-
Acabo de assistir ao filme Welcome to Sajjanpur (Bem-Vindo a Sajjanpur), uma comédia muito simples, mas muito divertida e bem contata, além de ser cheia de (in)diretas à sociedade indiana.
O filme é escrito e dirigido por Shyam Benegal, famoso no chamado cinema paralelo indiano, o cinema de arte. Dessa vez, embora ele já tenha experimentado Bollwyood outras vezes, ele agora resolveu aventurar-se em uma comédia bollywoodiana e eu diria que ele foi muito bem sucedido. Na índia, o filme estreou em setembro de 2008 e não fez muito sucesso.
Estrelando Shreyas Talpade e Amrita Rao, o filme conta a história de uma vila, Sajjanpur, onde Mahadev (Shreyas Talpade) trabalha escrevendo cartas para os analfabetos do local. Seu grande sonho é escrever romances. Um belo dia aparece Kamla (Amrita Rao), uma antiga amiga e paixão de infância de Mahadev, que está desesperada querendo escrever uma carta a seu marido, que está já há quatro anos em Mumbai. Enquanto ela dita, ele na verdade escreve o oposto ao que ela dizia, por ciúme. Ele segue fazendo isso com ela, a cada vez que ela recebia uma resposta de seu marido, que ele, por sua vez, mentia o que estava lendo para ela. Nesse meio tempo também aparece uma mãe chorona (cujas lágrimas não saem pelos olhos, mas pelo nariz, que ela enxuga com seu sári) que quer casar sua pentelha filha que é manglik (que tem azar no amor, e por isso teria que casar-se com um cachorro para desfazer o mau-agouro). Aparece Munnibai, um hijra (eunuco) que quer disputar as eleições e sente-se ameaçado pelo grupo corrupto da candidata favorita. Aparece um amigo que apaixona-se por uma jovem viúva filha de um antigo general do exército. Enfim, com a fama de ter mágica em suas palavras, Mahadev tem que lidar com todos os tipos de casos, correndo o risco sempre de ser o responsável pelas consequências do que escreve.
Conforme a história vai se desenrolando, várias coisas vão acontecendo e várias mensagens vão sendo transmitidas, enquanto Mahadev manipula as cartas de Kamla. Logo que Munnibai aparece defendendo sua candidatura, uma cena de música começa, na qual se defende os reais princípios da democracia, em dura mensagem a uma espécie de "coronelismo" que existe ainda com muita força na Índia, não só nas pequenas vilas. Em seguida, o próprio Munnibai, sentindo-se ameaçado, desabafa para Mahadev, dizendo que os eunucos são seres humanos e não monstros, que os homossexuais também têm direitos, também têm coração e sentimento, que Deus os criou como a todos os outros.
Em outro momento, os moradores da vila assistem a um teatro de rua, em que se ataca diretamente a crueldade do capitalismo que avança em zonas rurais, destruindo estruturas camponesas estabelecidas há séculos. Depois ficamos sabendo que a peça foi escrita pelo próprio Mahadev.
As antiquíssimas tradições hindus são também colocadas em questão em diversas oportunidades no filme, sobretudo em relação à moça manglik. Na verdade, o filme deixa claro que isso tudo não passa de superstição.
Eu gostei bastante do desfecho da história, que deixou tudo ainda mais interessante. Gostei também do cuidado impecável com o cenário. Toda a vila foi construída dentro da Ramoji Film City, em Andhra Pradesh, sede do Cinema Telugu, prova de que Bollywood e os cinemas regionais da Índia têm ativo diálogo entre si, inclusive na produção de seus filmes. E consta que, justamente por conta da perfeição da fictícia Sajjanpur, durante as filmagens os atores sempre brincavam uns com os outros e diziam "welcome to Sajjanpur" uns aos outros. Assim, o diretor convenceu-se de que este deveria ser o nome do filme, e não Mahadev Ka Sajjanpur (A Sajjanpur de Mahadev), como já estava definido.
Eu não achei um trailer propriamente do filme, mas encontrei um vídeo promocional bem divertido, com a música mais animada de Welcome to Sajjanpur, chamada "Sita Ram". Assistam abaixo, e se puderem, vejam o filme!
Acabo de assistir ao filme Welcome to Sajjanpur (Bem-Vindo a Sajjanpur), uma comédia muito simples, mas muito divertida e bem contata, além de ser cheia de (in)diretas à sociedade indiana.
O filme é escrito e dirigido por Shyam Benegal, famoso no chamado cinema paralelo indiano, o cinema de arte. Dessa vez, embora ele já tenha experimentado Bollwyood outras vezes, ele agora resolveu aventurar-se em uma comédia bollywoodiana e eu diria que ele foi muito bem sucedido. Na índia, o filme estreou em setembro de 2008 e não fez muito sucesso.
