_
Outro filme que estava na III Mostra Bollywood e Cinema Indiano de São Paulo foi Roja (1992), escrito e dirigido por Mani Ratnam e com música de A.R. Rahman. Esse filme é originalmente tamil, mas foi em seguida refilmado em hindi, malayalam, marathi e telugu.
Roja teve uma importância especial para ambos Ratnam e Rahman. Para Ratnam, esse filme foi responsável por colocá-lo no mapa do cinema indiano, dando a ele o prêmio Nargis Dutt, dado pelo National Film Awards para o melhor filme no tema da integração nacional, e também os prêmios de melhor diretor e melhor filme pelo Filmfare Awards South (a premiação do cinema indiano para os estados do sul). Além disso, Roja foi indicado ao prêmio de melhor filme no Festival Internacional de Cinema de Moscou. Para Rahman, esse filme foi nada mais que sua estreia à frente de uma trilha sonora, já dando a ele o prêmio de melhor trilha sonora pelo National Film Awards e pelo Filmfare Awards South. No ano de 2005, a revista estadunidense divulgou uma lista das dez melhores trilhas sonoras de todos os tempos, na qual a trilha deste filme estava incluída. A partir de então A.R. Rahman saltou de Tamil Nadu e tornou-se a referência suprema das trilhas sonoras de todas as indústrias cinematográficas indianas, sobretudo após o sucesso do filme Bombay (1995).
Bom, mas apesar disso tudo, eu não gostei muito do filme. A história é a seguinte: Roja (Madhoo) é da pequena vilda de Sundarapandianpuram, no Tamil Nadu, e casa-se com Rishi Kumar (Arvind Swamy), com quem vai morar na capital Chennai (tudo isso após algumas confusões familiares antes do casamento, típico do cinema indiano). Rishi é um renomado criptologista e é chamado pelo governo indiano pra passar um tempo na Caxemira para ajudá-los a decodificar algumas mensagens trocadas pelos terroristas islâmicos paquistaneses de lá, que lutam pela autonomia da região. Mas como fazia apenas uma semana que Rishi e Roja haviam se casado, ela insiste muito em ir junto e acaba conseguindo. Na Caxemira, Rishi acaba sendo sequestrado pelos terroristas, que exigem a libertação do Wasim Khan, um terrível terrorista preso pela Índia. A partir desse ponto, a história desenrola-se mostrando a luta de Roja para encontrar Rishi e a fidelidade de Rishi por sua pátria-mãe, a Índia.
Acontece que a maneira com que toda essa parte acontece é tão falsa que eu não conseguia sensibilizar-me pelo tema. Um exemplo de absurdo é quando Roja simplesmente vai junto do exército indiano dentro da vila em que estão os terroristas, louca pra encontrar seu marido, percorrendo, sozinha, as vielas repletas de terroristas com metralhadoras. Além de tudo, ainda que o filme tente mostrar que a luta dos paquistaneses pela Caxemira resulte em muito mais sofrimento desnecessário do que qualquer outra coisa, Ratnam pecou em fazer uma apologia muito forte da supremacia indiana que também não é real. Quem conhece a história da Índia sabe que a partição de Índia e Paquistão não foi simples, muito pelo contrário. E pior, o filme passou - ao menos pra mim - uma imagem terrível dos muçulmanos, em benefício dos hindus, supostamente bonzinhos. Existe também um certo debate a respeito de até que ponto o governo deve ceder aos pedidos dos terroristas, mas como o próprio filme chama-se Roja, é óbvio que os desejos e a devoção incondicional de Roja têm que falar mais alto. E indiano simplesmente adora ver no cinema o amor incondicional e o patriotismo. Deu certo.
As músicas de Rahman que o projetaram são de fato bonitas, mas configuraram-se quase que como hinos nacionais da Índia, de embasamento fortemente patriótico. As músicas falam da supremacia indiana, da unidade na diversidade, coisas que os indianos tanto se gabam, mas o problema maior de tudo é o fato de deixar os muçulmanos com uma imagem muito negativa. Tanto é que no lançamento do filme Bombay, três anos depois, a casa de Ratnam foi atingida por uma bomba.
