sábado, 31 de janeiro de 2009

Bipasha Basu gera discussões na filmagem de novo filme na Caxemira

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Anda rolando uma certa polêmica nas filmagens do filme Lamhaa, que abordará a sensível polêmica dos movimentos separatistas da Caxemira. O papel principal será de Bipasha Basu, que interpretará a ativa (e ainda viva) militante Asiya Andrabi. O problema maior está no fato de Bipasha Basu ser um símbolo sexual da Índia, comumente retratada com poucas roupas, o que vai em cheio contra os princípios da personagem que ela interpretará e do Islã.

Por outro lado - e não duvido que isso seja de caso pensado - o filme terá também como protagonista o mais polêmico ainda Sanjay Dutt, um famoso ator indiano de pai hindu e mãe muçulmana, e que esteve envolvido no mais sangrento ataque terrorista que Mumbai já sofreu, em 1993, deixando 257 mortos. Digo que não duvido que isso seja de caso pensado, pois esses ataques foram provocados por muçulmanos, o que colocaria Sanjay Dutt em posição de respeito por parte dos separatistas da Caxemira.

Enfim, tudo isso é muito polêmico. Leiam, abaixo, o artigo que saiu no Diário de Notícias, de Portugal. Eu fiz algumas adaptações no texto no que diz respeito às novas normas do acordo ortográfico e que o DN já devia estar atento. Quanto às variações de vocabulário eu não fiz alterações.

Ameaças Contra a Indiana que Beijou Ronaldo
por Patrícia Viegas; 31/01/09

Bipasha Basu. A ex-modelo não podia ser mais diferente de Asiya Andrabi, a separatista da Caxemira a que dá corpo em 'Lamhaa'. Esta promete embargar o filme por recusar que uma atriz "incompatível com as suas virtudes" lhe dê vida na tela. É um autêntico choque de civilizações aquilo que está a acontecer em torno do filme Lamhaa, do realizador indiano Rahul Dholakia, sobre o separatismo na Caxemira. E tudo porque ele escolheu Bipasha Basu, atriz e ex-modelo, de 30 anos, para encarnar a personagem de Asiya Andrabi, líder separatista, de 45 anos, comprometida com o islão. A primeira gosta de usar roupas sensuais que deixam ver várias partes do corpo, mas a segunda só costuma andar com os olhos a descoberto e, segundo disse ao The Guardian, não aceita, de forma alguma, que seja uma atriz de Bollywood a interpretar o seu papel. Ameaça, por isso, com uma ação legal contra a equipa de filmagens.

"No caso de eu achar o filme desagradável, tomarei ações legais para o embargar", disse, garantindo que o realizador, nascido em Bombaim, mas criado na Caxemira, recusou mostrar-lhe com antecedência o guião do filme em que ela própria entra. "A minha cliente é uma profunda seguidora do islão e é pardah nasheen [usa véu]... então não quer que a sua personagem seja retratada por uma atriz incompatível com as suas virtudes", declarou o advogado da fundadora das Dukhtaran-e-Millat, ou seja, As Filhas da Nação. No entender de Andrabi, que acha que a Caxemira é do Paquistão, existem duas nações: "Uma que é a muçulmana e a outra que é não muçulmana."

As duas mulheres não podiam, efetivamente, ser mais diferentes uma da outra. Apelidada de Sofia Loren indiana, Basu, que fez o seu primeiro filme, Ajnabee, em 2001, é considerada um símbolo sexual e, apesar de namorar com o ator John Abraham, apareceu numa fotografia de jornal a beijar o futebolista português Cristiano Ronaldo, depois de apresentar a gala As Sete Novas Maravilhas do Mundo em Lisboa. Nega ter feito implantes de silicone nos seios e aspira tornar-se uma atriz séria e largamente premiada.

Andrabi, por seu lado, lidera uma espécie de brigada da moral, a partir de Srinagar, tendo levado várias mulheres a pintarem com spray cartazes com atrizes menos vestidas. Lutou por compartimentos especiais para as mulheres nos autocarros e por espaços destinados a casais nos restaurantes, nos cibercafés e nas lojas de bebidas. No início dos anos 90, casou com Mohammed Qasim Faktu, membro de um grupo de resistência armada da Caxemira, Hizbul Mujahideen, com o qual teve dois filhos. Numa altura em que ambos estiveram presos, nomearam um dos dois filhos, Muhammad bin Qasim, para liderar o grupo As Filhas da Nação.

