
Hoje vamos falar de um nome de grandíssimo peso não só no mundo do cinema indiano, mas principalmente no plano das mudanças sociais do país: Shabana Azmi.
Nascida no dia 18 de setembro de 1950, em Nova Delhi, Shabana Azmi é hoje a atriz indiana mais reconhecida do cinema de arte do país. De família muçulmana, seu pai, Kaifi Azmi, era um renomado poeta e sua mãe, Shaukat Azmi, era uma reconhecida atriz de teatro. Isso permitiu que o cenário para ela fosse completamente preparado para que nada a impedisse de seguir a carreira artísticas sem sofrer preconceitos. Além disso, seu irmão, Baba Azmi, é cineasta.
Sua casa sempre foi frequentada por personalidades do meio intelectual indiano, o que não só cultivou em sua personalidade o respeito pelas diferenças sociais e religiosas, como também criou nela a paixão pelo estudo do ser humano e pelo ativismo social. Foi assim que, mesmo estudando atuação na Film and Television Institute of India (FTII), de Pune, também cursou psicologia na St. Xavier's College, de Mumbai.
Em 1974, um ano depois de se formar no FTII, Shabana estreava no cinema no filme Ankur, de Shyam Benegal. Contando a história real de Lakshmi, uma empregada casada que se envolveu com um estudante universitário que visitava o interior do país, Ankur causou polêmica mas foi muito bem aceito pela crítica. O reconhecimento, porém, veio a Shabana, que em sua estreia já levou o prêmio de melhor atriz pelo National Film Award, pelo papel recusado por várias atrizes procuradas pelo diretor.

Mas além desses prêmios, ela também levou outros três prêmios de melhor atriz pelo Filmfare Awards, nos filmes Swami (1978), Arth (1984) e Bhavna (1985). E além disso, em 2006 ela levou o Filmfare Lifetime Achievement Award, dado pelo conjunto da obra. No total, ela já ganhou 14 prêmios.
Um de seus papéis mais polêmicos apareceu no não menos polêmico - mas excelente - filme Fire (1996), da diretora independente Deepa Mehta. Nele, ela interpreta Radha, uma esposa solitária que se apaixona pela cunhada Sita (interpretada por Nandita Das) e se envolve com ela.

Com a abertura que teve na mídia devido ao sucesso de seus papéis, Shabana logo cedo iniciou seu ativismo, em princípio na luta contra a AIDS e contra injustiças sociais. De início, suas campanhas caíram no descrédito, pois más línguas a acusaram de fazer isso por marketing próprio. No entanto, pouco a pouco e com muita paciência, ela provou que suas lutas eram sérias e que sua fama era a plataforma para seu ativismo social, e não o contrário.
Tão cedo ela se firmou nas lutas pelo pacifismo social, buscando sobretudo a harmonia entre comunidades. Nos atentados de Mumbai em 1993, ela apareceu como voz forte contra o extremismo religioso. Sua posição assim se manteve em 11 de setembro de 2001, quando um importante líder muçulmano indiano chamou todos os islâmicos do país a se unirem à luta do Afeganistão. Sua posição fortemente contrária a esse tipo de atitude acabou por encorajar outros líderes muçulmanos moderados que se mantinham calados e que resolver apelar pela tolerância e pacifismo.

Desde 1989 ela faz parte do Conselho de Integração Nacional, encabeçado pelo primeiro ministro da Índia. Ela é também membro da Comissão Nacional da AIDS.
E sim, não esquecendo a vida pessoal dela, não posso deixar de dizer que ela é casada há 25 anos com Javed Akhtar, famoso poeta e escritor de músicas e filmes para Bollywood. Foi ele quem escreveu as letras das músicas de Jodhaa Akbar, por exemplo.
E só voltando ao tema cinema, Shabana não para nunca de atuar, embora a maior parte de seus filmes não apareçam em grande circuito e não chegam a fazer sucesso. Por vezes ela também aparece em Bollywood, como foi em Umrao Jaan (2006), no qual interpretou Khanum Jaan. E uma notícia mais importante: está agora em produção um filme sobre a história da paquistanesa assassinada Benazir Bhutto, no qual Shabana fará a própria Benazir. Estou ansioso por esse filme!