Estrelando Shreyas Talpade e Amrita Rao, o filme conta a história de uma vila, Sajjanpur, onde Mahadev (Shreyas Talpade) trabalha escrevendo cartas para os analfabetos do local. Seu grande sonho é escrever romances. Um belo dia aparece Kamla (Amrita Rao), uma antiga amiga e paixão de infância de Mahadev, que está desesperada querendo escrever uma carta a seu marido, que está já há quatro anos em Mumbai. Enquanto ela dita, ele na verdade escreve o oposto ao que ela dizia, por ciúme. Ele segue fazendo isso com ela, a cada vez que ela recebia uma resposta de seu marido, que ele, por sua vez, mentia o que estava lendo para ela. Nesse meio tempo também aparece uma mãe chorona (cujas lágrimas não saem pelos olhos, mas pelo nariz, que ela enxuga com seu sári) que quer casar sua pentelha filha que é manglik (que tem azar no amor, e por isso teria que casar-se com um cachorro para desfazer o mau-agouro). Aparece Munnibai, um hijra (eunuco) que quer disputar as eleições e sente-se ameaçado pelo grupo corrupto da candidata favorita. Aparece um amigo que apaixona-se por uma jovem viúva filha de um antigo general do exército. Enfim, com a fama de ter mágica em suas palavras, Mahadev tem que lidar com todos os tipos de casos, correndo o risco sempre de ser o responsável pelas consequências do que escreve.
Conforme a história vai se desenrolando, várias coisas vão acontecendo e várias mensagens vão sendo transmitidas, enquanto Mahadev manipula as cartas de Kamla. Logo que Munnibai aparece defendendo sua candidatura, uma cena de música começa, na qual se defende os reais princípios da democracia, em dura mensagem a uma espécie de "coronelismo" que existe ainda com muita força na Índia, não só nas pequenas vilas. Em seguida, o próprio Munnibai, sentindo-se ameaçado, desabafa para Mahadev, dizendo que os eunucos são seres humanos e não monstros, que os homossexuais também têm direitos, também têm coração e sentimento, que Deus os criou como a todos os outros.
Em outro momento, os moradores da vila assistem a um teatro de rua, em que se ataca diretamente a crueldade do capitalismo que avança em zonas rurais, destruindo estruturas camponesas estabelecidas há séculos. Depois ficamos sabendo que a peça foi escrita pelo próprio Mahadev.
As antiquíssimas tradições hindus são também colocadas em questão em diversas oportunidades no filme, sobretudo em relação à moça manglik. Na verdade, o filme deixa claro que isso tudo não passa de superstição.
Eu gostei bastante do desfecho da história, que deixou tudo ainda mais interessante. Gostei também do cuidado impecável com o cenário. Toda a vila foi construída dentro da Ramoji Film City, em Andhra Pradesh, sede do Cinema Telugu, prova de que Bollywood e os cinemas regionais da Índia têm ativo diálogo entre si, inclusive na produção de seus filmes. E consta que, justamente por conta da perfeição da fictícia Sajjanpur, durante as filmagens os atores sempre brincavam uns com os outros e diziam "welcome to Sajjanpur" uns aos outros. Assim, o diretor convenceu-se de que este deveria ser o nome do filme, e não Mahadev Ka Sajjanpur (A Sajjanpur de Mahadev), como já estava definido.
Eu não achei um trailer propriamente do filme, mas encontrei um vídeo promocional bem divertido, com a música mais animada de Welcome to Sajjanpur, chamada "Sita Ram". Assistam abaixo, e se puderem, vejam o filme!
6 comentários:
Eu adoro tudo sobre esse filme, inclusive essa múica que é ótima!!! Ele tem uma forma especial de ser agradável, divertido e ao mesmo tempo crítico e inteligente. Shreyas Talpade sempre excelente! Quem quiser, baixem as legendas que eufiz! ehehee.
"Ele tem uma forma especial de ser agradável, divertido e ao mesmo tempo crítico e inteligente" -> Exactly!
E as legendas do Luiz, pra quem quiser, estão no site legendas.tv ;)
Pai do ceu, este filme foi um fracasso total aqui na India, ainda bem que pelo menos voce gostou Ibira hehehehehe. Fizeram este filme exclusivamente pra vc :)
Eu nao assisti e tb nao sei se assistirei. Quem sabe um dia....
Quanto ao coronelismo a que vc se refere, saiba que em alguns locais afastados de Bihar, as pessoas votam com uma espingarda na cabeca, segundo Swapan. Esta eh a maior democracia do mundo hehehehe INCREDIBLE INDIA!
O filme é muito bonitinho, e indianos não gostam de filmes bonitinhos sem atores gostosões, esse é o problema.
E não duvido nada dessa história do Bihar, e não acho que seja só lá que isso ocorre não. Eu senti que a situação é muito assim em praticamente todas as áreas rurais indianas.
Acabei de assistir com minha mãe,estamos encantadas até agora com a história,as canções e o cenário.Demais! *-*
Luiz,muito obrigada pelas legendas.Sem elas não haveria como convencer minha mãe a ver um filme indiano!
Aaaaah,Amrita do meu coração me fez feliz só por estar lá hahahahhaha
Carol, que legal!!!! Fiquei muito feliz de saber que você viu esse filme, ainda mais com sua mãe, que aceitou o "desafio"... haha.. de fato as legendas do Luiz são fundamentais, não só para esse filme, mas outros também que ele disponibiliza no site legendas.tv.
bj
Postar um comentário