No meio disto tudo, Dholakia, o realizador, veio garantir que o que pretende fazer é um filme positivo sobre a Caxemira e sobre o seu povo. A polémica, essa, não o parece assustar, pois o seu primeiro filme, Parzania, também não ficou livre dela. Essa película retratava a repressão contra os muçulmanos, no estado do Gujarat, onde foi banido. Quanto a Basu, terá manifestado à produção receios em relação à sua segurança, pois, afinal, nunca se sabe quando as separatistas podem decidir zelar pela imagem da sua líder. "Os primeiros sete dias foram um caos, nada foi organizado, houve falta de segurança. O meu trabalho é a minha vida, mas eu tenho uma vida para além do trabalho. Não vou arriscar a minha vida por nenhum filme", disse a atriz de Bollywood, citada pelos media indianos.

9 comentários:

bárbara disse...

Isso é o que eu chamo estar em cima do acontecimento!

Quanto ao acordo ortográfico, devo dizer que a maioria dos portugueses não concorda com o acordo, por isso acho que a imprensa só o irá aplicar quando for mesmo obrigatório ;)

Ibirá Machado disse...

Mas nem os brasileiros concordam muito... o fato é que ele é uma realidade! E se esperarmos pra ser obrigatório, em 2013, será ainda maior o tempo de adaptação. Então por que não começarmos desde já, como já fazem corretamente os maiores jornais brasileiros (e eu também!)?

Om Shanti!

bárbara disse...

Ora, porque a gente ainda não conhece o conteúdo do acordo, eheheheheheh.
Eu só sei que em vez de escrever "actor", p.ex., devo escrever "ator", o resto desconheço.

Falando a sério, muita gente - mesmo muita - se opõe ao acordo por achar que é um ataque à língua portuguesa como ela é escrita em Portugal.

Eu ainda não sei porque não sou um pouco desligada ^_^

Jules disse...

Suspeito que haja uma espécie de golpe de marketing por parte do diretor em cima dessa história da atriz... e também não deixa de ser um desafio.
Entendo que a Asiya queira ser coerente e não goste da Basu como intérprete pra personagem dela, provavelmente eu também não gostaria.
Acho que o diretor fez uma escolha infeliz e que pega muito mal no meio cinematográfico.

Ibirá Machado disse...

Com certeza a Bipasha tá no elenco pra dar audiência a esse filme. É óbvio que ela irá vestir-se como a Asiya, mas o problema é seu simbolismo no país e ela tem mesmo razão.

Barbarella, quanto à nossa querida língua, eu penso apenas que como tudo na história da humanidade e neste universo, nada é permanente. A língua portuguesa já está longe de ser a mesma que era nos tempos de Camões e, felizmente ou infelizmente, cada país lusófono foi adotando padrões ortográficos próprios. Acho que essa medida de agora, antes de ser ou não um ataque, é uma medida saudável de integração e de firmação de nossa língua. E pra vocês, portugueses, as mudanças são mesmo maiores, com palavras como "ator", "ação", "efetivamente", "ótimo", "ótico" etc... enfim, saem os "c" e p" desnecessários...

Indi(a)screet disse...

Pelo amor dos meu gatinhos, a Bips eh linda, boazuda e gostosa, filmando com vestimenta sexy em um local na fronteira com o Pak onde o povo so veste burqa !!!!!!!!!!

Ibirá Machado disse...

Adorei o "Bips"...

MinGuarino disse...

Bipasha é uma atriz, e ao interpretar obviamente ira se vestir de acordo com o personagem e não com seu gosto pessoal, logo não vejo nada demais !

Ibirá Machado disse...

É óbvio que ela irá vestir-e de acordo com a personagem retratada, mas não é esse o problema. O problema é o que ela representa na sociedade indiana. E ela não é bem uma atriz; os atores indianos nem sempre são exatamente atores. Eles são, antes de tudo, bonitos e gostosos e a Bipasha representa isso acima de tudo. O protesto de Asiya é por isso...