ao começo da história e garantir flashbacks glamourosos ao longo da trama. Não é o que ocorre em Caminho das Índias, o atual folhetim das 8 horas da Globo. Do início ao fim, a novela de Glória Perez terá peripécias ambientadas no Rajastão, o maior estado indiano, onde vivem os personagens do núcleo central da história. Ao longo de um mês, uma equipe de quarenta pessoas se dividiu entre cinco cidades indianas e captou imagens de monumentos e palácios, de festas e da vida cotidiana, de cerimônias religiosas e do trânsito caótico. Também foram gravadas cenas com parte do elenco em locais turísticos como o Taj Mahal (que não fica no Rajastão). Manter uma equipe estacionada na Índia pelos sete meses de duração de uma novela seria, contudo, impraticável. Por isso, o drama do amor impossível de Maya (Juliana Paes) e Bahuan (Márcio Garcia) desenrola-se na cidade cenográfica mais imponente da história da Globo. São 12.100 metros quadrados de Índia reproduzidos no Projac, a central de produções da emissora, num trabalho que levou dois meses e envolveu 180 operários, mais sessenta profissionais responsáveis pelo paisagismo e pelos detalhes do cenário. A cidade propriamente dita, com suas ruas, becos, casas, lojas, palácio e templo hindu, ocupa 9 600 metros quadrados. Os outros 2 500 metros quadrados pertencem ao Rio Ganges, construído a partir de um lago artificial que já existia no Projac. Os custos de produção só não explodiram porque esse Rajastão de folhetim aproveitou em grande parte a estrutura da Portelinha de Duas Caras, que ocupava 8 000 metros quadrados. O arruamento e 50% das construções do núcleo indiano são adaptações da favela que movimentou o enredo da novela de Aguinaldo Silva. Com isso, manteve-se o custo por capítulo em 430 000 reais, dentro da média do horário.
A Índia criada pela equipe de Glória Perez é bem bollywoodiana (a pujante indústria de cinema indiana tem o apelido de Bollywood). O país tem uma sujeirinha aqui e um quebradinho acolá, mas não deixa entrever nem de longe a miséria da Índia real. Só ficaram o pitoresco e o colorido: riquixás, tuk-tuks (triciclos motorizados), ônibus enfeitados e barraquinhas e lojas com produtos populares. Desses últimos, 80% foram comprados diretamente na Índia pela produção de arte. São xales, instrumentos musicais, flores e imagens de deuses hindus em profusão. Uma indiana que mora no Brasil se encarrega de revisar os cartazes e letreiros escritos em hindi. Também fazem parte da festa três vacas e três cabras, que perambulam pelos cenários à vontade, fazendo o que bem entendem, e 100 figurantes, que encarnam transeuntes e profissionais de rua, como vendedores de chá, entregadores de marmita, dentistas e limpadores de orelha (quem já foi à Índia sabe que limpadores de rua seriam mais úteis).
Em novelas anteriores, a Globo reproduzia no máximo bairros, com esquinas e casas bem marcadas e identificáveis. Em Caminho das Índias, a lógica é inversa. Para dar a ideia de uma grande cidade, foi preciso construir espaços versáteis. O beco onde se concentram algumas lojas, por exemplo, foi erguido com cinco saídas. As lojas de Opash (Tony Ramos) e Manu (Osmar Prado) ficam praticamente frente a frente no cenário. Para evitar que o espectador perceba a proximidade física (afinal, no início da novela os dois personagens não se conheciam), o truque é fazer Manu usar sempre a entrada dos fundos.
Graças aos efeitos visuais, imagens feitas na Índia tornam-se pano de fundo de cenas gravadas no Brasil. Assim, os onipresentes morros de Jacarepaguá, bairro onde fica o complexo de estúdios da Globo, foram substituídos pelas colinas do Rajastão. O recurso também é usado para dar vida ao falso Rio Ganges. A Globo construiu uma escadaria que serve de palco para atividades como a lavagem de roupa e cremações à beira da água. Atrás, veem-se imagens captadas na Índia e selecionadas de acordo com o contexto da cena. Sagrado para os hindus, o Ganges da Globo tem, como vizinho, uma construção para lá de profana: a casa do Big Brother.
7 comentários:
Eu achei a Índia da novela fantástica! A escadaria do Ganges e o Palácio dos Ventos me enganaram direitinho ;)
Só tenho raiva do povo que NUNCA foi a India, que fica enchendo a boca p dizer que a India de Rede Globo é muito rica e chique e que não retrata a realidade. Pois eu achei perfeita, tanta preocupação com os detalhes, os anuncios em hindi, vacas , figurantes...
E NOTA ZERO p esse povo desinformado que acha q na ìndia só tem cadáver podre e merda nas ruas!
"a maquiavélica e parcial "
hahahahahahahahaha!!! adorei o adendo.
É a maquiavélica tem grana né, não dava pra esperar coisa tosca. Ficou bem feito esse negócio. Mas poderiam retirar o costume tosco de ficar inserindo expressões em hindi em diálogos em português, que ainda por cima são mau pronunciadas.
Querem perfeição? Assistam televisão indiana...
Estou meio farto dessas críticas à Rede Globo - parece que se tornou esporte nacional isso: todo mundo vê e todo mundo fala mal...mas não há como não se render à qualidade da teledramaturgia da Globo. Construir toda uma cidade cenográfica indiana para uma novela das oito é um capricho que só a Globo pode ter. Quem estiver insatisfeito, que vá assistir os mutantes toscos da Record!
Quanto a dizer que a Índia da Globo é mais limpa e menos deteriorada que a Índia real, é só recordar que estamos falando de ficção e não de realidade. Será que o público ia acompanhar a novela se tudo fosse detonado, sujo e capenga? Quem quiser ver a verdadeira Índia, que viaje para lá ou assista a National Geographic! :)
Valeu, Ibirá!
Mas a Índia real tem lugares limpos e lindíssimos, p q as pessoas não entendem isso?
Mesma coisa q dizer q aqui no Brasil só tem selva e macaco.
Valeu Frizero!
Neguim reclama de tudo!!! Se é feio reclama, se é bonito reclama do mesmo jeito.Parece coisa de gente infeliz!!!Isso é 'murmuração' e Papai do Céu não gosta de 'murmuração ' não!!!
Ibirá, seu blog como sempre, genial!!!
Abç. Verônica.
Eu achei uns errinhos na história também, mas mesmo assim a novela continua ótima. E fico feliz em saber que as melhores novelas do mundo são brasileiras.
eu ouvi falar de alguns erros da globo quanto a localidades e a palavras.exemplo BADHI é BALDE e não pai.
parabens pelo blog já sou seguidor
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