domingo, 28 de março de 2010

Water (2005) - वाटर

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Na última segunda-feira (22/03) foi comemorado o Dia Mundial da Água e, mesmo não tendo nada a ver além do próprio nome em si, lembrei-me do filme Water (que significa "água"), de Deepa Mehta, o terceiro de sua trilogia dos elementos. Ainda não falei de nenhum dos filmes da trilogia, mas começar pelo terceiro não é problema algum, já que a trilogia não é sequencial e cada filme é um filme em si.

Na prática, Water não é um filme indiano, mas canadense, assim como são os outros dois filmes da trilogia dos elementos de Deepa Mehta, Earth (1998) e Fire (1996). Mas Deepa é uma diretora emblemática e com forte presença nos debates indianos a respeito da liberdade de se fazer filmes na Índia, não só no sentido da censura governamental, mas também da censura pública imposta pela própria sociedade com as próprias mãos.

E Water encarna tudo isso. O primeiro filme da trilogia de Deepa, Fire, provocou muita polêmica no país por tratar da questão do lesbianismo. Veio Earth e aparentemente não houve muitos problemas. Mas quando ela resolveu filmar o terceiro filme da trilogia, no ano 2000, ela chegou a escalar para seu elenco Shabana Azmi, Nandita Das (ambas que haviam protagonizado o filme Fire) e Akshay Kumar. Estava já tudo acertado e os sets de filmagens estavam quase prontos em Varanasi, quando um grupo de cerca de dois mil hindus radicais destruíram tudo e prometeram incendiar salas de cinema que exibissem o filme quando fosse lançado.

Assim, todo o cronograma das filmagens foram totalmente alterados até que os problemas se resolvessem. O governo indiano impôs sutilmente à Deepa que se ela quisesse mesmo fazer o filme, então que não o fizesse na Índia. Somente no ano de 2003 os nós foram desfeitos e Deepa resolveu filmar Water no Sri Lanka, vizinho à Índia. No entanto, o atraso de três anos nas filmagens obrigou o elenco a seguir em outros projetos e abandonar o filme de Deepa. Um novo elenco foi composto, ficando como protagonistas Seema Biswas, Lisa Ray, Sarala Kariyawasam e John Abraham.

Quando o filme começa, uma frase já nos indica em parte a carga do que iremos ver. De acordo com as Leis de Manu (que há mais de dois mil anos regula boa parte das leis sociais hindus), uma mulher, ao perder seu marido, tem somente três opções: queimar-se viva na pira de cremação com o marido; casar-se com o irmão mais novo do marido; ou confinar-se num retiro (ashram) para viúvas, isolada de todos os contatos com o mundo externo. E então o que se segue a esta frase é o casamento de uma garota de oito anos, chamada Chuiya (Sarala Kariyawasam), com um velho bem velho mesmo. E, evidentemente, ele em seguida morre. Estamos no ano de 1938.

Chuiya é então enviada para o retiro de viúvas, em Varanasi. A viúva-chefa do local é Madhumati, gorda e já nos seus 70 anos de idade. Ela mantém contato com o mundo externo através de uma janela, onde pode conversar com seu amigo e ponte com o mundo, o eunuco Gulabi. E a função de Gulabi é fundamental para a manutenção do ashram, já que, além de atualizar Madhumati das fofocas e trazer-lhe maconha, ele arranja clientes a Kalyani (Lisa Ray). Kalyani, por sua vez, é uma linda viúva do local, com uns vinte anos, e a única com cabelos (todas as outras, de acordo com o que mandam as Leis de Manu, têm os cabelos raspados). Desde que chegou ali, ainda nova, Kalyani foi forçadamente escalada por Madhumati para prostituir-se e, assim, conseguir dinheiro para a manutenção do ashram.

Dentre as catorze viúvas dali, Chakuntala (Seema Biswas) é muito séria, brava, misteriosa e uma das poucas que sabe ler. Ninguém tem coragem de se relacionar com ela, nem mesmo Madhumati. 

Um dia, Kalyani encontra, na rua, Narayan (John Abraham) e eles se apaixonam um pelo outro imediatamente. Mas ela era viúva e casar-se com outro homem comprometeria todas as outras viúvas do ashram. Mesmo assim, os dois, secretamente, combinam o casamento. Kalyani, tendo a pequena Chuiya como sua melhor amiga e espécie de pombo-correio do casal, conta tudo a ela. No entanto, Chuiya, inocentemente, acaba contando o plano a Madhumati, enquanto massageava suas pernas. E então a casa cai. Madhumati tranca Kalyani num quarto do andar superior do lugar, raspando-lhe o cabelo.