Como não encontrei um trailer do filme, resolvi colocar aqui uma cena que ficou clássica desse filme, em que Rishi, ainda preso com os terroristas, vê que um dos caras pega uma tocha e vai botar fogo da bandeira indiana. Revoltadíssimo com o que estava acontecendo, Rishi arrisca a própria vida e sai correndo pra impedir que a bandeira de sua pátria fosse queimada, atirando-se em cima dela, que já estava em chamas. E a música de fundo fica repetindo que a Índia não pode ser dividida, que ela é da Caxemira ao Kerala, do Gujarat ao Assam... quase um Jana Gana Mana.
Outro filme que estava na III Mostra Bollywood e Cinema Indiano de São Paulo foi Roja (1992), escrito e dirigido por Mani Ratnam e com música de A.R. Rahman. Esse filme é originalmente tamil, mas foi em seguida refilmado em hindi, malayalam, marathi e telugu.
Roja teve uma importância especial para ambos Ratnam e Rahman. Para Ratnam, esse filme foi responsável por colocá-lo no mapa do cinema indiano, dando a ele o prêmio Nargis Dutt, dado pelo National Film Awards para o melhor filme no tema da integração nacional, e também os prêmios de melhor diretor e melhor filme pelo Filmfare Awards South (a premiação do cinema indiano para os estados do sul). Além disso, Roja foi indicado ao prêmio de melhor filme no Festival Internacional de Cinema de Moscou. Para Rahman, esse filme foi nada mais que sua estreia à frente de uma trilha sonora, já dando a ele o prêmio de melhor trilha sonora pelo National Film Awards e pelo Filmfare Awards South. No ano de 2005, a revista estadunidense divulgou uma lista das dez melhores trilhas sonoras de todos os tempos, na qual a trilha deste filme estava incluída. A partir de então A.R. Rahman saltou de Tamil Nadu e tornou-se a referência suprema das trilhas sonoras de todas as indústrias cinematográficas indianas, sobretudo após o sucesso do filme Bombay (1995).
Bom, mas apesar disso tudo, eu não gostei muito do filme. A história é a seguinte: Roja (Madhoo) é da pequena vilda de Sundarapandianpuram, no Tamil Nadu, e casa-se com Rishi Kumar (Arvind Swamy), com quem vai morar na capital Chennai (tudo isso após algumas confusões familiares antes do casamento, típico do cinema indiano). Rishi é um renomado criptologista e é chamado pelo governo indiano pra passar um tempo na Caxemira para ajudá-los a decodificar algumas mensagens trocadas pelos terroristas islâmicos paquistaneses de lá, que lutam pela autonomia da região. Mas como fazia apenas uma semana que Rishi e Roja haviam se casado, ela insiste muito em ir junto e acaba conseguindo. Na Caxemira, Rishi acaba sendo sequestrado pelos terroristas, que exigem a libertação do Wasim Khan, um terrível terrorista preso pela Índia. A partir desse ponto, a história desenrola-se mostrando a luta de Roja para encontrar Rishi e a fidelidade de Rishi por sua pátria-mãe, a Índia.
Acontece que a maneira com que toda essa parte acontece é tão falsa que eu não conseguia sensibilizar-me pelo tema. Um exemplo de absurdo é quando Roja simplesmente vai junto do exército indiano dentro da vila em que estão os terroristas, louca pra encontrar seu marido, percorrendo, sozinha, as vielas repletas de terroristas com metralhadoras. Além de tudo, ainda que o filme tente mostrar que a luta dos paquistaneses pela Caxemira resulte em muito mais sofrimento desnecessário do que qualquer outra coisa, Ratnam pecou em fazer uma apologia muito forte da supremacia indiana que também não é real. Quem conhece a história da Índia sabe que a partição de Índia e Paquistão não foi simples, muito pelo contrário. E pior, o filme passou - ao menos pra mim - uma imagem terrível dos muçulmanos, em benefício dos hindus, supostamente bonzinhos. Existe também um certo debate a respeito de até que ponto o governo deve ceder aos pedidos dos terroristas, mas como o próprio filme chama-se Roja, é óbvio que os desejos e a devoção incondicional de Roja têm que falar mais alto. E indiano simplesmente adora ver no cinema o amor incondicional e o patriotismo. Deu certo.
