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Falar sobre atores como
Rahul Bose é sempre um momento à parte, além de um grande prazer. Lembro-me de tê-lo conhecido no único filme que assisti no cinema na Índia, chamado
Shaurya. Era um filme muito sério, sobre a questão da Caxemira, não tinha legendas e o filme era cheio de diálogos pesados, mas, mesmo não entendendo (quase) nada, fiquei impressionado com a qualidade de tudo o que via, sobretudo de Rahul. Foi somente tempos depois que vim descobrir que esse rapaz era alguém diferente, bastante presente e atuante no cinema de arte da Índia, muito mais que em Bollywood propriamente.

Rahul Bose nasceu em Calcutá, no West Bengal, no dia 27 de julho de 1972, onde passou o princípio de sua infância. Vindo de família rica de alta casta, mudaram-se pra Mumbai, onde Rahul foi estudar na Cathedral and John Connon School, a segunda mais bem avaliada instituição de ensino privada do país, além de ser uma das mais caras. Depois, foi tentar fazer faculdade nos EUA, mas foi negado em todas que tentou. Conformou-se em estudar Economia e Comércio na Sydenham College, em Mumbai mesmo. Durante a faculdade, ingressou no time de rugby, paixão que fui incurtida por sua mãe, ainda quando ele estava nos tempos de escola. Sua mãe, aliás, também inseriu o filho no mundo do boxe.
Depois que sua mãe morreu, em 1987, Rahul foi trabalhar com publicidade na Rediffusion, onde ficou por alguns anos. No meio tempo, porém, além de jogar rugby e lutar boxe, ele também gostava de teatro. Foi quando acabou indo parar numa peça de teatro de Rahul D'Cunha, cujo tio estava montando o elenco do filme
English, August, de Dev Benegal, e achou que ele podia ser um dos protagonistas. Dito e feito: o filme foi lançado em 1994, com Rahul num dos papéis principais. Mas ele teve mais sorte;
English, August não só foi um dos primeiros filmes "hinglish" da Índia, como também foi tão aclamado que acabou sendo comprado pela 20th Century Fox - também um dos primeiros da Índia a serem comprados por estúdios hollywoodianos.
Após o sucesso e a exposição com o filme, Rahul foi chamado pra participar da primeira série de TV indiana falada em inglês,
A Mouthful of Sky, e depois foi também apresentador do programa
Style!, da BBC World. Seu segundo filme veio somente em 1998, chamado
Bombay Boys. No ano seguinte já estava em
Split Wide Open, o segundo filme de Dev Benegal. Pra se preparar pra este filme, Rahul viveu por um tempo em uma favela de Mumbai, acompanhando o esquema dos traficantes de drogas de lá. Ele já chegou a afirmar que foi por causa dessa experiência que ele decidiu ser uma pessoa ativista.
Bom, depois disso ele foi chamado pra fazer um vilão no filme
Takshak, em 1999, ao lado de Ajay Devgan. Em seguida, Rahul passou o ano seguinte se preparando pra sua estreia na direção de um filme,
Everybody Says I'm Fine!, também escrito por ele, sendo razoavelmente bem recebido pela crítica.
Em 2002, lá estava ele no aclamado
Mr. and Mrs. Iyer, de Aparna Sen, com
Konkona Sen Sharma. Este filme levou três prêmios no
National Film Awards e trouxe mais visibilidade ao Rahul. No ano seguinte veio o sucesso outra vez, com três filmes bollywoodianos:
Jhankaar Beats,
Mumbai Matinee e
Chameli, este último com
Kareena Kapoor.
Em 2004 ele apareceu somente no filme
White Noise. Já em 2005, ele aparece em
15 Park Avenue, de novo ao lado de Konkona Sen Sharma e dirigido por Aparna Sen, e depois em Silsilay. No ano seguinte é a vez da comédia romântica
Pyaar Ke Side Effects. No mesmo ano, apareceu no filme bengalês
Anuran. Em 2007 veio somente
Chain Kulii Ki Main Kulii.
2008 foi um ano de recordes pra sua vida, aparecendo em seis filmes. Logo no começo do ano,
Before the Rains e
Shaurya foram filmes sérios sobre questões nacionais, nos quais suas atuações foram muito elogiadas. Depois veio
Maan Gaye Mughal-E-Azam, uma comédia bollywoodiana que não fez sucesso. Em seguida, apareceu de novo ao lado de Konkona, em
Dil Kabaddi. Mais pro final de 2008,
Tahaan, de Santosh Sivan,
trouxe de novo o debate da Caxemira tendo Rahul Bose como protagonista. E finalmente, ele apareceu em seu segundo filme bengalês, chamado
Kaalpurush, que dois anos antes havia levado o prêmio de melhor filme no
National Film Awards, mas só estreou em 2008.
Em 2009, Rahul foi de novo fazer um filme bengalês, Antaheen, e que de novo levou o prêmio de melhor filme no National Film Awards.
Agora em 2010, Rahul irá aparecer no filme de terror
Fired, em
Mumbai Chakachak,
Ghost Ghost Na Raha,
The Japanese Wife,
Kuch Love Jaisa,
Bits and Pieces e em
I Am.
E Rahul, como já dito anteriormente, é uma pessoa engajada, além de esportista. Em 1998, Rahul fez parte da seleção indiana de rugby, competindo no Asian Rugby Football Union Championship. Recentemente ele se afastou do esporte, alegando estar já velho e envolvido com outras coisas.
Uma dessas outras coisas é sua ONG, chamada "
The Foundation - Of Everything is Love", que foi criada em 2006. A ONG foi apenas a consolidação do trabalho que ele já vinha fazendo contra desigualdades sociais, maltratos às mulheres e às crianças, secularismo e abandonos em geral. Em 2004, Rahul liderou um campeonato de boxe pra arrecadar fundos às vítimas do tsunami nas ilhas Andaman e Nicobar, pertencentes à Índia e que foram arrasadas. Mantendo-se associado às ONGs e instituições de caridade pelas quais ele já trabalhava antes mesmo de ter criado a sua própria, decidiu também criar o "The Group of the Groups", que centraliza e conecta o trabalho de 51 ONGs de Mumbai.
No começo dos anos 2000, Rahul namorou Koel Purie, mas, ao que tudo indica, ele está solteiro já há um bom tempo.
Agora em 2010, se os planos de Rahul e de Onir se concretizarem, eles prometem abalar as estruturas indianas com a primeira cena com beijo gay do país, protagonizada pelo próprio, no filme
I Am.
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