A parte mais tensa do filme desenrola-se a partir daí e é melhor, então,que vocês vejam o filme.

Water foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro pelo Canadá, em 2007. A trilha do filme foi composta por Mychael Danna em parceria com A.R. Rahman. A música Aayo Re Sakhi (Chanchan), cantada por Sukhwinder Singh e Sadhana Sargam, foi também indicada ao Oscar de Melhor Canção Original.

No Brasil, este filme foi lançado pela Focus com o título Às Margens do Rio Sagrado e pode ser encontrado à venda e em algumas videolocadoras. 

A seguir, fiquem com o trailer:

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17 comentários:

Unknown disse...

Este filme é muito lindo e tremendamente triste e chocante com as coisas que acontece. Mais tbm mostra a real de como era ou é a vida das indianas. sofrida...
Namastê

Anônimo disse...

Eu tenho todos, e assisti com muito gosto...

Water é o melhor.
John Abraham é tão bom ator que fica inreconhecivel.

Ibirá Machado disse...

Vivian, não só esse, mas os três filmes da trilogia, de uma forma ou de outra, mostram como pode ser sofrida a vida das indianas...

Guacira, e eu fiquei pensando como seria Akshay Kumar no lugar de John Abraham... chega a ser difícil imaginá-lo num papel tão sério como esse!

bárbara disse...

Ninguém duvide da capacidade de representação do grandioso Akshay Kumar!
Esse foi o único filme da trilogia que eu vi e sinto-me incapaz de ver os restantes. É tão triste ;_;

Ibirá Machado disse...

Eu não duvido do portador da super arma, não! Só acho ele... engraçado demais! :D

Veja os outros, vale à pena um pouco mais de tortura...

Pedro disse...

Bem pra quem consiguiu assitir Fire acho que Water é fácil :)

Ibirá Machado disse...

Ih, num sei não... Fire é pesadíssimo, mas Water envolve criança, e daí, pra mim, o peso aumenta consideravelmente...

Vinicius disse...

Sad Movie!

Filme Triste que me fez chorar! rsrs

muito o bom o filme!

nossa até no lugar das viúvas tem prostituição aff isso é revoltante!

Odeio aquela mulher mais velha e gorda rsrs

mais adoro a outra velhinha fragil tadinha.

a menina é fofa e inteligente demais adorei ela e John está muito bem mesmo já a moça uma linda mulher jovem e tão sofredora.

Renata MMP disse...

Water é muito bom. Não é uma vida fácil para as mulheres, e ver uma menininha passando por aquilo dá um nó na garganta msmo.

Da trilogia, só me falta ver Earth.

E realmente, o John Abraham está muito bem nesse filme. Acho legal um ator sair daquele esteriótipo dos filmes de Bollywood e se sair bem.

Isa disse...

Você deu um baita spoiler, Ibirá.

Eu comecei a ver esse filme e tomei a maior surpresa quando percebi que a bonitinha se prostituía.

E o John é a luz do filme. Lindo demais.

Ibirá Machado disse...

Eu sempre dou baita spoilers... a única coisa que nunca faço é contar o final, mas tenho o dom de contar quase tudo :S

Talvez eu tenha que mudar isso... :p

Isa disse...

Acho que ultimamente você tem dado mais spoilers do que desde a época em que eu comecei a frequentar o blog. Dedinhos nervosos! :P

Indi(a)screet disse...

O filme eh lindo e bem feito no entanto fiquei muito decepcionada com este filme pois pegou muito leve na tematica das viuvez indiana. Tambem nao era pra menos, com tantas ameacas de morte que a Deepa recebeu. Eh como diz o velho ditado: "quem tem c* tem medo".

Anônimo disse...

Realmente....tu contou o filme inteiro.
"contar o final" nem faz diferença quase, já que o desenrolar do filme é muito mais interessante que apenas os 5 minutos finais.
Ainda bem que já assiti o filme, ou teria ficado bem irritado de ler essa "resenha".

Ibirá Machado disse...

É, houve um grande exagero nesse post, peço desculpas... já alterei o texto.

Unknown disse...

Onde encontró o filme??? Preciso assistir, más nao acho nenhum link. alguém podé me ajudar

Unknown disse...

Onde encontró o filme??? Preciso assistir, más nao acho nenhum link. alguém podé me ajudar