As músicas de Rahman que o projetaram são de fato bonitas, mas configuraram-se quase que como hinos nacionais da Índia, de embasamento fortemente patriótico. As músicas falam da supremacia indiana, da unidade na diversidade, coisas que os indianos tanto se gabam, mas o problema maior de tudo é o fato de deixar os muçulmanos com uma imagem muito negativa. Tanto é que no lançamento do filme Bombay, três anos depois, a casa de Ratnam foi atingida por uma bomba.
Como não encontrei um trailer do filme, resolvi colocar aqui uma cena que ficou clássica desse filme, em que Rishi, ainda preso com os terroristas, vê que um dos caras pega uma tocha e vai botar fogo da bandeira indiana. Revoltadíssimo com o que estava acontecendo, Rishi arrisca a própria vida e sai correndo pra impedir que a bandeira de sua pátria fosse queimada, atirando-se em cima dela, que já estava em chamas. E a música de fundo fica repetindo que a Índia não pode ser dividida, que ela é da Caxemira ao Kerala, do Gujarat ao Assam... quase um Jana Gana Mana.
8 comentários:
Epah, estava curiosa quanto a este filme por causa da música mas deixa para lá :)
Eu não sou nenhuma enciclopédia do cinema indiano, mas em alguns filmes vou notando que as personagens muçulmanas - ok, os homens - são representados como brutos, e raramente escolhem actores bonitos para os papeis. São sempre fulaninhos mal encarados.
Se calhar tenho de começar a ver filmes made in Lolywood :P
Barbarella, pois é, embora tenhamos ambos blogs sobre o tema, também eu não posso afirmar com toda a certeza se isso ocorre sempre, mas eu compartilho com você esse sentimento. Os muçulmanos parecem sempre retratados como brutos, mal-encarados... e de fato, sempre atores mais feios...
Pois vamos começar a ver Lollywood! Eu já me programei a começar a ver alguns, pois ainda não vi. Já baixei Khuda Ke Lie, mas ainda não vi pois estão sem legendas...
Não havia pensado nisso mas até que faz sentido o que a barbarella disse.
Nossa nunca vi nada de Lollywood, que feio...
Obrigada por dedicar seu tempo a popularizar seu conhecimento. Não conhecia nada sobre cinema indiano (nem a cultura, enfim...)
Obrigada, mais um vez.
É, de fato o filme tem um teor "lavagem cerebral". Coisa de meio de comunicação em massa. N é a toa q muitos indianos acham isso simplesmente normal e, como você disse, muito bom. Mas dá uma boa aula esse filme :P
Gente.. barbarella.. eles escolhem homens bonitos sim.. esses ai sao os mais bonitos.. lol.. esse bigodinho dele é um charme :) me lembro que os guris achavam o maximo quando o bigode começava a crescer.. hahaha.. é chique e super masculino ter bigode.. hmm.. pelo menos em tamil nadu é :)
Nossa.. esse ator Arvind Swamy.. ele fez um monte de filme com o Mani Ratnam que eu adoro.. Thalabathy.. Bombay... etc...
Ibira.. voce pode fazer o download do filme aqui:
http://rapidshare.com/files/174392729/Roja__1992__DVDRip_XviD.part1.rar
http://rapidshare.com/files/174396840/Roja__1992__DVDRip_XviD.part2.rar
http://rapidshare.com/files/174406261/Roja__1992__DVDRip_XviD.part3.rar
http://rapidshare.com/files/174415193/ oja__1992__DVDRip_XviD.part4.rar
http://rapidshare.com/files/174422510/Roja__1992__DVDRip_XviD.part5.rar
http://rapidshare.com/files/174426266/Roja__1992__DVDRip_XviD.part6.rar
http://rapidshare.com/files/174434138/Roja__1992__DVDRip_XviD.part7.rar
beijos, pamella
Obrigadíssmo, Pamella!!! :D
Arvind Swamy é muito bonito ;)
Postar um comentário